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– Calma... Calma... Shh... – ela falava, tentando se controlar para não chorar mais. Padmé se ajoelhou perto de Anakin e deitou parte do corpo dele em seus joelhos. Ela tentava estancar o sangue do machucado, com a barra de seu vestido – Vai ficar tudo bem...

– Padmé... Doi muito... – indagou Anakin, com a voz fraca, como um suspiro.

– Shh... Eu sei, não fale muito... – ela colocou o dedo indicador nos lábios dele.

Anakin sentiu seu corpo suar frio e uma falta de ar. Ele se esforçava para falar. Apenas, prestando atenção no rosto de Padmé.

– Eu queria... Poder tocar no seu rosto... Mais uma vez... Sentir, com a minha mão... – esboçou, sobre o fato de ter tido ambos os braços, mutilados.

– Nós vamos dar um jeito... – ela sorriu fraco. Padmé escutou sua bochecha, na de Anakin, esfregando suavemente, sua pele contra a dele, – Está vendo?... – ela continuou. E ele fechou os olhos, sentindo o contato, e os abriu novamente, encarando os olhos dela, que brilhavam com as lágrimas petiscando em pequenas gotículas. E os cabelos cacheados, bagunçados pela agitação, emoldurando o rosto de Padmé, de forma perfeita.

Ele amava aquela visão. A visão do rosto de Padmé, morrer com aquela visão, era como ter chegado ao paraíso, Anakin pensava. Como ele a amava, como, ele amava Padmé.

– Você é tão linda... Eu te amo... – Anakin respirou fundo, se esforçando para falar.

– Eu também te amo... – Padmé deu um selinho nos lábios dele.

– Eu tenho que te dar... Essas coisas... – ele ergueu a sua mão de metal, entregando a Padmé, o colar de japor e o anel com a pequena pedra de kyber, – É para lembrar de mim...

Padmé não pode deixar de lembrar do pequeno garoto de nove anos, assustado e com frio, em sua nave, ao escutar Anakin falar.

– Não... Você não pode ir agora, Anakin... Você prometeu que voltaria... E a surpresa? Lembra?... Você tem que ficar bem, para me contar... Para ver o nosso bebê crescer... – ela ajeitou o cabelo dele, caído na testa, enquanto fazia carinho em sua bochecha, fazendo movimentos espirais com o polegar.

– Essa é... A surpresa... – Anakin continuou a se esforçar a falar...

– Como... Como assim?... – Anakin segurou a mão de Padmé, em seu rosto, com a sua de metal, depositando um beijo fraco, na palma da mesma.

– A surpresa... É que são... Leia e Luke... Os dois juntos... – falou.

As lágrimas de Padmé caíam sobre o rosto de Anakin, escorrendo pela bochecha dele.

– São dois bebês... – indagou Padmé.

– Eu vi... Nas minhas visões... – confirmou Anakin.

– Então, Anakin... Aguente... Por eles, por mim... Eu não posso te perder...Você conseguiu, venceu todos os seus medos... – Padmé apertou o corpo de Anakin, contra o seu.

Anakin sente a sua visão escurecer e o rosto de Padmé, desaparecer lentamente, em meio aos pontos escuros. As lágrimas dela continuavam a cair por sua bochecha e em seus olhos, até eles, finalmente fecharem.

– Eu te amo Padmé... – Anakin fala uma última vez, enfim descansando nos braços de Padmé, a pessoa que Anakin mais amava.

– ANAKIN... ANAKIN... – Padmé, agitava o corpo de Anakin, tentando fazer-lo reagir de alguma forma, ela acariciava os cabelos e beijava a sua testa, enquanto encarava o rosto sereno e angelical de Anakin, esperando que aquilo fosse o suficiente para acordá-lo de seu sono permanente, – AJUDEM, POR FAVOR... AJUDEM... – ela gritava para os que assistiam a cena com um aperto no coração.

Anakin Skywalker - Born To DieOnde histórias criam vida. Descubra agora