𝕰𝖈𝖑𝖎𝖕𝖘𝖊 - 𝐁𝐞𝐧𝐞𝐝𝐢𝐜𝐭 𝐁𝐫𝐢𝐝𝐠𝐞𝐫𝐭𝐨𝐧 ✓

09 - 𝕮𝖔𝖓𝖘𝖊𝖖𝖚ê𝖓𝖈𝖎𝖆𝖘 𝖊 𝕯𝖊𝖈𝖎𝖘õ𝖊𝖘

LONDRES
CONSEQUÊNCIAS E DECISÕES

O jardim, onde havíamos compartilhado um beijo tão intenso, agora parecia distante, como uma lembrança etérea de uma noite que parecia se dissolver com a luz do dia. Eu acordei com um misto de euforia e ansiedade.

À tarde, para espairecer, decidi ir ao mercado. A ideia era simples: caminhar pelas ruas movimentadas, ver pessoas comuns fazendo suas compras e respirar um pouco de ar fresco. Meus pensamentos estavam tumultuados, e precisava de um tempo para organizar minhas ideias. As criadas da casa me acompanharam, mantendo a distância suficiente para me dar algum espaço, mas próximas o suficiente para estarem disponíveis caso eu precisasse de algo.

O mercado estava cheio de vida. O aroma das especiarias e das frutas frescas misturava-se no ar, e o burburinho das conversas dos comerciantes e compradores criava uma atmosfera animada. As cores vibrantes dos produtos expostos eram um contraste bem-vindo para a escuridão que pairava sobre meus pensamentos. Eu estava distraída, absorvendo a energia do lugar, quando, de repente, avistei uma figura familiar em meio à multidão.

Era Benedict.

Ele estava parado em frente a uma banca de flores, examinando um buquê com uma expressão pensativa. Sua presença era inconfundível, e eu me senti imediatamente atraída por ele. Havia algo reconfortante em vê-lo fora do contexto formal dos eventos sociais, em um ambiente mais cotidiano e autêntico.

"Lord Bridgerton?" chamei, aproximando-me dele com uma mistura de surpresa e curiosidade.

Ele virou-se e seu olhar encontrou o meu. O sorriso que surgiu em seus lábios foi uma mistura de alívio e calor. "Isabela. Que surpresa agradável encontrá-la aqui."

"Eu também não esperava encontrá-lo," respondi, olhando para o buquê que ele estava segurando. "Parece que você está comprando flores."

"Sim," disse ele, balançando o buquê suavemente. "Estava pensando em levar algumas para a minha mãe. Ela está sempre cuidando de todos e achei que um pouco de cor em sua casa poderia alegrá-la."

"É um gesto adorável," eu comentei, admirando a delicadeza do presente. "Eu também deveria ter pensado em algo assim para minha mãe. Ela está sempre tão ocupada tentando garantir que tudo corra perfeitamente."

Benedict olhou para mim com interesse, aparentemente compreendendo a profundidade de minha observação. "Sua mãe parece ser uma mulher de grande determinação."

"Sim," concordei, suspirando. "Ela é extremamente controladora. Quer que eu siga o caminho que ela considera melhor para mim, e isso muitas vezes é um fardo. Meu pai, por outro lado, está sempre ocupado com o trabalho. Aparece apenas ocasionalmente na minha vida, e eu entendo que ele faz isso para garantir nossa segurança financeira, mas às vezes sinto que ele está mais distante."

Benedict ouviu atentamente, seu olhar compreensivo e atento. "Eu posso entender isso. Minha família tem suas próprias dinâmicas. Minha mãe, bem, ela é o suporte constante, sempre acreditando em mim, mas também me pressionando para alcançar o que ela acha que é o melhor."

"É complicado encontrar um equilíbrio," eu disse, pensando nas palavras dele. "Acredito que muitas vezes somos moldados pelas expectativas de nossos pais, mas também precisamos encontrar nossos próprios caminhos. Eu sonho em ser uma escritora, uma socióloga que possa contribuir para a compreensão da sociedade. Isso é algo que eu sinto profundamente."

"Isso é admirável," Benedict comentou, seu tom sincero. "Quero ser reconhecido como um pintor, mas às vezes é difícil equilibrar as expectativas da minha família com o que eu realmente desejo fazer."

A conversa fluiu naturalmente, e o ambiente do mercado parecia desaparecer ao nosso redor, deixando apenas nós dois em um espaço de honestidade e conexão. A maneira como Benedict falava sobre suas aspirações e os desafios que enfrentava ressoava profundamente em mim. Eu podia sentir que estávamos construindo uma compreensão mútua, um ponto de conexão que transcendeu as complexidades sociais que costumávamos enfrentar.

"É bom poder falar sobre isso," disse eu, sorrindo para ele. "Às vezes, sinto que as pessoas ao meu redor não entendem as verdadeiras paixões que tenho. Tudo se resume às expectativas e aos compromissos."

"Eu sei como é," Benedict concordou, seu olhar refletindo uma compreensão compartilhada. "A pressão da sociedade, das famílias, pode ser esmagadora. Mas ter alguém com quem compartilhar esses sentimentos, alguém que entende, faz toda a diferença."

Enquanto conversávamos, minhas criadas começaram a se aproximar com algumas sacolas de compras. Uma delas, uma jovem de cabelos castanhos e olhos curiosos, me perguntou se eu estava pronta para voltar. Eu hesitei, olhando para Benedict.

"Você gostaria de se juntar a nós para uma xícara de chá?" perguntei, desejando prolongar o tempo que passávamos juntos.

Ele hesitou por um momento, olhando para o buquê que ainda segurava. "Eu realmente deveria voltar para casa antes que minha mãe comece a se preocupar. Mas, se você não se importar, eu adoraria se encontrá-la em outro momento, talvez para um passeio ou um café."

"Só me avise quando estiver disponível," eu disse, sentindo uma onda de alívio ao ver seu sorriso. "Será um prazer."

Enquanto as criadas e eu nos dirigíamos para a saída do mercado, Benedict acenou para nós, sua expressão um misto de gratidão e expectativa.

Ao voltar para casa, o peso das expectativas parecia um pouco mais leve. A conversa com Benedict havia me dado uma nova perspectiva, uma sensação de alívio. Embora ainda houvesse desafios pela frente, sabia que, com o apoio de alguém que realmente entendia, eu poderia enfrentar qualquer obstáculo que surgisse.

O resto do dia passou com uma sensação de tranquilidade inesperada. Apesar dos problemas que ainda precisávamos enfrentar, a conexão que eu tinha com Benedict era uma âncora em meio à tempestade. E, enquanto olhava para o horizonte, com a certeza de que nosso caminho estava apenas começando, sentia uma renovada esperança no que o futuro poderia trazer.