Capítulo 05

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Ao sair da loja, caminhando ao lado de Vinicius, uma onda de lembranças me envolveu. As risadas e os momentos bons da infância se entrelaçavam com a dor da perda. Ele notou meu silêncio e me perguntou:

"Você está bem?"

"Sim," respondi, mas a insegurança na minha voz não passou despercebida.

"Você estacionou o carro de forma estranha," ele comentou, tentando quebrar o clima tenso.

"Eu sei," disse, forçando um sorriso. "Não sou a melhor motorista."

Quando nos despedimos, ele me desejou boa sorte, e suas palavras ressoaram em minha mente enquanto eu entrava no carro. "Estou preparada?" me perguntei, olhando pela janela enquanto dirigia. A dúvida apertava meu coração.

Ao chegar na casa da minha infância, um misto de emoções tomou conta de mim. Ao longe, vi Sr. Dominic e Sra. Flora cuidando do jardim, suas figuras familiares trazendo uma sensação de conforto e dor ao mesmo tempo.

"Natália!" Sra. Flora exclamou, parando o que fazia para vir até mim. "Que bom te ver, querida!"

"Oi, Sra. Flora," respondi, um nó se formando na garganta. "Senti tanta falta de vocês."

"Nós também sentimos sua falta. A casa não é a mesma sem você," ela disse, sorrindo tristemente.

Eu olhei em volta, o jardim ainda bonito, mas havia algo de melancólico ali. "Dês do acidente, não vim aqui," murmurei, sentindo o peso da saudade.

"Seus avós sempre amaram este lugar," disse Sr. Dominic, aproximando-se. "Eles queriam ser enterrados aqui, onde tudo começou. Aqui, onde se apaixonaram e construíram sua família."

"Sim," disse, a voz embargada. "Mas é tão difícil estar aqui agora. Eles me faz falta."

Sra. Flora colocou a mão gentilmente em meu ombro. "É normal sentir-se assim, Natália. O luto não tem um prazo. Leve o tempo que precisar."

"Eu só... eu não sei como seguir em frente," confessei, as lágrimas escorregando pelo meu rosto. "A casa está cheia de lembranças, e isso me machuca."

Vinicius, que havia ficado um passo atrás, aproximou-se, sua expressão cheia de compreensão. "Natália, você não está sozinha. Sempre que precisar, estou aqui."

"Obrigada, Vinicius," disse, sentindo uma mistura de gratidão e tristeza. "Mas eu realmente preciso encontrar meu caminho. Este lugar... é tão difícil."

Olhei para o jardim, para cada flor que, assim como eu, tentava florescer mesmo após a dor. "Como eu posso fazer isso?" perguntei, mais para mim do que para eles.

Sra. Flora sorriu suavemente. "Um passo de cada vez. E não se esqueça de que você é mais forte do que imagina."

Enquanto observava os dois cuidando do jardim, percebi que, assim como as flores, eu também precisava de tempo para curar. E, mesmo que o caminho fosse longo e árduo, eu não estava sozinha.

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