Capítulo 34

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O grito que eu dei foi um grito de susto, e ao mesmo tempo de desespero e dor. Minha barriga foi tomada por uma dor intensa, e eu apenas me levantei sentindo todo aquele líquido que eu tinha sentido descer escorrer pelas minhas pernas. Eu travei. Eu só sabia chorar compulsivamente e pedir que ela ficasse ali comigo. Eu não podia a perder. Abaixei a calça do pijama que eu usava, e uma quantidade bem significativa de sangue vivo chegou até os meus pés. Era um sangue bastante avermelhado, e eu nunca tinha visto naquela quantidade. Eu já tava em completo desespero vendo toda aquela situação e não sabia o que fazer. Comecei a gritar pelos meus pais e rapidamente minha mãe apareceu na porta do quarto travando ao ver aquela cena.

- Omma! - Eu gritei a vendo parada na porta - Me ajuda, por favor.

- O que aconteceu? - Ela deu um passo para dentro do quarto e travou de novo - Hana... - Disse em choque

- Eu preciso ir pro hospital agora! - Eu gritei - Eu to perdendo meu bebê!

Appa apareceu logo em sequência atrás da minha mãe e entrou em choque quando me viu daquela forma. Nenhum dos dois sabiam o que fazer e eu só sabia gritar e chorar. Me recusava a aceitar que isso tava acontecendo. Omma rapidamente se aproximou e tirou minha calça que estava aos meus pés cheia de sangue. Pegou uma toalha rapidamente dentro do banheiro e enrolou em sequência enquanto eu só acompanhava tentando me manter calma. Minha visão ficou completamente escura, e enquanto eu tremia por inteiro, pedia aos céus compulsivamente que ela ainda estivesse aqui comigo.

Eu não lembro de muita coisa. Lembro do meu pai me pegando no colo e lembro de estar em movimento dentro do um carro. Lembro que as minhas mãos não saíram de cima da minha barriga em momento algum e lembro de sentir cheiro de hospital. Me mantive de olhos fechados o tempo todo já que recusava me ver naquela cena. Senti algumas mãos mexendo em mim enquanto uma única mão segurava a minha o tempo todo. Eu não parei de chorar um segundo se quer, e mesmo tendo certeza do que tinha acontecido, eu repetia a mim mesma que eu não podia a perder. Eu nunca me perdoaria por ter deixado a situação chegar a esse ponto. Eu nunca aceitaria ter perdido a minha filha por essa situação. Nunca.

- Hana... - O médico chamou minha atenção enquanto eu sentia ele passando algo gelado pela minha barriga

- Não me diz isso... - Eu o encarei me negando com a cabeça enquanto chorava

- Preciso que você seja forte agora, ok? - Ele encarou o monitor e depois a mim

- Por favor, Doutor. - Eu implorava enquanto chorava

- Escuta bem. - Ele voltou a encarar o monitor.

Eu apenas encarei o monitor e ele deu uma leve apertada na minha barriga colocando o aparelho para tocar os batimentos do coração do bebê. Não dava pra escutar nada. Ele continuou apertando e tentando achar os batimentos, mas não escutávamos nenhum barulho. Ele tentou, tentou, tentou, e nada. Não tinha nenhum batimento. Ele tirou o ultrassom da minha barriga, pegou em uma das minhas mãos e me encarou com a feição que eu jamais esqueceria. Meu choro que havia cessado por alguns segundos, voltou a ficar intenso quando naquela sala o único barulho que dava para escutar era dos meus soluços.

- Eu sinto muito, Hana. - Ele me encarava seriamente - Não tem mais nenhum batimento.

- Eu a perdi? - Eu disse entre os meus soluços

- Sim.

Eu apenas voltei meu olhar aos meus pais que estavam ao meu lado e ambos estavam chorando. Tava doendo tanto, tanto, tanto. Eu apenas desabei. Os dois me abraçaram ao mesmo tempo e enquanto estávamos nos abraçando eu só sabia me perguntar o porque. Por que logo comigo? Por que com a minha bebê? Escutei o médico saindo do meu lado e falando para a enfermeira chamar a psicóloga, mas a única coisa que eu queria escutar naquele momento era que tudo isso era uma grande mentira. Eu não queria escutar que situações assim eram normais, eu só queria minha bebê comigo e mais nada. Era engraçado pensar que quando eu descobri achei que minha vida tinha acabado, e agora não conseguia mais ver minha vida sem ela.

DANCE WITH ME? - KIM MINGYUOnde histórias criam vida. Descubra agora