Non(4 anos atrás)
- Deixa ele aí. - um dos bandidos com quem estou sendo forçado a conviver disse, depois de mais uma seção de surra, depois de eu ter quebrado acidentalmente uma garrafa de whisky caro enquanto eu era forçado a servir no cassino do tio do Tee.
- Ei garoto, eu te ajudo. - um cara que não aparentava ser muito mais velho que eu, estende a mão para me ajudar. Ele é o cara que trabalha no cassino, ele fica mais na parte administrativa do lugar, se eu não me engano seu nome é Perth. Ele sempre me ajuda a limpar os meus ferimentos quando aqueles brutamontes me batem, escondido é claro.
- Obrigado, você é sempre muito gentil comigo, por quê ?
- Olha, eu nem devia tá te ajudando, mas eu não acho certo o que eles fazem com você. O Tee me contou sobre você e todo o resto. Garoto, você realmente é um azarão!
- Agora me diz uma novidade. Desde que eu me mudei pra aquela maldita escola, a minha vida virou um inferno maior do que já era. Ai! - tento me levantar, mas provavelmente eu tenho algumas costelas quebradas.
- Eu sei que tudo isso é uma merda, mas pelo menos você tá melhor que aquele professor. - ó olho espantado, eu tinha esquecido completamente do Khun Keng.
- Como assim? Onde que ele tá?
- Você não sabia? Eles ó mataram, parece que ele tava trabalhando em conjunto com algum investigador pra derrubar os negócios do chefe. O fim dele foi bem trágico. - sinto os meus olhos arderem com lágrimas, apesar de tudo, Khun Keng me ajudou muito e eu não ó desejava mal.
- Eu não posso morrer aqui, eu preciso sair desse inferno.
- Você tá louco? Você não daria nem três passos fora daqui sem ser morto.
- Olha pra mim! Eu já tô um cadáver ambulante, eles me batem todos os dias, uma hora eu vou deixar de servir pra ele e aí eu vou ser morto. Eu não posso morrer nesse lugar, me ajuda. - implorei desesperado.
- Você acha que eu vou arriscar o meu pescoço pra te ajudar a sair daqui? Eles vão nos jogar na mesma cova. - ele se levanta pra sair, mas eu me agarro em suas pernas, me humilhar pra ele agora sem dúvidas é o menor dos meus problemas.
- Eu tô te implorando, me tira daqui!
- Me solta goroto! Aii, por Buda, eu sei que eu vou me arrepender disso, mas eu vou te ajudar, agora me solta.
- Muito obrigado, obrigado, obrigado! - ele se solta do meu aperto e volta a sentar do meu lado.
- Tá, tá bom, agora presta atenção no que eu vou te falar. - balancei a minha cabeça em sinal de concordância. - Você vai tentar agir naturalmente, e vai esperar até que eu venha até você com um plano. Se eu me der mal por sua causa, eu vou te mutilar todinho.
- Eu vou fazer tudo que você mandar, não se preocupe.
.
.
.3 dias depois
Eu já não aguentava mais, o Perth não me deu sinal de vida e eu já nem conseguia me movimentar direito depois da última surra, a dor que eu sinto toda vez que eu me movimento é dilacerante.
- Eii, garoto! - finalmente ele aparece.
- Eu fiz tudo que você me pediu.
- Olha, a gente tem que ser rápido. O meu primo é médico e ele me deu isso. - ele me mostra um frasco de remédio.
- E o que é isso? - pergunto confuso.
- Isso é um cloridrato de amiodarona, ele diminui a frequência cardíaca e a necessidade de oxigênio. Pra todos os efeitos você vai morrer. - Olhei assustado para o seu rosto, eu não quero morrer.
- Como assim morrer? Eu não quero morrer, eu não quero... - ele me corta antes que eu termine as minhas lamentações.
