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   Phee

   Continuo parado em frente a delegacia, saber que o Non está namorando foi uma pancada forte demais. Ver ele com outro, foi algo que eu não esperava.

- Phee! Phee!! Phee!! - ouço Jin me chamando.

- Oi, que foi?

- Por que você não me contou que ele tava vivo? Por que Phee? Eu tinha o direito de saber.

- Eu descobri ontem.

- Eu preciso falar com ele, ele precisa me perdoar...- ele já estava correndo atrás do carro, quando eu ó segurei pelo braço.

- Ele precisa de um tempo, deixa ele.

- Ele precisa me ouvir, ele me odeia, eu não queria o mal dele. - olho pro desespero do Jin.

- Calma tá certo. Não adianta nada você ficar dessa forma. Vamos pra casa, eu ligo pro meu pai desmarcando esse almoço. - conduzo ele de volta a minha moto, sinto seus braços tremerem ao redor do meu corpo.

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  Deixei o Jin em casa depois de me certificar que ele estava mais calmo, entrei no meu quarto e fui direto pegar aquela maldita caixa com as minhas lembranças com o Non, uma dor profunda no peito me acerta com tudo, lembrar que agora ele namora outra pessoa é mais doloroso do que um soco no estômago.

   Eu estou sendo um canalha, ele é o meu ex namorado, que me traiu e me escondeu várias coisas, eu estou namorando agora, eu deveria ter mais respeito pelo Jin, não ficar aqui me lamentando por um relacionamento que não existe mais. O Non é passado e o Jin é o meu presente, é isso que eu preciso por na cabeça. O Jin é um cara incrível, cometeu um erro? Sim, mas ele se arrependeu e eu acredito que ele jamais faria isso por maldade.

  Guardo a caixa, mas algo cai quando eu me levanto, me abaixo para pegar e lá estava a pulseira que eu dei ao Non, as lembranças que eu quero esquecer insistem em me rodear. Eu não posso deixar esse assunto inacabado, eu preciso esclarecer todos os pontos com ele, se não eu nunca vou conseguir seguir em frente de verdade com o Jin.

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   Meu pai disse que o Non iria a delegacia hoje de novo, dessa vez ele não me escapa, ele vai falar comigo, querendo ou não.

  Não demorou muito pra que ele chegasse, e dessa vez ele venho sozinho. Aguardo do lado de fora, até que ele saia da delegacia.

- Non! - ele se vira e nossos olhos se encontram, sempre que vejo esse olhos, me perco na sua beleza e profundidade.

- O que você quer Phee?

- A gente vai conversar. Você me deve isso.

- Eu não te devo nada, nem você a mim. Eu cometi um erro e você fez uma escolha, eu errei com você, erro esse que eu não tive a intenção, mas eu não vou ficar aqui justificando algo que já aconteceu pra uma pessoa que não merece.

- Como assim eu não mereço? Você me traiu!

- Você também!! - ele gritou, eu consegui ver a dor em seus olhos.

- Você acha que eu queria me apaixonar por ele?

- E você acha que eu queria dar pro meu professor que vivia me cercando? Eu fiz o que fiz porque eu não tive saída. O que você acha que iria acontecer se eu tivesse te contado tudo que tava acontecendo? Eu saí da cadeia daquela vez porque você disse ao seu pai que você estava comigo e participou da porra daqueles golpes de conta bancária, ele quase recebeu uma medida disciplinar por causa disso. O que você acha que aconteceria com o seu pai caso você estivesse envolvido em toda aquela podridão que eu fui parar por causa de UMA MERDA DE CÂMERA?? Pra ser bem sincero, se algo acontecesse com o Senhor Keng, eu não me importaria. Seria apenas mais um pedófilo que iria se fuder, mas com você seu idiota, com o cara que eu amei todo esse tempo? Eu não iria arriscar a sua cabeça por nada nesse mundo. - ouvir isso me fez ver o sofrimento que ele carrega consigo e a mágoa que e a raiva que ele sente do Keng, e eu realmente me sinto um idiota.

