9. Competição

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Eu estava extremamente ansioso para o dia seguinte, mais do que jamais estive antes. Seria o jogo entre nossa escola, Landry High School contra a Cabrini High School. Blake ia jogar. Ele era o tipo de pessoa que sempre parecia confiante, quase inabalável, mas eu sabia o quanto aquele jogo significava para ele. E para mim, o jogo era mais do que apenas uma competição; era uma chance de ver Blake brilhar, de vê-lo ser o melhor de si mesmo, de ver o garoto que eu era completamente apaixonado tanto em ação. Entretanto, eu já o vi em campo a todo vapor alguma vezes, várias vezes, mas dessa vez, sempre que eu me imaginava na hora, meu coração acelerava e um sorriso escorregava em meus lábios. Colocava a mão sobre meu peito e abaixava a cabeça, liberando um ar doce cheio de satisfação.

O dia na escola parecia se arrastar, muito lentamente, o que me fazia perder a noção, me deixando agitado. Eu tentava focar nas aulas e nas conversas paralelas de Robbie e Makena, mas eu ficava aéreo, e minha mente se voltava para as arquibancadas lotadas, para Blake em específico, correndo pela grama com seus cabelos brilhantes e sua energia completa de determinação que só ele tinha. Eu parecia estar mais nervoso do que ele. 

Pensei em ser sua figura de inspiração, como fui ontem. Queria passar a ideia de que ele não estava sozinho, e isso me consumia por inteiro. Mas, será que é realmente necessário? Pensei comigo mesmo, num aspiro profundo, o lápis que eu usava para anotar pairando sobre meu caderno. E Blake não apareceu na aula hoje, com certeza estava treinando incansavelmente no campo da escola. Os professores eram tranquilos em relação a isso, deixar os alunos que fossem jogar se dedicar em seus treinos um dia antes.

Depois das primeiras duas aulas, eu estava no refeitório com Robbie e Makena, mas minha mente estava longe dali, estava em Blake. Cada mordida no lanche parecia automática, enquanto minha mente vagava por todas as possíveis situações que ele poderia estar enfrentando naquele momento.

— Benjamin, você tá bem? — perguntou Makena, arqueando uma sobrancelha enquanto me observava com preocupação. 

— Tá mais calado que o normal — notou Robbie.

— Sim, só tô pensando — respondi, tentando parecer despreocupado, mas sabendo que não estava convencendo ninguém. Eu nunca convencia, especialmente eles.

Ao meu lado, Robbie deu uma risadinha e pôs a mão em meu ombro. — Aposto que tá pensando no jogo, né? Parece que tá mais nervoso que os próprios jogadores. Relaxa. 

Meus olhos dispararam, e forcei um sorriso. — Talvez... É só que, sei lá, quero que tudo corra bem, sabe? Especialmente pro Blake.

— Você tá mesmo caidinho por ele. Robbie, a gente esqueceu de perguntar — as pupilas de Makena se dilataram, e um brilho curioso surgiu em seus olhos. Robbie parecia ter saltado do banco, animado, com um sorriso malicioso estampado no rosto.

— Como foram esses dias que passaram juntos? — perguntou Robbie, inclinando-se para frente. — Teve troca de olhares, alguma coisa a mais?

Senti meu rosto esquentar imediatamente, e o nervosismo começou a tomar conta de mim. Eu sabia que eles estavam apenas brincando, mas a verdade por trás das palavras me deixava sem graça.

— Ah, vocês dois... — tentei desviar, mas sabia que não ia adiantar muito. Robbie e Makena eram implacáveis quando se tratava de arrancar informações.

— Vai, conta pra gente! — insistiu Makena. — Ele deu algum sinal? Vocês ficaram mais próximos?

Eu respirei fundo, tentando manter a calma. Lembrei dos momentos que passei com Blake, das conversas e dos sorrisos compartilhados. Havia, sim, algo ali, algo que me fazia acreditar que Blake também sentia alguma coisa... mas eu não tinha certeza.

As Cartas de BenjaminOnde histórias criam vida. Descubra agora