Capítulo 14

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A escuridão era profunda e silenciosa, como se o mundo ao redor de Natália tivesse desaparecido. A última coisa de que se lembrava era da luz ofuscante do dia, o som do trânsito distante. E então, tudo se apagou.

Gradualmente, a escuridão começou a se dissipar. Ela não sabia quanto tempo havia passado, mas sentia uma leveza no ar. Um som distante que parecia ecoar à sua volta a trouxe de volta à consciência. O que era aquilo? Ouvia vozes, mas eram murmuradas, como se viessem de um longo túnel. Sua mente tentava se conectar aos fragmentos de memória, mas tudo parecia nebuloso.

Natália tentou abrir os olhos, mas a pressão sobre suas pálpebras era imensa. Um esforço hercúleo a levou a abrir os olhos lentamente. A luz a cegou momentaneamente, forçando-a a fechá-los novamente. Ela se esforçou para se acostumar com o ambiente. Quando finalmente se permitiu abrir os olhos outra vez, percebeu que estava em um quarto branco, com luzes fluorescentes acima dela. O cheiro do álcool e dos desinfetantes era forte e familiar. O que estava acontecendo?

Tentou mover-se, mas seu corpo estava pesado, como se estivesse preso em uma massa de algodão. Então, ela percebeu. Estava deitada em uma cama de hospital. O pânico começou a surgir em seu peito, e ela tentou falar, mas os sons que saíram de sua boca foram apenas sussurros.

“Matt?” A única palavra que conseguiu pronunciar, um chamado desesperado.

E foi como se o próprio som de seu nome trouxesse algum tipo de resposta. As vozes se tornaram mais claras, e ela pode distinguir algumas palavras.

“Natália... Você está acordando?” A voz era familiar, calorosa. Era Matt. Seu coração disparou ao ouvir o tom de sua preocupação.

Nesse instante, tudo se tornou um turbilhão de emoções. Lembranças começaram a fluir: a alegria das últimas semanas, a dor da perda dos avós, os conflitos familiares, e aquele acidente. Natália tentou recordar os detalhes, mas a confusão a dominava.

— Natália, por favor, se você me ouve, faça um movimento — a voz de Matt suplicou, e ela percebeu que ele estava ao seu lado. Ela queria responder, queria fazer algo, mas o medo e a fraqueza a impediram.

Natália fechou os olhos novamente, concentrando-se. Se conseguiu abrir os olhos, talvez conseguisse mover uma mão. Então, com todo o seu esforço, ela tentou. Lentamente, ela levantou a mão direita e, com grande esforço, moveu os dedos.

— Natália! Você conseguiu! — a alegria na voz de Matt era contagiante, e isso a encorajou.

Foi o suficiente para que Matt percebesse. Ele começou a chamá-la com mais fervor, a sua voz um misto de emoção e esperança. Natália sentiu que algo dentro dela começava a despertar. Ela abriu os olhos novamente, e agora viu Matt com lágrimas nos olhos, um sorriso largo iluminando seu rosto.

— Você está aqui... — ela sussurrou, a voz fraca.

— Estou aqui, Natália. Eu nunca deixei de estar. — Matt segurou a mão dela, seus dedos firmes e quentes. — Você estava em coma. Estávamos todos tão preocupados.

Uma onda de emoções a inundou. Os sentimentos de solidão e desespero foram substituídos pela presença reconfortante de Matt. A realidade da sua situação começou a se fixar. Ela ainda estava no hospital, e havia um longo caminho pela frente, mas o simples fato de ouvir a voz de Matt e sentir sua mão a trouxe de volta à vida.

Natália olhou em volta, seu olhar se detendo nos rostos que agora começavam a se reunir ao seu redor. Havia Paola, Sra. Flora, e até mesmo tio Caio e a mãe , com expressões que misturavam alívio e preocupação.

— O que aconteceu? — ela perguntou, sua voz ainda baixa, mas agora mais firme.

— Você teve um acidente, Natália — Paola explicou, sua voz suave. — Mas agora está acordando, e isso é o mais importante.

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