Sempre será você...

19

Non

Sentado na grama, em frente a lápide do meu irmão, me encontro mais uma vez com o sentimento de culpa martelando dentro de mim.

- Oi Hia, você deve estar puto por eu ficar te incomodando o tempo todo, logo eu que fingia que você não existia. Eu sempre te admirei muito, eu sempre quis ser que nem você, mas eu nasci todo errado, nunca consegui ser pro papai e pra mamãe a metade do filho que você era, talvez isso fez com que eu começasse a te odiar. Quando você foi embora, eu senti raiva de você, mas não pelos motivos que você pensava, eu senti raiva não foi por você ter tido a oportunidade de sair daqui e eu não, mas por achar que você tinha se cansado de mim que nem todo mundo. - uma lágrima escorre pelo meu rosto, é muito doloroso tudo isso. - Você foi o único que realmente se importou comigo nessa história toda, você lutou por mim, você me amou até o final. Eu nunca vou me perdoar pelo o que aconteceu com você e com os nossos pais, se eu não tivesse... - não consegui me controlar mais, os soluços eram fortes, meu coração estava tão machucado que doía, meu choro era desenfreado, eu comecei a sentir uma falta de ar tão grande que eu realmente pensei que eu iria morrer.

Quando eu pensei que seria consumido por esse sentimento, sinto braços me envolverem em um abraço forte e confortável, seu cheiro me trazia uma paz que só ele podia me proporcionar, meu corpo trêmulo, aos poucos foi se acalmando e ainda meio desnorteado olhei em seus olhos, os mesmos olhos que me fizeram apaixonar instantaneamente no momento em que eu ó vi pela primeira vez.

- Shhi, tá tudo bem meu amor, eu tô aqui, tô aqui. - eu queria empurrá-lo, mandar ele me soltar, gritar que eu não precisava da sua ajuda pra nada, ó chamar de assassino... Mas o que eu fiz, foi me aninhar ainda mais em seus braços e deixar que ele cuidasse de mim, como ele fazia antes.

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Depois de um certo tempo desse jeito, a minha sanidade retornou e eu me desfiz de seu abraço.

- Obrigado por me ajudar com a minha crise, mas não precisava, eu ia conseguir sozinho.

- Você é muito forte, mas não precisa ser o tempo todo.

- Não finja que você se importa.

- Eu me importo, sempre me importei com você, e você sabe disso Non.

- O que eu sei é que você está namorando com aquele asqueroso metido a bom moço.

- Não estou mais.

- Como assim? - fiquei surpreso ao ouvir essa notícia.

- Eu vi que eu estava me enganando, que o que eu sinto por ele não é nada perto do que eu sinto por você. - meu coração errou algumas batidas, mas eu preciso me manter firme.

- Engraçado, não eram vocês que estavam apaixonados e que não tinha culpa desse lindo romance, puro e verdadeiro digno de um lakorn? - falei com ironia.

- Essa skin debochada e de humor ácido não combinam com você.

- E o que combina Phee? A skin sofrida, que sempre se ferra no final?

- Não! Você combina com a skin doce, - ele se aproximou de mim, eu dei um passo para trás, mas uma lápide não me deixa ir tão longe. - de coração puro que eu amo profundamente. - coloquei a mão em seu peito, fazendo ele recuar.

- Não é porque você sente falta do cara que você conheceu que você me ame.

- Eu amo aquele cara do passado, mas amo também esse cara na minha frente, e diferente do que você pensa, eu também me importo com você e quando eu entrei naquele grupo, foi única e exclusivamente pra te encontrar.

- Aí o Jin tava no meio do caminho, você tropeçou e caiu dentro dele? - ele não segurou a risada quando eu disse isso.

- Não, Non. Meu Deus, dá onde você tira essas coisas? Quando eu fiquei com ele pela primeira vez, foi um plano meu e do P'New pra fazer ele se sentir um lixo. Eu levei ele pra cama e depois deixei claro que a gente não tinha nada, que eu não queria nada com ele.

- Isso não combina com você. - deixei escapar sem querer.

- Não mesmo, por isso me arrependi de ter sido um canalha e tentei me reaproximar, mas ele me odiava. A gente só fez as pazes, quando fomos pra casa do Por.

- Eu não consigo entender Phee, você soube do que ele fez comigo, e você decidiu ficar com ele mesmo assim.

- Eu sei, sei que eu errei com você, mas de certa forma, ele me lembrava você.

- É sério que você vai me comparar a esse desgraçado?

- Eu não tô te comparando Non, mas é que eu vi nele uma pureza, uma ingenuidade que eu via em você no começo. Acredita em mim, eu sempre te amei, sempre foi você.

- Phee...

- Non, me deixa te provar que o que eu sinto por você nunca mudou.

- Eu não posso fazer isso comigo, fazer isso com o Hia, você atirou nele, você matou o meu irmão.

- O P'New deixou a vingança se apossar dele, ele tirou vidas inocentes, o caseiro, o White...

- Esse menino quem matou foi o Tee.

- Por causa das alucinações das droga que o New desenvolveu. Todos nós tivemos alucinações com os nossos piores pesadelos. Eu não gosto nem de lembrar aquele momento. - olhei confuso.

- Que alucinação você teve? - seus olhos ficaram rapidamente úmidos, seu semblante era de dor.

- Eu via você, em todas elas, e em todas você tirava a sua vida e eu não conseguia te salvar em nenhuma delas, eu te perdia várias e várias vezes, por mais rápido que eu corresse, por mais que eu tentasse, eu nunca conseguia te impedir de me deixar. - seu corpo era trêmulo, suas batidas estavam tão fortes e aceleradas que dava pra escutar. Seu choro era tão sentindo que por um impulso eu ó abracei.

- Eu tô aqui Phee, eu tô vivo. - ele me abraça tão forte que poderia me quebrar no meio, era como se ele tivesse medo que eu desaparecesse do nada.

- Me perdoa Non, me perdoa por não ter te salvado, por não ter visto que você precisava de mim, que o seu sofrimento era maior do que eu via. - não pude evitar de chorar também.

- Eu nunca fui capaz de te odiar de verdade.

- Eu te amo. - ele desfaz o abraço para olhar nos meus olhos. - Eu sei que você não acredita nisso agora, mas nunca deixei de te amar, eu não... - dessa vez quem avançou nos seus lábios foi eu, sei que eu posso estar cometendo um erro, mas nada nunca pareceu tão certo quanto isso.

- Eu também te amo seu idiota. - ele sorri ainda com lágrimas nos olhos e me beijou novamente.

O meu coração sentiu uma sensação de lar, de pertencimento, paz pela primeira vez desde que eu saí do inferno. Sempre foi você.