**Capítulo 5: Cegueira e Esperança**
---
Astrid acordou em um mundo de escuridão. Seu coração disparou imediatamente, e ela tentou abrir os olhos mais uma vez, apenas para encontrar a mesma escuridão impenetrável. Não havia nada ali, nenhum vestígio de luz que lhe indicasse onde estava ou o que estava acontecendo.
Ela tentou se lembrar do que havia acontecido antes de tudo escurecer. Estava voando com Tempestade, sua companheira dragão, retornando para o Domínio do Dragão após uma patrulha. Havia uma tempestade se formando no horizonte, mas elas estavam acostumadas a voar em condições difíceis. No entanto, tudo mudou quando um raio atingiu de repente, direto no meio da tempestade.
A lembrança daquele impacto a fez estremecer. O raio a havia derrubado do céu, e sua última lembrança era a de uma dor aguda atravessando seu corpo enquanto ela caía, o vento rugindo em seus ouvidos e o grito de Tempestade ecoando na distância. Depois disso, tudo ficou escuro.
Astrid respirou fundo, tentando controlar o pânico crescente. Seu corpo estava dolorido, e ela podia sentir feridas e hematomas em várias partes. Cada movimento era um esforço, como se seus ossos estivessem pesados demais para sustentar. Mas a pior parte era a cegueira. Ela não sabia onde estava, não sabia o que tinha acontecido com Tempestade, e isso a deixava desesperada.
"Tempestade..." ela sussurrou, a voz trêmula de medo e preocupação. "Onde você está, garota?"
Não houve resposta, apenas o silêncio opressivo da caverna. Astrid tentou se sentar, seus braços trêmulos a levantando com dificuldade. A pedra fria sob suas mãos lhe dizia que estava em algum tipo de caverna, mas onde? E como ela tinha chegado ali?
Ela sabia que não estava sozinha. De vez em quando, ela ouvia uma melodia distante, uma canção suave que parecia encher o ar ao seu redor. Havia algo inquietante sobre aquela música, algo que fazia seus pelos se arrepiarem, mas ao mesmo tempo, ela era atraída por ela. A melodia era tão bela quanto estranha, algo que parecia vir de um mundo completamente diferente.
"Alguém... alguém está aí?" ela tentou chamar, a voz ecoando nas paredes da caverna. Mas como antes, não houve resposta. Ela se recostou contra a parede, tentando entender sua situação.
Ela queria sair dali, queria encontrar Tempestade e verificar se sua fiel amiga estava bem. Mas como poderia fazer isso se estava cega e sozinha? Astrid sabia que não estava em condições de sair vagando por um terreno desconhecido, especialmente se houvesse dragões ou outros perigos à espreita.
Tudo o que ela podia fazer era esperar. Esperar que alguém a encontrasse, que seus amigos percebessem que ela estava desaparecida e viessem ao seu resgate. Soluço, Banguela... ela sabia que eles viriam atrás dela, mas quanto tempo isso levaria? E onde estava Tempestade? Astrid sabia que sua amiga dragão nunca a deixaria por vontade própria. Algo devia ter acontecido para que estivessem separadas.
A impotência daquela situação era frustrante. Astrid sempre fora uma guerreira, alguém que enfrentava os desafios de frente, mas agora ela estava completamente à mercê de suas circunstâncias. Tudo o que podia fazer era sentar ali, cega e indefesa, ouvindo aquela melodia distante que, de alguma forma, trazia tanto consolo quanto preocupação.
Ela fechou os olhos, não que isso fizesse diferença, e começou a rezar silenciosamente. Rezou para que seus amigos a encontrassem, para que Tempestade estivesse a salvo, e para que pudesse sair daquele pesadelo. Cada segundo que passava era um lembrete doloroso de sua vulnerabilidade, e isso a deixava inquieta, mas Astrid sabia que precisava ser forte. Precisava confiar que tudo ficaria bem.
A melodia ecoou novamente pela caverna, e Astrid não pôde deixar de se perguntar quem ou o que estava produzindo aquele som. Era quase hipnótico, como se estivesse chamando por ela, uma canção que se enroscava em sua mente, tentando acalmá-la. Mas Astrid não conseguia se livrar da sensação de que havia algo mais, algo oculto naquela caverna.
O tempo passou devagar, e tudo o que Astrid podia fazer era esperar, ouvir e tentar manter a esperança viva. O que quer que acontecesse a seguir, ela sabia que teria que enfrentar, mesmo sem sua visão. Ela era Astrid Hofferson, uma guerreira, e não se entregaria ao medo.
Mas enquanto a escuridão ao seu redor parecia se aprofundar, e a melodia continuava a tocar, ela não pôde deixar de sentir que o verdadeiro desafio ainda estava por vir.