- Non, eu...

- Não, nem vem! Se você vai dizer que senti muito ou justificar que mesmo depois do que eu acabei de dizer, você merecia saber de tudo, pode parar por aí. Phee, você tem noção de que eu quase morri? De que a minha família inteira foi dizimada por que crianças malvadas queria machucar o seu brinquedo favorito? Eu escrevi a porra de um filme pra esses psicopatas ganharem fama, enquanto eu.. - ele levantou a camisa, revelando inúmeras cicatrizes e marcas de cigarro em seu corpo, cobri a minha boca, o Non viveu um inferno e eu virei as costas pra ele. - Eu era espancado diariamente, mal me alimentava, recebia falsas notícias da minha família por aquele desgraçado do Tee. E olha só que engraçado, eu nunca tirei a merda daquela pulseira do meu braço, só pra ter a sensação de que você estava comigo, em contra partida Phee, você tava se esfregando com aquele miserável.

- Se você acha que eu fiz isso pra me vingar de você, você tá enganado. Eu me aproximei dele pra arrancar informações sobre você, infelizmente algo mais surgiu, mas eu não deixei de te amar.. - ele começou a gargalhar, como se eu tivesse contado alguma piada.

- Me amar? Então tá, vamos começar a listar as lindas provas de amor que você me deu. Você me virou as costas, não me deu nem a chance de me explicar, mas até aí eu entendi perfeitamente, você estava se sentindo traído e machucado e eu me senti um lixo por ter feito você se sentir assim. Você se juntou com o meu irmão pra procurar o meu paradeiro, mas você ó apunhalou pelas costas, quando ele precisou de você. Você teve um caso com o cara que me expôs e contribuiu pra acabar com a minha vida, e depois que você descobriu, simplesmente começou a namorar com ele. Você se tornou melhor amigo daqueles que me arruinaram. Você salvou o Tee e Jin e atirou no meu irmão pra salvar a pele daqueles desgraçados e deixou ele lá agonizando, sem nem ao menos prestar socorro. É Phee, você realmente me ama. - Eu nunca parei pra pensar em tudo que aconteceu, a culpa por ter abandonado o P'New lá naquela casa nunca tinha me alcançado com tanta força como agora.

- Eu não tive a intenção de matar o seu irmão.

- Mas matou! E você não tem como voltar atrás. Agora me deixa em paz, vai viver seu conto de fadas com a Madre Tereza de Calcutá vai, o altruísta do Jin jamais vai te decepcionar como eu fiz. Vai viver a sua vida que eu vou viver a minha. - ele se vira para ir em bora, mas um impulso de ó impedir me fez o segurar pelo braço.

- Você quer viver em paz com o seu novo namorado?

- Olha Phee, o Jeff é um cara incrível. Ele esteve e está ao meu lado, ele não virou as costas pra mim, mesmo quando eu representava perigo pra ele, se alguém lá de cima ainda achar que eu mereço ser feliz e essa felicidade for ao lado dele, então eu vou me sentir muita grato. - ele tá certo, ele merece ser feliz com alguém que realmente ó mereça. Ele se soltou do meu aperto e foi embora. Não importa quantas vezes eu tente, mas a cena dele partindo sempre se repete de novo.

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  Ao chegar em casa, vejo várias ligações e mensagens do Jin no meu celular, estou com a cabeça muito cheia agora pra falar com ele, não quero magoá-lo, mas não estou em condições para responder suas perguntas.

  Rolo de uma lado para o outro na cama, o sono não me alcança. Saber que ele está deitado nos braços de outra pessoa, que outro está dando todo carinho e apoio que eu deveria estar lhe dando agora, que outro está ao seu lado, tudo isso é como se eu estivesse sendo espancado inúmeras vezes. Saber que apesar de amá-lo, não sou eu que estou com ele agora, me machuca em um nível que eu não consigo explicar.

- Me perdoa Non, eu te amo. - e o cansaço do choro, finalmente me fez dormir.

Sempre será você...Onde histórias criam vida. Descubra agora