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Harry ficou muito animado quando recebeu o e-mail de uma mulher chamada Jackey Moon.

Na verdade, de primeira, ele não deu muita atenção ao e-mail pois ele recebia dezenas deles por dia. Anúncios, spam, notícias de uma revista que ele nunca assinou... E apenas de vez em quando, alguém o contactava por lá para cuidar de alguma criança.

Mas era, infelizmente, um pouco raro. Harry tinha uma clientela bem fixa, a não ser que Louis os roubasse em um dia ou outro. Geralmente, os pais dos pequenos já tinham seu número de celular, ou interfonavam diretamente para o seu apartamento.

Não haviam muitas novidades. Ele era só uma pessoa que se mostrou confiável que podia chegar rápido na casa de pais apressados. Tanto que se ele demorasse demais, perdia seu cargo provisório.

Esse era outro fato: ele não era babá fixo de nenhuma criança. Para soar mais legal em sua mente, ele chamava seu trabalho de freelance. Ele agarrava as oportunidades que apareciam, fazia o seu melhor para chamarem sempre que precisassem e recomendassem seus serviços. Assim ele pagava suas contas no final do mês, conseguia comer refeições descentes, podia ter seus materiais didáticos novos e, de vez em quando, mimar Gatsby e a si mesmo com roupas novas.

Harry gostava. Era provisório, mas era legal, quando terminasse de estudar ele daria aulas e então ele se preocuparia com estabilidade e um emprego que ele pudesse garantir que manteria sem precisar estar sempre atento a ligações no celular ou ter que interromper sua tentativa de uma rotina saudável com ioga e meditação.

Enfim. No e-mail de Jackey Moon, ela dizia que uma amiga o recomendou para tomar conta de sua bebê de nove meses e que ele tinha experiência e uma ótima reputação entre os pais da vizinhança. Isso fez Harry sorrir convencido, a sensação de saber que todos gostavam de si era muito satisfatória.

A mulher pediu discrição, já que aparentemente era uma atriz famosa (uma pena que Harry era péssimo com toda essa coisa de filmes e nomes, ele não sabia de fato o nome de muitos deles), e ele teria que assinar um contrato, totalmente profissional. E então, aí vinha a novidade de toda a sua "carreira", ela queria que ele fosse até sua casa todos os dias da semana por, pelo menos, três meses, quando Jackey terminaria as gravações de seu mais novo filme.

Era um e-mail realmente longo, porém profissional, a linguagem totalmente formal deixava nervoso e o lembrava de como ele era adulto agora, e como ele deveria ter prestado mais atenção no ensino médio, quando os professores davam valiosas lições como sobreviver na vida adulta, ou pelo menos ele achava que assim eram, já que não as ouviu.

Ele leu preguiçosa e atentamente tudo o que lhe fora enviado, e sem pensar muito, aceitou a oportunidade. Não poderia recusá-la, o pagamento era ótimo e a atriz não pedia por nada absurdo, realmente irrecusável.

Então, sim, ele ficou muito animado.
Nem mesmo sua meditação conseguiu acalmá-lo, ele estava feliz demais, então ele deu pulinhos comemorando.

Ele marcou para encontra-la na segunda-feira. No dia, vestiu o seu melhor jeans e uma camiseta de botões estampada, não muito formal nem despojada demais, arrumou seus cabelos num topete que levou mais tempo que o comum para ficar perfeito.

Mesmo assim, bem arrumado e perfumado, ele se sentiu minúsculo ao chegar em frente à mansão de Jackey Moon. A casa dela era enorme e ficava num terreno maior ainda, as janelas cobriam quase todas as paredes de um modo contemporâneo e quase se parecia com uma casa de uma ficção científica muito tecnologica e futurista.

Ao entrar, foi muito bem recebido e o mordomo (sim, surreal) pediu para que ele aguardasse na sala de estar gigante.

A entrevista correu bem e na semana seguinte ele já começaria a tomar conta da bebezinha que foi apresentada a ele. A pequena Lizzie era quietinha mas bastante ligada na mãe, fazendo Harry entender o desespero dela para achar a pessoa ideal, ele teria que ter paciência para ajudar a garotinha a se acostumar a ficar um pouquinho sem a mãe. Harry sabia que isso resultaria em um bebê zangado e frustrado por estar sem seu cuidador favorito, mas ele estava acostumado com isso.

Voltou quase saltitante para seu apartamento, subindo rapidamente as escadas para chegar logo em sua casa e telefonar para Catherine. Estava louco para contar a novidade para a melhor amiga.

Talvez mais tarde ele ligasse para Jasmine também.

Assoviando enquanto destrancava sua porta, Harry viu Louis Tomlinson aparecer. Ele carregava Shun, a filha de um aninho de um casal do primeiro andar. Harry sabia que eles tinham mais uma menininha, para quem ensina inglês de vez em quando. A família tinha se mudado recentemente do Japão para a cidade e não tinham muito domínio da língua inglesa.

O que não Harry não sabia era como estava a situação dele com Louis.

Aquele lance das cartinhas significava qur seriam amigáveis a partir de agora? Ou significava que sua rivalidade só voltaria ao normal sem ressentimentos?

Ele apenas deixou a chave pendurada na fechadura agora destrancada e esperou pelo que estava por vir.

— Onde estava?

— Não te interessa? — Harry franziu o cenho, preferiu seguir com a sua segunda hipótese. Ser amigável com Louis é estranho. Ele revirou os olhos azuis.

— Brenda me ligou, estava procurando por você. Imagine a minha surpresa quando soube que você não estava cercando ela como uma mosca. — Dramaticamente ele coloca a mão enfaixada no peito.

— Estava ocupado.

— Pensei que tinha finalmente desistido de ser babá — ele disse e entortou os lábios, ato que chamou a atenção da bebê, fazendo ela colocar a mãozinha rechunchuda lá.

— Viu? Até ela quer que você cale a boca.

— Não me parece que é isso que você quer, na verdade.  Fica implorando por cartas, morrendo de saudades de mim.

Louis se aproximou e colocou a mão no rosto de Harry, que bufou e estapeou o membro machucado dele. O de olhos azuis remungou com dor, mas ele ignorou.

— Não que eu te deva satisfações... Mas eu estava em uma entrevista de emprego, vou trabalhar para uma estrela do cinema.

Harry se exibiu (por que não?), deixando Louis surpreso. Ele virou-se para sua porta e decidiu que teve o suficiente de Louis, queria conversar com sua amiga e abrir uma garrafa de vinho para comemorar seu novo emprego.

Quando estava prestes a entrar, Louis perguntou:

— Qual?

— Não posso contar...

— Ah, não... Você não pode simplesmente me deixar curioso e ir embora — ele resmungou e segurou o braço de Harry, que simplesmente o encarou de cima a baixo e sorriu.

— Posso sim. Tchau, Tomlinson. Tchau, Tchau, Shun.

A bebê acenou para ele e Harry fechou a porta, rindo ao deixar Louis resmungando e batendo em sua porta do lado de fora.

Babysitters 𖹭 ls [mpreg]Onde histórias criam vida. Descubra agora