Forty-nine

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☆゜・。。・゜゜・。。・゜★

Acordei envolta em escuridão, uma névoa densa de dor. Minha cabeça latejava em ritmos lentos, e fiquei deitada no chão por um tempo interminável, tentando afastar o torpor que me consumia. 

Esforçando-me para levantar, apoiei a mão no chão gelado, mas o simples ato de me sentar contra a parede de pedra fria parecia impossível. 

Cada músculo do meu corpo queimava, como se estivesse preso em brasas invisíveis. Até o ato de mover os olhos drenava minhas forças, como se a própria vida estivesse escapando de mim.

Meus olhos permaneciam fechados, inchados de lágrimas que não ousavam cair. 

As lembranças eram fragmentos distorcidos, espectros de acontecimentos que me arrastaram até aqui. 

Vislumbres de uma realidade quase esquecida surgiam; olhos violetas incandescentes, cabelos ruivos como fogo, portas de pedra que trancavam destinos, um trono inalcançável. 

A segunda tarefa se aproximava, mas minha mente, dilacerada e confusa, mal conseguia processar o que isso significava.

Senti uma presença na minha confusão, como se uma sombra me observasse de longe, mas não conseguia focar. 

Havia algo no ar que me lembrava de Rhysand, algo sombrio e familiar. 

Lembrei-me de uma outra ocasião em que um Daemati mergulhou minha mente em um abismo semelhante, uma disputa que quase me fez esquecer até meu próprio nome. 

Foram meses de recuperação, enquanto minha família acreditava que eu estava distante, ocupada com tarefas banais.

Com a mão trêmula, levantei-a para examinar o olho de gato que agora marcava minha palma. 

Será que o Lorde Supremo conseguia enxergar além de mim? 

A névoa ao meu redor recuou ligeiramente, trazendo de volta a lembrança amarga da minha segunda tarefa; um julgamento sem propósito, uma prova onde a única conquista seria continuar viva.

Um gemido escapou dos meus lábios quando o mundo ao meu redor começou a girar, as paredes da cela se fundindo em sombras distorcidas. 

Fechei os olhos, tentando afastar a vertigem que ameaçava me engolir.

"Acabou de chorar?" Uma voz fria quebrou meu estado de torpor, revelando que não era só a minha mente que estava em confusão.

Rhysand.

Chorei no meu julgamento. 

Chorei. 

A humilhação era apenas uma sombra pálida do que eu realmente sentia. 

Lentamente, abri meus olhos ainda lacrimejantes, deixando que duas únicas lágrimas caíssem, turvando minha visão. 

O Grão-Senhor da Corte Noturna surgiu da penumbra, sua figura cruelmente familiar.

“Saia daqui, seu desgraçado.” 

Minha voz saiu como um sussurro áspero, enquanto tentava reprimir a dor que se alastrava em cada fibra do meu ser; uma dor que ele próprio havia infligido. 

Rhysand se ajoelhou diante de mim, o som de suas botas arranhando as pedras ecoando na minha cela. 

Ele agarrou meus pulsos, segurando-os com suas mãos ardentes. 

A dor percorreu minhas veias como um choque elétrico, mas segurei o grito que ameaçava escapar.

Ele inclinou o rosto, tão perto que senti seu hálito quente contra minha pele. 

𝑨 𝑪𝒐𝒖𝒓𝒕 𝒐𝒇 𝑺𝒕𝒂𝒓𝒔 𝒂𝒏𝒅 𝑭𝒍𝒂𝒎𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora