Capítulo 15

2 1 0
                                    

Depois de uma semana de luta e recuperação, Natália finalmente recebeu alta do hospital. Ao sair, sentiu um misto de alívio e ansiedade. O sol brilhava intensamente, e a luz parecia quase mágica depois de dias sob a fluorescência do hospital. Ao lado dela, Tio Caio a observava com um olhar de proteção, embora sua expressão fosse geralmente distante.

— Pronta para voltar para casa? — ele perguntou, tentando parecer mais otimista.

Natália assentiu, embora uma parte dela estivesse preocupada com o que a aguardava em St. Jacobs. Com os conflitos familiares e a tensão entre sua mãe e seu pai, ela sabia que a tranquilidade seria difícil de encontrar.

Quando chegaram à casa, a primeira coisa que Natália notou foi o silêncio. A casa, que costumava ser cheia de vida e risadas, agora parecia vazia e pesada. Ao entrar, Sra. Flora estava à espera, com um sorriso caloroso, que trouxe um pouco de conforto.

— Natália! — ela exclamou, envolvendo-a em um abraço apertado. — Como você está?

— Estou bem, Flora. Apenas um pouco cansada — Natália respondeu, sentindo-se acolhida.

Enquanto ela se acomodava em seu quarto, um barulho intenso na sala chamou sua atenção. Era a voz de sua mãe, Kelly, levantando-se em um tom agudo e irado. Natália hesitou por um momento, mas a curiosidade e a preocupação a levaram a se aproximar.

— Você não tem direito de aparecer aqui! — Kelly gritava.

Natália ficou parada na porta da sala, observando com espanto. Seu pai, William, estava na frente dela, sua expressão era de indignação.

— Eu só quero ver a minha filha! — William respondeu, tentando manter a calma.

— Sua filha? Você não se importa com ela! Está mais preocupado em controlar o que resta da herança! — Kelly disparou.

A tensão entre eles era palpável, e Natália sentiu um nó se formar em seu estômago. Vendo a situação se intensificando, ela tomou coragem e entrou na sala.

—  O que está acontecendo? — Natália questionou, tentando entender a cena diante dela.

Kelly e William se viraram para ela, e a expressão de William rapidamente se suavizou ao ver a filha. Mas Kelly estava irada, seu rosto vermelho de emoção.

— Estamos apenas discutindo sobre a sua segurança, Natália — Kelly disse, tentando parecer calma, mas a tensão em sua voz denunciava o contrário.

— Segurança? Você quer mesmo falar sobre isso? — William desafiou, sem se deixar intimidar.

Natália sentiu que a conversa estava saindo do controle e decidiu intervir. — por favor! Eu acabei de voltar do hospital. Não posso lidar com isso agora.

— Você deveria ter ficado longe dele, Natália! — Kelly insistiu, seus olhos cheios de preocupação e raiva.

— E você deveria me apoiar! Eu sou sua filha! — Natália respondeu, sentindo a frustração borbulhar dentro dela.

A porta da sala se abriu abruptamente, e Matt entrou, observando a cena. Ele percebeu imediatamente a tensão no ar e se aproximou.

— O que está acontecendo aqui? — ele perguntou, sua voz firme.

— Matt! — Natália exclamou, aliviada por vê-lo. — Eles estão brigando sobre... tudo.

— Não é da sua conta, Matt! — Kelly disparou, mas Matt não se intimidou.

— Com todo o respeito, tia Kelly, mas Natália não precisa de mais conflitos. — Matt olhou para a mãe e o pai dela. — Precisamos resolver isso de uma forma madura.

Enquanto Matt tentava acalmar a situação, Natália percebeu que Tio Caio havia se afastado discretamente para lhe dar espaço, observando a cena de longe. Ele sempre foi alguém em quem Natália podia confiar, e isso a fez sentir-se um pouco mais forte.

No entanto, o caos parecia interminável. A discussão entre seus pais continuava, e Natália sabia que algo precisava mudar.

— Chega! — Natália gritou, sua voz firme. — Isso não é a forma de resolver as coisas! Eu só quero paz, e não vou suportar isso aqui.

Todos pararam para olhar para ela. Kelly tinha lágrimas nos olhos, enquanto William mantinha uma expressão preocupada.

— Natália, nós estamos apenas preocupados com você — William disse, mas ela percebeu que ele estava mais preocupado em manter o controle da situação do que em realmente ouvir o que ela precisava.

— Eu preciso de vocês, mas não assim. Eu não posso ficar em meio a isso. Preciso de espaço para me recuperar. — Natália se virou para Tio Caio, que a observava com um olhar compreensivo. — Tio, você se importaria de me levar para um passeio?

— Claro, Natália. Vamos — Caio disse, sua voz suave.

Natália se despediu de todos, seu coração pesado, mas determinada a encontrar um pouco de paz. Quando saíram, Matt deu-lhe um olhar de apoio, e ela sorriu de volta, mesmo sabendo que a batalha estava longe de acabar.

Enquanto caminhavam pela cidade, Natália sentiu a pressão diminuindo um pouco. A briga de seus pais ainda estava viva em sua mente, mas a presença de Tio Caio e a beleza do dia a ajudaram a se acalmar.

— Você está bem, Natália? — Caio perguntou, quebrando o silêncio.

— Eu estou, apenas preciso de um tempo para processar tudo — ela respondeu. — Foi muito para mim.

— Eu entendo. O que quer fazer agora? — Caio perguntou.

— Eu só quero andar e respirar um pouco. — Natália olhou ao redor, admirando a tranquilidade da cidade, que agora parecia mais viva do que nunca.

Enquanto caminhavam, ela percebeu que, embora as tempestades em sua vida não tivessem acabado, ela tinha o apoio de pessoas que se importavam com ela. Com o tempo, esperava que as coisas se resolvessem, mas, por enquanto, estava grata por ter alguém ao seu lado.

Procurando a Felicidade Onde histórias criam vida. Descubra agora