capítulo 01

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A luz da manhã filtrava-se pela janela do escritório, mas a atmosfera era pesada. Eu olhei pela janela, perdida em pensamentos sobre meus avós, que partiram há duas semanas. O peso da saudade era quase insuportável, e a indiferença da minha mãe só tornava tudo pior.

"Natália, você já decidiu o que fazer com a empresa?" A voz da minha mãe cortou o silêncio como uma faca.

"Você está preocupada com a empresa agora?" Respondi, um pouco mais ríspida do que pretendia. "Eu acabei de enterrar meus avós."

Ela revirou os olhos. "Se você não se importar, eu gostaria de saber se sou eu ou seu tio que ficará com o poder. Essa é a prioridade aqui."

Eu me afastei da janela e me sentei na mesa, sentindo um nó se formar no estômago. Os únicos que realmente se importavam comigo estavam mortos, e agora, tudo o que eu tinha eram as lembranças e essa guerra familiar. Meu tio, que sempre foi uma figura distante, parecia ainda mais estranho desde a morte deles. E onde estaria meu primo Matt? Ele ainda estava em Nova York? O pensamento de vê-lo me trouxe um leve conforto.

A porta se abriu abruptamente e o advogado Sr. Maicon entrou, seu olhar sério imediatamente capturando minha atenção. "Bom dia a todos. Precisamos discutir o testamento."

"Finalmente," minha mãe murmurou, ansiosa.

"Os falecidos deixaram tudo para você, Natália," ele declarou, como se jogasse uma bomba no meio da sala. Meu coração disparou. "A empresa de joias, as propriedades... tudo é seu."

"Mas eu ainda tenho dois anos para terminar a faculdade," murmurei, atordoada. O sonho de desenhar joias, algo que meus avós sempre incentivaram, parecia agora um fardo pesado.

"Você terá suporte," continuou Sr. Maicon. "Seu tio ficará responsável pela liderança, enquanto sua mãe cuidará dos designs."

"Mas isso não faz sentido!" Eu protestei. "Tudo é meu. Por que eu não posso liderar?"

"Natália," minha mãe interrompeu, sua voz aguda. "Você é muito jovem. Não pode lidar com tudo isso sozinha."

"Eu sou a única herdeira," respondi, tentando manter a calma. "Eu decido."

Um silêncio carregado tomou conta do ambiente. As palavras flutuavam, pesadas e desconfortáveis, enquanto eu tentava processar a situação. No fundo, uma chama de determinação acendia-se. Era hora de reivindicar meu espaço.

As brigas de poder da minha família não eram mais minha preocupação. Eu precisava me concentrar em quem eu realmente era e no que queria ser. Mesmo que a vida estivesse caindo aos pedaços ao meu redor, eu não deixaria que isso me definisse.

"Vamos continuar essa conversa em outro momento," disse Sr. Maicon, percebendo a tensão. "Natália, pense bem no que você deseja."

Assim que ele saiu, minha mãe me lançou um olhar que misturava desprezo e desafio. "Você não vai ficar com isso, Natália. Eu não deixarei."

Respirei fundo, sentindo que o verdadeiro desafio estava apenas começando.

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