**Capítulo 12: Transformação sob a Lua**
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A caverna de Alice estava mergulhada em silêncio, exceto pelo som ocasional do vento que passava por entre as rochas. Alice havia se isolado ali, incapaz de lidar com a culpa e o desejo que a consumiam. Seu apetite voraz ainda a assombrava, e a luta interna entre seus instintos e sua razão parecia ser um tormento interminável.
Apesar de sua determinação em resistir aos seus instintos predatórios, a fome voltou a atormentar Alice. Sentindo a necessidade se intensificar, ela decidiu sair da caverna. Seu olhar estava vazio e sua mente estava dominada pelo desejo de saciar sua fome. Pousando próximo a uma clareira, avistou um dragão de tamanho médio, um alvo fácil para ela.
Com precisão e habilidade, Alice lançou um projétil de âmbar e capturou o dragão em um casulo resistente. O dragão lutava em vão para se libertar, mas suas forças estavam esgotadas. Alice estava prestes a devorar a presa, quando uma imagem de Astrid apareceu em sua mente. Lembranças das conversas que teve com Astrid, das promessas feitas, e do desejo de ajudar os outros, inundaram sua mente.
Sentindo um profundo remorso, Alice abandonou o dragão capturado. Decidiu que não podia seguir com aquilo. Suas emoções estavam em tumulto, e o peso da culpa era quase insuportável. Com um suspiro pesado, ela voou para um lago próximo, na esperança de encontrar algum alívio.
Ao chegar ao lago, Alice mergulhou na água fria e começou a pescar. Usando suas habilidades, capturou peixes rapidamente e os devorou. A substância fresca e fria aliviou um pouco sua fome, mas o desejo ainda persistia. Sentindo-se frustrada e derrotada, ela se afastou da água e se deitou na margem, tentando esquecer o apetite que parecia nunca cessar.
A noite caiu e a lua cheia começou a iluminar o céu. O reflexo prateado da lua se espalhava pela superfície do lago, criando um cenário mágico e etéreo. Alice, com os olhos pesados de cansaço, olhou para o lago e viu a luz da lua refletindo na água. Ela se sentia estranha, como se algo estivesse muito errado com ela. A sensação de que suas asas e garras haviam desaparecido era quase palpável.
Movida por uma curiosidade inquietante, Alice se aproximou da borda do lago. À medida que seu olhar se fixava na água, o que viu a deixou paralisada. O reflexo na água não era de um dragão. Em vez disso, era um rosto humano, com a aparência de Astrid, mas com olhos dracônicos de um âmbar dourado profundo. A imagem refletida parecia familiar e estranha ao mesmo tempo.
Confusa e assustada, Alice estendeu a mão para tocar o reflexo, esperando ver suas garras. No entanto, quando olhou para sua própria mão, viu algo completamente diferente. Suas mãos eram humanas, com dedos delicados e pele clara, em contraste com as garras afiadas que ela conhecia tão bem. Um grito silencioso de surpresa e horror escapuliu de seus lábios.
A visão de suas mãos humanas e o reflexo no lago a fizeram chorar. As lágrimas escorriam pelo seu rosto enquanto ela se ajoelhava à beira da água, sentindo uma profunda tristeza e confusão. A transformação que havia experimentado era uma surpresa inesperada, e ela estava lutando para compreender o significado disso.
Alice começou a analisar sua nova forma. Seus pensamentos eram uma confusão de emoções: alívio por não ser mais um dragão faminto e predador, e tristeza por ter perdido sua identidade como dragão. A sensação de ser pequena e vulnerável, sem as imensas asas e garras que ela conhecia, era esmagadora.
Enquanto a lua cheia continuava a brilhar, lançando uma luz suave sobre o lago, Alice percebeu que sua forma humana trouxe tanto alívio quanto dor. Ela se levantou lentamente, ainda chorando, e se afastou da água. A transformação era uma mudança drástica, e a nova realidade dela estava apenas começando a se revelar.
Com a noite avançando, Alice se retirou para um local seguro na margem do lago, onde poderia descansar. A tristeza e a confusão continuavam a dominá-la, mas havia também um pequeno fio de esperança. Talvez, como humana, ela pudesse encontrar uma nova forma de viver e recomeçar. O futuro estava incerto, mas a jornada de autodescoberta e redenção estava apenas começando.
Sob o brilho da lua cheia, Alice se preparou para enfrentar essa nova fase de sua vida, ainda marcada pela transformação que havia passado, e esperando encontrar seu caminho para a paz e a compreensão em sua nova forma.
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