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   Non

  Ao chegar na porta do consultório do Jeff, respiro fundo algumas vezes, nunca foi tão difícil encará-lo.

– Posso entrar? - coloco a minha cabeça pra dentro da sala depois de ter dado umas três batidinhas.

– Oi, pode sim. - seu sorriso não chegava ao olhos, e meu coração se aperta em saber que eu causei isso.

– Trouxe algumas coisinhas pra você comer. Eu te conheço perfeitamente e sei que o senhor provavelmente mergulhou no trabalho e esqueceu de alimentar.

– Obrigado pela preocupação, mas não precisava ter se incomodado comigo.

– Não é incomodo nenhum. - coloquei minha mão sobre a sua e ele retirou sua mão delicadamente, isso doeu.

– Provavelmente você deve ter encontrado com o Phee lá em baixo.

– Sim, eu não esperava ver ele aqui.

– Bom, eu ia até ele, mas ele se adiantou.

– Você ainda tá muito chateado comigo?

– Nem se eu quisesse, eu iria conseguir ficar chateado com você. Non, você nunca me escondeu que ó amava.

– Mas...

– Non, a gente é responsável pelo o que a gente sente, não pelo que os outros sentem por nós. Eu criei expectativas, mesmo sabendo das chances de não terminar do jeito que eu queria, por isso que eu tô arcando com as consequências das minhas ilusões.

– Eu não queria te fazer sofrer.

– Você não me faz sofrer, você me faz muito feliz, quem me faz sofrer sou eu mesmo, eu criei as armadilhas que eu caí. Eu sabia desde o começo que o seu coração já tinha dono, eu sempre disputei sozinho. - me dói ver o quão afetado ele está.

– Não fala assim.

– Eu tô bem Non, é sério. Eu só quero a sua felicidade, isso é o suficiente pra mim.

– Eu também quero a sua felicidade. Posso te abraçar? Se não for muito desconfortável pra você é claro. - sinto que à uma hesitação nele, mas mesmo assim ele vem em minha direção e abre os braços, sem pensar duas vezes me acomodei em seus braços, é tão confortável e seguro aqui.

– Non. - ele me chama, me fazendo levantar os meus olhos em sua direção.

– Hum?

– Eu vou sair do apartamento. - me solto de seus braços e olho pra ele assustado. Meu peito dói em pensar nisso. – Você está seguro agora, a quadrilha está presa, Jin e Tee já estão sendo processados e agora você tem o Phee para te proteger mais de perto.

– Não Jeff, isso não faz sentido.

– Isso faz total sentido, vai ser importante pra nós dois. Você voltou com o seu namorado, tenho certeza que a gente morar juntos é desconfortável pra ele.

– Ele sabe muito bem o quanto você é importante pra mim, eu me sinto seguro com você.

– Non, eu te amo, eu sou completamente, perdidamente e irremediavelmente apaixonado por você, é uma extrema tortura ter você tão perto e ao mesmo tempo tão longe, tente me entender, isso vai ser uma situação constrangedora e desconfortável para ambas as partes.

– Mas Jeff, não faz sentido você sair da sua casa por minha causa, isso...

– A casa é sua Non, desde o começo eu coloquei ela no seu nome.

– Como? - perguntei em choque.

– Eu sei que você tem a casa dos seus pais, mas eu imaginei que você não iria querer morar lá de novo depois de tudo que aconteceu, e eu queria que você ficasse seguro, então eu coloquei o apartamento no seu nome.

– Isso é loucura, você não precisava fazer isso, você já me ajudou muito falando com o Dr.Ken para reaver a casa da minha família, e tudo mais que você já fez por mim, isso tudo é muito... - eu não consigo assimilar isso, ele quer sair da nossa casa e ele colocou ela no meu nome, isso é um absurdo.

– Eu fiz e faria de novo, eu já pedi pra minha secretária encontrar um novo apartamento pra mim, eu também não fico muito em casa, a vida no hospital é uma loucura, nem vai dar pra sentir a minha falta direito, e tudo que você precisar, tudo mesmo, pode me ligar, eu sempre vou te atender e te ajudar.

– Eu não quero que você vá embora, eu posso está sendo egoísta, mas eu preciso de você.

– Você não precisa mais de mim Non, e se você precisar, eu sempre estarei aqui pra você. - eu ó abraço com ainda mais força, eu não quero que ele saia da minha vida, não quero que ele saia de casa, que eu não possa mais ver ele todas as manhãs e noites, eu já estou acostumado com a sua presença em minha vida, o que eu irei fazer sem ele.

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.

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  Saio do hospital, estou com o meu coração dolorido pela conversa que eu acabei de ter com o Jeff, sei que eu estou sendo egoísta por querer que ele fique, mesmo sabendo o quanto essa situação está ó machucando, mas para mim, ficar sem ele é como se eu estivesse sendo espancado de novo.

  Atravesso a rua e uma sensação estranha de estar sendo seguido me acompanha, estou com essa sensação desde de cedo, olho para todos os lados, mas eu não vejo nada suspeito, chamo um táxi e volto pro apartamento, Phee me manda uma mensagem, me chamando para sair hoje, não estou muito com cabeça pra isso, mas eu aceito. Sei que ele está tentando se redimir e recuperar o nosso relacionamento de antes, e sinceramente eu também quero isso, era pra eu estar feliz, estou com o homem que eu amo, eu não entendo porque eu me sinto tão mal?

   Sinto que a o táxi está sendo seguido, é como se a qualquer momento algo de muito ruim fosse acontecer.

  Finalmente chego ao apartamento, respiro aliviado, me sinto mais seguro agora. Ninguém sabe onde eu moro, nem mesmo o Phee, todos os lugares em que ele me encontrou, foram lugares que ele sabia que eu estaria.

   Eu e Jeff decidimos deixar esse apartamento em anonimato, os únicos que sabem da localização somos nós dois, nem mesmo o nosso advogado sabe. Sempre tomo cuidado pra não ser seguido, hoje mesmo, eu fiz o taxista dar várias voltas até chegar aqui, posso está sendo paranóico, mas depois de tudo que eu vivi, não consigo mais ficar tranquilo. Só me sinto seguro com o Jeff e agora estou voltando ter essa segurança com o Phee, mas por enquanto, eu prefiro que seja assim, acabei de voltar com o Phee e apesar de amá-lo muito, ainda prefiro que as coisas continuem assim.

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⏰ Última atualização: Oct 29 ⏰

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