Hipocrisias.

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Eu não tenho dito muita coisa ultimamente. Mas o pouco que tenho dito sai assim: “sem pausas sem vírgulas sem ar sem sentido se atropelando se amontoando a garganta começa a virar um nó os olhos um oceano…”.
Se tenho falado pouco, tenho escrito menos ainda. E se tenho falado desenfreadamente, ao escrever tenho mais reticências que palavras…
Há algo em comum entre o que tenho escrito e falado: a hipocrisia. Eu digo que tenho te superado bem e que nem penso mais em ti, mas novamente, em uma sexta-feira qualquer, eu ainda me pego chorando, relendo a primeira vez que me chamou de amor.
Ainda me pergunto como pode não ter significado nada pra você, quando, até em uma conversa aleatória com uma amiga sobre os momentos mais felizes de nossas vidas, ela me disse: “quando você estava conversando com aquele traste, tu tava feliz com ele, acho que foi quando te vi mais feliz”.
Eu deveria parar de escrever essas hipocrisias, parar de pensar… Deveria respirar… Não o mesmo ar que você. Deveria te apagar. Deveria te odiar? Acredite, eu tenho tentado a todo custo te odiar, mas mesmo depois de tudo ainda não consigo. Eu tenho te tratado mal, tenho sido fria e ignorante, tenho falado mal de você para minhas amigas e meu Deus! Eu não consigo sentir ódio.    
Mas, sabe, estou cansada. Clara e visivelmente estagnada, escrevendo hipocrisias, repetições, os mesmos temas e as mesmas idênticas conclusões. Eu já estou perdida. Me perco nos temas e nos raciocínios e no fim, nada mais faz sentido.
Tenho pena das minhas amigas. Elas têm que ler todas essas baboseiras românticas, essas cópias baratas que eu escrevo, elas devem estar tão cansadas quanto eu…
Se eu soubesse que te dar uma chance me traria efeitos colaterais duradouros e incontáveis, eu… Eu ainda teria te dado essa chance. Essa é a pior parte. Eu preferiria passar por tudo isso outra vez, para reviver o lampejo de felicidade que você me proporcionou.
Você percebe? Esse texto, que deveria ser uma crítica aos meus outros romances asquerosos e sem nexo, se tornou apenas mais um deles…

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