capítulo 8

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**Capítulo 8: Caminhos Cruzados**

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O céu estava pintado com tons de azul e laranja enquanto o sol começava a se pôr no horizonte. Astrid estava montada no dorso de Alice, o Canção da Morte que se tornara seu improvável aliado. Ainda se acostumando com o peso e a força de Alice sob ela, Astrid segurava firme nas rédeas improvisadas que tinha criado, orientando o dragão na direção que ela acreditava ser o caminho certo para o Domínio do Dragão, a base dos Cavaleiros de Dragões fora de Berk.

Os ventos frios cortavam seus rostos enquanto subiam cada vez mais alto, as montanhas e florestas abaixo se tornando meras sombras distantes. O coração de Astrid batia acelerado, não apenas pela altura em que estavam, mas pela emoção de finalmente estar a caminho de casa, depois de dias presos na caverna. Ela sabia que a viagem seria longa e árdua, mas estava determinada a chegar lá com Alice ao seu lado.

No entanto, a viagem não seria simples. Logo após alçarem voo, Astrid percebeu que Alice tinha seus próprios instintos, e que eles não eram tão fáceis de controlar. Mal haviam se afastado das montanhas quando Alice mergulhou em direção a uma pequena tropa de Gronckles que sobrevoavam um vale abaixo. Com um rugido ameaçador, Alice abriu suas asas, pronta para atacar.

"Não!" Astrid gritou, puxando as rédeas com força na tentativa de mudar a direção de Alice. "Você não pode fazer isso!"

Alice hesitou, mas o instinto de caçadora parecia forte demais para ser ignorado. Com um impulso, ela avançou em direção aos Gronckles, suas garras prontas para capturar sua presa. O pânico tomou conta de Astrid, que sabia que precisava agir rápido.

"Pare!" ela gritou novamente, mais alto desta vez, e então inclinou o corpo para a frente, tentando falar diretamente no ouvido de Alice. "Você não pode comer outros dragões! Eles são como nós, aliados, não comida!"

Alice balançou a cabeça, confusa e irritada, soltando um rugido frustrado. Ela não entendia por que Astrid a estava impedindo de caçar, de saciar sua fome. Para ela, aquilo era instintivo, natural. A frustração no dragão era palpável, e por um momento, Astrid temeu que Alice simplesmente a ignorasse e seguisse com o ataque.

Mas então, algo na voz de Astrid, talvez a urgência, talvez a firmeza, fez com que Alice desacelerasse. Suas asas batendo fortemente, o dragão recuou no último instante, os Gronckles fugindo em desespero. Astrid soltou um suspiro de alívio, mas sabia que aquilo não terminaria ali.

Alice rugiu de frustração e irritação, girando no ar e subindo rapidamente para longe do vale. Ela estava claramente insatisfeita com a interferência de Astrid, e por alguns momentos, Astrid teve que lutar para manter o controle enquanto Alice executava manobras rápidas e inesperadas no ar.

Astrid podia sentir a tensão no corpo de Alice, o quanto ela estava contrariada por ter sido impedida de seguir seus instintos. A conexão entre elas ainda era frágil, e Astrid sabia que precisava encontrar uma maneira de acalmar o dragão antes que as coisas saíssem do controle.

"Alice, me escuta," Astrid falou, sua voz tentando ser o mais calma e reconfortante possível. "Eu sei que você está com fome, e eu prometo que vamos encontrar algo para você comer. Mas os outros dragões... eles não são inimigos, não são presas. São nossos aliados, nossos amigos. Precisamos protegê-los, não caçá-los."

Alice soltou um resmungo, claramente ainda insatisfeita, mas parecia estar ouvindo. Astrid aproveitou a oportunidade para acariciar suavemente o pescoço do dragão, tentando transmitir a sensação de segurança e confiança.

"Eu preciso que você confie em mim," continuou Astrid. "Se trabalharmos juntas, vamos conseguir encontrar algo melhor. Mas precisamos fazer isso juntas."

Por um momento, Astrid pensou que Alice fosse ignorá-la, mas então ela sentiu o dragão começar a relaxar sob seu toque. Alice ainda parecia hesitante, mas não tentou mais atacar os outros dragões. Era uma pequena vitória, mas Astrid sabia que ainda havia um longo caminho a percorrer até que ela e Alice estivessem completamente sintonizadas.

Elas continuaram a viagem, com Astrid mantendo uma vigilância constante sobre Alice, pronta para agir caso ela tentasse novamente caçar outro dragão. O voo foi mais tenso do que ela gostaria, com várias pequenas tentativas de Alice de se desviar para seguir seu próprio caminho, mas a determinação de Astrid e sua paciência conseguiram mantê-las na rota.

A cada hora que passava, Astrid se sentia mais exausta, tanto física quanto mentalmente. Controlar um dragão como Alice não era tarefa fácil, e ela sabia que precisaria de muito mais tempo e esforço para realmente ganhar a confiança completa do dragão. Mas ela também sabia que não podia desistir. Alice havia salvo sua vida, e agora era sua vez de salvar Alice do próprio instinto selvagem.

Finalmente, depois de horas voando, elas avistaram o Domínio do Dragão no horizonte. Era um lugar imponente, com picos rochosos que se erguiam em direção ao céu, cercados por florestas densas e vales profundos. A base dos Cavaleiros de Dragões era visível ao longe, com suas torres altas e estruturas robustas, projetadas para acomodar tanto humanos quanto dragões.

Astrid sentiu uma onda de alívio e esperança ao ver o Domínio. Elas estavam quase em casa. A viagem havia sido longa e cheia de desafios, mas o destino estava à vista. Ela acariciou o pescoço de Alice novamente, desta vez com um sorriso no rosto.

"Estamos quase lá," disse ela suavemente. "Você fez um ótimo trabalho, Alice. Vamos terminar isso juntas."

Alice soltou um ronronar baixo, parecendo finalmente mais tranquila, e Astrid sentiu que a conexão entre elas estava começando a se fortalecer de verdade. Ainda havia muito a ser feito, muitos desafios pela frente, mas naquele momento, Astrid sentiu que elas estavam finalmente no caminho certo.

Com o Domínio do Dragão cada vez mais próximo, Astrid e Alice começaram a descer, se preparando para a próxima etapa de sua jornada. Astrid sabia que encontrar Tempestade e os outros seria apenas o começo, e que seu vínculo com Alice ainda precisava ser fortalecido, mas estava determinada a enfrentar o que viesse, com Alice ao seu lado.

COMO UM CANÇÃO DA MORTE EM, COMO TREINAR SEU DRAGÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora