A rota do desespero

Capítulo 4

O preço da ambição

"Há dois tipos de mentiras: uma é sobre fatos consumados e a outra é sobre deveres futuros" Jean-Paul Sartre em Sem Saída

Eu achava que tinha tudo sob controle. O poder me dava uma falsa sensação de invencibilidade, como se eu pudesse moldar o mundo ao meu capricho. Mas com o tempo, as consequências de minhas ações começaram a se espalhar como rachaduras invisíveis, corroendo a fundação de minha vida e as vidas de quem estava ao meu redor. Pessoas que antes me eram indiferentes começaram a sofrer. Pequenos desastres surgiram em minha vida, como se fossem ecos distantes das escolhas que eu havia feito.

Um colega de trabalho, alguém que eu mal conhecia, foi despedido de maneira injusta. Aparentemente, ele havia cometido uma série de erros inexplicáveis, mas eu sabia que era resultado de algo que eu havia iniciado. Eu não pretendia que isso acontecesse; minha intenção era apenas influenciar um pouco o ambiente ao meu redor, não causando o caos. No entanto, os eventos estavam fugindo do meu controle. E o que antes era um simples jogo de manipulação agora parecia uma cadeia de eventos fora do meu alcance.

Meus poderes, que antes eu acreditava serem ferramentas úteis, começaram a se tornar um fardo. Cada vez que os usava, eu sentia um peso crescente, como se uma parte de mim fosse consumida a cada ação. Eu tentava justificar, dizendo a mim mesmo que tudo era necessário para alcançar meus objetivos. Mas a realidade era que eu não conseguia mais distinguir entre o certo e o errado. O poder estava distorcendo minha percepção, obscurecendo minha consciência.

E então veio o pesadelo. Não um sonho, mas um evento real que eu preferia acreditar ser um delírio. Em uma noite escura, enquanto vagava pela cidade, incapaz de dormir, fui confrontado por alguém que, como eu, possuía habilidades além do comum. Ele não me atacou, mas suas palavras foram como lâminas afiadas. Ele me alertou sobre o caminho que eu estava trilhando, sobre as consequências que estavam por vir. Eu ri dele, convencido de que ninguém poderia me deter. Mas algo em suas palavras plantou uma semente de dúvida em minha mente, um medo que começou a crescer silenciosamente dentro de mim.