8. Estudos

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Hoje era terça-feira, um dia após o combinado entre Blake e eu para que eu o auxiliasse em seus estudos, ajudando-o a melhorar suas notas. Era uma tarefa na qual eu tinha plena confiança de que seria bem-sucedido, embora ainda dependesse de sua determinação. E hoje, após a aula, nos encontraríamos em minha casa. Sempre que pensava nisso, um turbilhão de sentimentos tomava conta de mim, como se uma onda avassaladora subisse do meu peito até a garganta, transformando-se em uma nuvem espessa de inquietação e medo, pairando ao meu redor e, em seguida, retornando em uma descida ardente pelas minhas narinas. Meu coração e imaginação ganhavam asas. Estava, sem dúvida, ansioso para compartilhar meu conhecimento com Blake, e sentia uma leve palpitação, uma sensação agradavelmente estimulante.

A escola estava normal, como todos os dias, nada de Scarlett ou de ataques homofóbicos aleatórios direcionados para e mim e Robbie, o que era reconfortante. E ao invés de Elliot, foi Blake que me deu bom dia assim que passou pela porta de entrada. Aquele hábito estranho de abaixar minha cabeça e mudar completamente a cor de meu rosto para vermelho vivo, havia desaparecido, me sentia mais confortável na presença de Blake, também conseguia proferir palavras entendíveis quando ele falava comigo — até frases completas. Após a última aula, fui rapidamente para casa, tentando organizar a bagunça que estava meu quarto antes que ele chegasse, abarrotando algumas roupas sujas jogadas sobre a cama no cesto de meu closet. Arrumava os livros e separava os materiais que usaríamos, meu coração batia mais rápido, e eu sorria o tempo inteiro.

Tinha algo insistente que martelava em minha cabeça, batucando para que me lembrasse o tempo inteiro: Quando ele vai falar sobre a carta? Imaginava comigo mesmo, agitado. Apertava meus olhos e os piscava pelo menos umas cinco vezes, com o objetivo de dispersar esse pensamento. Eu tinha conhecimento de que ele havia pedido um tempo para pensar sobre ela, embora eu também pensasse no que Robbie me disse no domingo: E se ele nunca falar sobre ela? Repeti a técnica que realizei anteriormente, e essa ideia se dispersou no ar.

Assim que meu relógio digital neon sobre meu criado-mudo marcava a hora combinada, ouvi as batidas brandas lá em baixo. Daí percebi que eu não estava cem por certo preparado para sua chegada; meu coração deu um salto prestes a sair pela boca, meus orgãos pareciam se contorcer semelhante a um furacão, e então, tentei camuflar a sensação rapidamente. Corri pelas escadas num piscar de olhos e fui até a porta, tentando controlar a ansiedade que me consumia como uma camada quase visível. Ao abrir, lá estava Blake, e assim que ele me viu, abriu um sorriso mágico e hipnotizante.

— E aí. Parece que cheguei bem na hora — disse Blake, ainda sorridente, a voz grave e galanteadora.

Travei por uns instantes antes de respondê-lo, era de costume eu tirar um tempo para admiração todas as vezes.

— Oi. Vamos entrar — eu disse, minhas palavras pareciam ter saído um pouco confusas.

Eu entrei primeiro e fui em direção as escadas, ele me seguiu com certo receio, como se estivesse envergonhado. Papai veio de encontro lá de cima e acelerou para vim nos cumprimentar.

— Oi, filho, trouxe um amigo? —  ele perguntou e examinou a feição de Blake, a testa levemente franzida. — Espera, eu conheço esse rostinho. Blake Williams? 

Ele finalmente desceu o último degrau e veio em direção ao Blake. Eu não soube o que esperar. Meu coração deu um leve pulinho que foi bastante confortável até. Desenhei um sorriso estático em meus lábios.

— E aí, Jordan, faz muito tempo que não te vejo — disse Blake, ele sorria grandemente, suas bochechas estavam um pouco coradas.

Papai apertou a mão dele que no meu ponto de vista pareceu bem forte. 

As Cartas de BenjaminOnde histórias criam vida. Descubra agora