- Você não vai morrer seu bocó, esse efeito tem prazo de validade, esse remédio vai fazer com que os seus sinais vitais caiam e todo mundo vai achar que você morreu de tanto trabalhar ou por causa das surras que você vem levando, eles vão te desova em algum canto da floresta, quando você acordar, vai ser cada um por si, minha ajuda só vai até aqui.
- E se eles quiserem vender os meus órgãos como o tio do Tee queria desde o começo? - pergunto ainda um pouco assustado com esse plano.
- Olha pra você garoto! Você tá todo fudido. Ele queria te vender antes porque você tava saudável, iria render muito dinheiro pra ele, agora você deve tá cheio de fratura por dentro, vai ter sorte se conseguir sobreviver até o final desse mês. - infelizmente ele tava certo, eu estava acabado, sinto dores até pra respirar. Mas eu prefiro morrer no meio de uma floresta do que aqui nesse inferno.
- Feito, muito obrigado por tudo que você tá fazendo por mim.
- Não precisa agradecer garoto, você só queria ter amigos, mas infelizmente encontrou as pessoas erradas pra isso. Você é um bom garoto Non, assim que puder pegue a sua família e sumam daqui.
- Eu vou, P'Perth, eu nunca vou conseguir te agradeçer o suficiente por tudo que você tá fazendo por mim.
- Agradeça ficando vivo garoto. Agora deixa de melação, olha, eu vou dar um jeito de deixar uma mochila com água e alguma coisa pra você comer quando acordar, vou deixar atrás de uma árvore pequena que tem lá, eu conheço o lugar de desova e lá tem árvores gigantes e só essa pequena, não tem erro. Você precisa ir agora pro quarto e tomar o remédio, boa sorte.
Fiz o que Perth me disse, finalmente eu ia poder sair daqui. Tomei o remédio e não demorou muito pra que eu começasse sentir um sono forte, as minhas vistas foram fechando, fechando, até que tudo ficou escuro de vez.
.
.
.Acordei desesperado, terra me cobria dos pés a cabeça, sinto uma falta de ar agoniante, com o resto de força que me sobrou, consegui me desenterrar, graças a Deus eles me enterraram em uma cova rasa, olhei ao redor e tinha vários montes de terra parecidos com que eu estava, era um verdadeiro cemitério, provavelmente o senhor Keng está aqui. Me levanto com enorme dificuldade e vou até a pequena árvore que o Perth havia dito, peguei a mochila e sai o mais rápido que eu pude daquele lugar.
Andei por não sei quanto tempo, já não estava mais aguentando dar mais nenhum passo, estava sentindo a minha vida querer deixar o meu corpo e dessa vez era de verdade.
Acabei tombando em uma árvore, sentia que ali seria o meu fim, só um rosto vinha na minha cabeça, olho pro meu braço e vejo a pulseira que ele me deu quando me pediu em namoro, eu errei muito nessa merda que eu chamo de vida, mais o pior de todos eles foi machucar o Phee, eu nunca quis fazer nada de mal pra ele, mas eu não queria arrastar ele pro mesmo buraco em que eu tava. Eu não suportaria ver ele passando pelas mesmas coisas que eu. Nunca foi a minha intenção ó trair, mas eu precisava sair daquela situação de algum jeito e eu não queria ó envolver nisso, por isso eu fiquei com Khun Keng, mas eu nunca amei e nem vou amar outra pessoa sem ser o Phee.
Começo a tossir e sangue sai pela minha boca, eu realmente vou acabar aqui sem ter a chance de ver o amor da minha vida pela última vez.
- Me... Me perdoa Phee! Eu te... Eu te amo... - essas foram as minhas últimas palavras antes de apagar de vez.

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Sempre será você...
Fanfiction"Se eu soubesse que depois que eu te pedi pra sumir, você sumiria, eu jamais iria te pedir isso. Se eu soubesse que depois de ter falado pra você morrer, você morreria, eu teria morrido antes." Mesmo com Jin ao seu lado, Phee jamais deixou de pe...