3. Preparados

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Robbie e eu estávamos fazendo brownies na tarde que antecedia a festa de Christopher. Makena demorou um pouco para chegar — bastante, na verdade —, embora Robbie e ela tivessem combinado no dia anterior que viriam juntos. Meu celular estava sobre o sofá, e ao outro lado do balcão eu ansiava para que o som repentino e irritante de notificações gritasse, esperava uma mensagem de Makena me dizendo o motivo de sua demora. Nada chegou ainda, Robbie não soube me explicar o motivo.

Desde que acordei de manhã experimentei uma sensação peculiar, não foi algo insuportável, parecia mais com um tipo de ansiedade que fazia seu coração bater forte em seu peito, seguido por uma falta de ar intensa que lhe fazia cambalear até que caísse no chão, inconsciente. O sentimento ansioso crescia ao ver o número de Blake salvo em meu WhatsApp, meus dedos pareciam incontroláveis, quase se mexiam sozinhos para que eu o mandasse um bom dia e um emoji de coração logo em seguida. Sacudi a cabeça, amovendo as ideias.

Andrew estava sentado na banqueta redonda da cozinha nos observando desde a hora que misturei os ovos e o açúcar na tigela de vidro. Notei que o brownie estava quase no ponto para retirar do forno, e então, Robbie preparou-se para retirá-lo colocando a luva térmica vermelha em sua mão. Ele pegou a forma de metal e a colocou sobre o balcão de mármore. A receita aparentou obter um resultado preciso e impecável, mal poderia esperar para saborear cada mínimo sabor de chocolate rico e o crocante dos pequenos fragmentos de barra de chocolate que Robbie pusera. A nuvem de aroma cresceu no ar, e satisfeitamente, apontei o nariz por cima da massa.

Do outro lado, Andrew expirou uma grande quantidade de ar de modo que seus ombros se encolhessem. — Que bom, chegou a hora de devorar todo esse brownie — ele disse, tamborilando os dedos sobre o mármore negro como um cliente excêntrico e exigente.

— Lembra do papai, Andrew, tenha calma — adverti. Puxei a gaveta e peguei uma faca adequada, uma faca de pão. Geralmente a faca de bolo era reservada para aniversários. Ainda está muito quente, vamos esperar esfriar um pouco.

Andrew colocou o cotovelo sobre o balcão e apoiou a cabeça em sua mão fechada. Ele bufou.

— Será que ficou bom? — perguntou Robbie, os olhos estreitos examinando o todo da massa. Ele franziu.

— Por incrível que pareça, os brownies do Benjamin sempre ficam bons.

— Bom, dessa vez eu ajudei a fazer — disse Robbie, preocupado.

— Quando vai admitir que gosta das comidas que faço, Andrew? — eu perguntei, a sobrancelha erguida.

Andrew revirou os olhos e sorriu desajeitado. — Nunca, só os brownies são bons. Na verdade, ainda me lembro daquela macarronada horrível que você fez no mês passado. O macarrão ficou mole e... estranho — ele fez uma careta.

— Tenho que concordar, ficou estranho.

— Estranho? Ficou horrível.

— Cala a boca. Só você reclamou, o papai não disse nada.

— Papai é como um livro aberto, Benjamin, a gente sempre vê o que ele sente só de olhar nos olhos dele. É a cara que ele fez quando colocou aquilo na boca foi de total reprovação — ele balançava a cabeça devagar, os olhos acesos e os lábios cerrados.

— Que tal começarmos a comer? Parece que já esfriou — Robbie interrompeu nosso breve conflito, apontando a faca para o brownie de formato retangular na forma, começando a cortá-lo.

Lancei um olhar furioso para Andrew e brevemente me virei.

Ele começou cortando pelo meio na horizontal, em seguida, cortou-o em cubos na vertical em pedaços menores. Enquanto Robbie fazia o primeiro corte traçado na vertical, Andrew levantou-se da banqueta rapidamente e agarrou um pedaço, e então, correu para a sala e se jogou no sofá. Reconheci sua impaciência e o encarei incrédulo.

As Cartas de BenjaminOnde histórias criam vida. Descubra agora