Depois de uma semana de luta e recuperação, Natália finalmente recebeu alta do hospital. Ao sair, sentiu um misto de alívio e ansiedade. O sol brilhava intensamente, e a luz parecia quase mágica depois de dias sob a fluorescência do hospital. Ao lado dela, Tio Caio a observava com um olhar de proteção, embora sua expressão fosse geralmente distante.
— Pronta para voltar para casa? — ele perguntou, tentando parecer mais otimista.
Natália assentiu, embora uma parte dela estivesse preocupada com o que a aguardava em St. Jacobs. Com os conflitos familiares e a tensão entre sua mãe e seu pai, ela sabia que a tranquilidade seria difícil de encontrar.
Quando chegaram à casa, a primeira coisa que Natália notou foi o silêncio. A casa, que costumava ser cheia de vida e risadas, agora parecia vazia e pesada. Ao entrar, Sra. Flora estava à espera, com um sorriso caloroso, que trouxe um pouco de conforto.
— Natália! — ela exclamou, envolvendo-a em um abraço apertado. — Como você está?
— Estou bem, Flora. Apenas um pouco cansada — Natália respondeu, sentindo-se acolhida.
Enquanto ela se acomodava em seu quarto, um barulho intenso na sala chamou sua atenção. Era a voz de sua mãe, Kelly, levantando-se em um tom agudo e irado. Natália hesitou por um momento, mas a curiosidade e a preocupação a levaram a se aproximar.
— Você não tem direito de aparecer aqui! — Kelly gritava.
Natália ficou parada na porta da sala, observando com espanto. Seu pai, William, estava na frente dela, sua expressão era de indignação.
— Eu só quero ver a minha filha! — William respondeu, tentando manter a calma.
— Sua filha? Você não se importa com ela! Está mais preocupado em controlar o que resta da herança! — Kelly disparou.
A tensão entre eles era palpável, e Natália sentiu um nó se formar em seu estômago. Vendo a situação se intensificando, ela tomou coragem e entrou na sala.
— O que está acontecendo? — Natália questionou, tentando entender a cena diante dela.
Kelly e William se viraram para ela, e a expressão de William rapidamente se suavizou ao ver a filha. Mas Kelly estava irada, seu rosto vermelho de emoção.
— Estamos apenas discutindo sobre a sua segurança, Natália — Kelly disse, tentando parecer calma, mas a tensão em sua voz denunciava o contrário.
— Segurança? Você quer mesmo falar sobre isso? — William desafiou, sem se deixar intimidar.
Natália sentiu que a conversa estava saindo do controle e decidiu intervir. — por favor! Eu acabei de voltar do hospital. Não posso lidar com isso agora.
— Você deveria ter ficado longe dele, Natália! — Kelly insistiu, seus olhos cheios de preocupação e raiva.
— E você deveria me apoiar! Eu sou sua filha! — Natália respondeu, sentindo a frustração borbulhar dentro dela.
A porta da sala se abriu abruptamente, e Matt entrou, observando a cena. Ele percebeu imediatamente a tensão no ar e se aproximou.
— O que está acontecendo aqui? — ele perguntou, sua voz firme.
— Matt! — Natália exclamou, aliviada por vê-lo. — Eles estão brigando sobre... tudo.
— Não é da sua conta, Matt! — Kelly disparou, mas Matt não se intimidou.
— Com todo o respeito, tia Kelly, mas Natália não precisa de mais conflitos. — Matt olhou para a mãe e o pai dela. — Precisamos resolver isso de uma forma madura.
Enquanto Matt tentava acalmar a situação, Natália percebeu que Tio Caio havia se afastado discretamente para lhe dar espaço, observando a cena de longe. Ele sempre foi alguém em quem Natália podia confiar, e isso a fez sentir-se um pouco mais forte.
No entanto, o caos parecia interminável. A discussão entre seus pais continuava, e Natália sabia que algo precisava mudar.
— Chega! — Natália gritou, sua voz firme. — Isso não é a forma de resolver as coisas! Eu só quero paz, e não vou suportar isso aqui.
Todos pararam para olhar para ela. Kelly tinha lágrimas nos olhos, enquanto William mantinha uma expressão preocupada.
— Natália, nós estamos apenas preocupados com você — William disse, mas ela percebeu que ele estava mais preocupado em manter o controle da situação do que em realmente ouvir o que ela precisava.
— Eu preciso de vocês, mas não assim. Eu não posso ficar em meio a isso. Preciso de espaço para me recuperar. — Natália se virou para Tio Caio, que a observava com um olhar compreensivo. — Tio, você se importaria de me levar para um passeio?
— Claro, Natália. Vamos — Caio disse, sua voz suave.
Natália se despediu de todos, seu coração pesado, mas determinada a encontrar um pouco de paz. Quando saíram, Matt deu-lhe um olhar de apoio, e ela sorriu de volta, mesmo sabendo que a batalha estava longe de acabar.
Enquanto caminhavam pela cidade, Natália sentiu a pressão diminuindo um pouco. A briga de seus pais ainda estava viva em sua mente, mas a presença de Tio Caio e a beleza do dia a ajudaram a se acalmar.
— Você está bem, Natália? — Caio perguntou, quebrando o silêncio.
— Eu estou, apenas preciso de um tempo para processar tudo — ela respondeu. — Foi muito para mim.
— Eu entendo. O que quer fazer agora? — Caio perguntou.
— Eu só quero andar e respirar um pouco. — Natália olhou ao redor, admirando a tranquilidade da cidade, que agora parecia mais viva do que nunca.
Enquanto caminhavam, ela percebeu que, embora as tempestades em sua vida não tivessem acabado, ela tinha o apoio de pessoas que se importavam com ela. Com o tempo, esperava que as coisas se resolvessem, mas, por enquanto, estava grata por ter alguém ao seu lado.
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Procurando a Felicidade
RomanceEm uma trama repleta de emoções, superação e autodescoberta, Natália enfrentará seus medos e lutará para encontrar seu lugar no mundo, provando que, mesmo nas situações mais sombrias, a luz da felicidade pode brilhar intensamente.