**Capítulo 20: O Reencontro e o Perdão**
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O ambiente da caverna era agora o cenário de um reencontro que prometia ser tanto emocional quanto revelador. Astrid, ainda com o coração acelerado e uma mistura de alívio e esperança, estava diante de Alice, que se levantou do chão e limpou as lágrimas que escorriam pelo rosto. As semelhanças entre elas eram inegáveis, e o brilho âmbar dos olhos de Alice refletia a luz suave da lua que entrava pela entrada da caverna.
Alice respirou profundamente e começou a falar, a voz tremendo com a emoção e o arrependimento que sentia.
“Astrid… eu sinto muito por tudo que aconteceu,” disse Alice, com a voz rouca e carregada de culpa. “Eu… eu não sabia o que estava acontecendo comigo. Não foi minha intenção causar tanto sofrimento. Eu… eu não sabia que estava agindo assim.”
Astrid, tocada pelas palavras e pela sinceridade no tom de Alice, deu um passo em direção a ela. “Alice, não precisa se desculpar. Entendo que as coisas não foram fáceis para você. Fico feliz que tenha encontrado um lugar seguro, mesmo que as coisas tenham sido complicadas.”
Alice sorriu tristemente e continuou. “Eu quero explicar o que aconteceu. Após ser transformada de volta em um dragão, eu senti uma fome insaciável que me dominava. Eu não conseguia controlar meus instintos, e isso me levou a cometer atos dos quais me arrependo profundamente. Eu estava desesperada e sozinha, e a fome me consumia.”
Ela fez uma pausa, tentando organizar seus pensamentos. “Então, eu encontrei uma maneira de controlar essa fome… de algum jeito, desenvolvi uma habilidade que me permite alternar entre ser um dragão e um humano. Isso me ajudou a encontrar um equilíbrio. No entanto, eu ainda estava assombrada pelo que fiz. Eu percebi que não precisava mais atacar outros dragões para sobreviver.”
Alice então se levantou e começou a mostrar a Astrid o espaço onde havia encontrado refúgio. “Esta é minha casa,” disse ela, com um sorriso orgulhoso, mas melancólico. “Eu trabalhei muito para torná-la um lugar confortável. Encontrei materiais na ilha e comecei a construir e decorar. Eu queria que este lugar fosse um lar, um lugar onde eu pudesse finalmente me sentir segura.”
A caverna, com suas paredes adornadas e a iluminação suave, parecia agora um refúgio acolhedor. Alice guiou Astrid por cada área, mostrando a ela os instrumentos que havia criado e as roupas que confeccionou com suas próprias mãos. “Eu também comecei a tocar música,” explicou Alice. “A música me ajudou a expressar o que eu estava sentindo, a me conectar com a parte de mim que estava perdida.”
Enquanto Astrid observava com admiração, Alice preparou uma pequena área para uma performance. Ela trouxe o violino até o centro da sala e ajustou o instrumento com um cuidado reverente. Astrid observava com a expectativa e o desejo de entender mais sobre a transformação de Alice e o que ela estava passando.
“Eu gostaria de cantar uma música para você,” disse Alice, com um sorriso hesitante. “É uma música que significa muito para mim. É sobre encontrar um lar e sobre o desejo de ser compreendida. Espero que, ao ouvir, você possa entender um pouco mais sobre o que eu passei.”
Alice começou a tocar, e o som do violino encheu a caverna com uma melodia suave e emocional. Em seguida, ela começou a cantar, sua voz carregando a emoção e o peso de suas experiências:
*“Sou uma fênix na água,*
*Um peixe que aprendeu a voar,*
*E eu sempre fui uma filha*
*Mas penas foram feitas para o céu.”**“Então, estou desejando, desejando ainda mais*
*Que a empolgação chegue*
*É só que eu prefiro estar causando o caos*
*Do que ficar na ponta afiada desta faca.”**“Com cada pequeno desastre*
*Eu deixarei as águas se acalmarem*
*Me levem para algum lugar real.”**“Porque eles dizem que lar é onde*
*Seu coração está gravado em pedra*
*É onde você vai quando está sozinho*
*É onde você vai para descansar*
*E não é apenas onde você deita sua cabeça*
*Não é apenas onde você arruma sua cama*
*Contanto que estejamos juntos*
*Importa para onde vamos?”**“Lar*
*Lar*”*“Então, quando eu estiver pronta para ser mais corajosa*
*E meus cortes tiverem cicatrizado com o tempo*
*O conforto irá descansar em meus ombros*
*E eu enterrarei meu futuro atrás de mim*”*“E eu sempre guardarei você comigo*
*Você sempre estará em minha mente*
*Mas há um brilho nas sombras*
*E eu nunca saberei se não tentar.”**“Com cada pequeno desastre*
*Eu deixarei as águas se acalmarem*
*Me levem para algum lugar real.”**“Porque eles dizem que lar é onde*
*Seu coração está gravado em pedra*
*É onde você vai quando está sozinho*
*É onde você vai para descansar*
*E não é apenas onde você deita sua cabeça*
*Não é apenas onde você arruma sua cama*
*Contanto que estejamos juntos*
*Importa para onde vamos?”**“Lar*
*Lar*
*Lar*
*Lar”*A música e a letra tocaram Astrid profundamente. Cada palavra parecia ecoar as emoções e as lutas de Alice, e a melodia encheu o ambiente com um sentimento de melancolia e esperança. Quando a última nota do violino se desfez no ar, Astrid estava visivelmente comovida.
Alice terminou a música com um suspiro profundo e olhou para Astrid, esperando uma reação. Astrid, com lágrimas nos olhos e um sorriso de compreensão, deu um passo em direção a Alice e a envolveu em um abraço caloroso.
“Eu entendo agora, Alice,” disse Astrid, a voz embargada pela emoção. “Você passou por tanta coisa e lutou para encontrar seu caminho. Estou tão feliz que você encontrou uma maneira de se equilibrar e de criar um lugar para você.”
Alice sorriu, com lágrimas nos olhos, e respirou fundo. “Obrigada, Astrid. Sua presença significa mais para mim do que você pode imaginar. E saber que você ainda se importa com o que aconteceu me dá um sentimento de paz.”
Astrid observou a nova casa de Alice, com todos os seus detalhes únicos e toques pessoais, e sentiu uma conexão mais profunda com a amiga. Ela percebeu que, apesar das dificuldades e dos desafios que haviam enfrentado, o vínculo entre elas permanecia forte.
“Vamos, Alice,” disse Astrid com um tom encorajador. “Voltemos para o domínio do dragão. Você tem um lugar lá, e todos estão esperando por você. Acreditamos em você, e eu sei que, juntos, podemos superar qualquer coisa.”
Alice concordou, e com um sentimento renovado de esperança e alívio, preparou-se para deixar sua caverna e se juntar a Astrid. A jornada para casa seria um novo começo, e com a ajuda de sua amiga, ela sabia que poderia enfrentar qualquer desafio que surgisse no caminho.
Com o coração leve e a mente cheia de novas esperanças, Alice e Astrid deixaram a caverna, prontos para iniciar um novo capítulo em suas vidas. A música que havia preenchido a caverna agora se transformava em um hino de renovação e amizade, guiando-os para um futuro onde elas poderiam encontrar verdadeira paz e felicidade.