10 restantes
- Minha mãe sempre me conta histórias sobre Machara... Sobre como ela fugiu para cá junto de meu pai... Que eu tinha irmãos, um era o Pedrux, que morreu de peste bubônica há dois anos... E outro que sumiu quando eu tinha 3 anos... - Cherry comentara com Apuh, ambos admirado a passagem lenta do inverno para a primavera. "Por isso que eu nunca vi ele?" Apuh pensou, se recordando de quando Cherry mencionara que tinha um irmão, e se perguntou se ela estava bem naquele dia, dado que dissera ter um irmão sendo que o tal irmão estava morto.
A ruiva olhou para o horizonte, onde os primeiros sinais de flores começavam a despontar. A lembrança das histórias de sua mãe a envolvia como um manto, misturando nostalgia e tristeza.
- É estranho pensar que minha vida começou em um lugar tão diferente - disse ela, suspirando. - Machara parece tão distante agora. Às vezes, me pergunto como seria se eles estivessem aqui.
Apuh observou Cherry com empatia. O vento suave trazia o cheiro da terra molhada, e ele sentiu que era um momento para reflexão.
- A primavera sempre traz renovação - ele respondeu, tocando levemente o braço dela. - Você carrega essas histórias com você, e isso é parte de quem você é. Seus irmãos, mesmo ausentes, ainda vivem em suas memórias.
Ela sorriu, agradecida pela compreensão dele.
- Você tem razão. Às vezes, é fácil me perder na tristeza, mas eu também quero celebrar a vida que tenho agora. Quem sabe, com a chegada da primavera, novas oportunidades possam surgir.
- E quem sabe mais histórias, - Apuh acrescentou, piscando. - O mundo está cheio delas, esperando para serem descobertas.
- Sim... - Cherry terminou, interessada em terminar aquele assunto. Ela estava observando os campos onde os camponeses geralmente aravam a terra, e Apuh vira ao longe que haviam duas pequenas lápides em formatos de cruz, ambas com flores em cima (mesmo que as flores estivessem meio mortas e cobertas pela neve restante), talvez fossem os túmulos dos irmãos de Cherry... Naquela hora, Clara chegara ao longe, carregando duas peças de roupas, uma feminina e outra masculina. Ela olhara os túmulos distantes com ar de tristeza, antes de se aproximar de Cherry e Apuh, lhes entregando as peças de roupa para se vestirem com algo novo após um bom banho.
A mulher, após entregar as roupas aos jovens, ficara parada fitando os campos enquanto murmurava algo como "Era tão parecido com o pai e o outro comigo... Me pergunto o pecado que cometi para Robin permitir levarem meus bebês embora...", até notar que Apuh e Cherry começaram a fitá-la com um ar melancólico, logo parando e começando a falar com sua filha.
- Cherry querida... Pode me ajudar a limpar a sala para as visitas, por favor? - Ela perguntou, e Cherry gesticulou com a cabeça em afirmação, levantando-se e seguindo a mãe em direção à casa, até Clara olhar para Apuh e resolver chamá-lo para ajudá-las também. O rapaz olhou para as duas com um semblante surpreso, mas resignado o suficiente para se levantar e ajudar anfitriã e irmã de consideração.
Chegando lá, o trio ruivo se encontrou com Lg, que já limpava a sala junto de Dlet - estavam brigando - até que o rapaz de olhos rosas largara uma casca de fruta e fora cumprimentar Apuh, ajeitando o cachecol do namorado e lhe dando um abraço de boas vindas, sendo retribuído de maneira alegre e terna. Lg, assim que se desvencilhou do abraço, começou a atualizar Apuh das novidades do grupo, enquanto tiravam a poeira persistente da prateleira onde se guardavam tigelas e estatuetas.
- Você sabia que Jazz finalmente pediu Sam em casamento? Ele preparou para ela um lugar excelente e eu e Nogal fomos os cupidos! Foi maravilhoso! Eu só queria que você estivesse lá... - Apuh ficara extremamente feliz por Jazz e por Sam, apesar de se sentir culpado por não estar presente naquele momento importante, pelo fato de que ele estava junto de Cherry, tentando criar alguma intimidade de irmão e irmã, dado que era a primeira vez que ela não estava distante, fugindo ou algo do tipo. Jazz e Sam estavam ao fundo, ambos emanando uma energia alegre e apaixonada de um casal recém noivo por vontade própria, e apesar de terem sentido falta de Apuh no momento, se sentiram aliviados ao saber que finalmente Cherry resolvera abrir a boca e conversar com alguém que não fosse a mãe ou os animais que ocasionalmente apareciam na casa, logo se juntando à arrumação da sala.
Terminado o trabalho, todos começaram a se sentarem em um sofá para conversar, entretanto Apuh e Lg pareciam mais quererem ficar sozinhos por um momento, logo ambos saíram da casa com as próprias roupas de frio e chegaram de novo à clareira onde Cherry e ele conversaram antes, e logo Apuh teve a ideia de levar Lg até a colina para lhe atualizar do que ele e Cherry ficaram conversando durante a tarde.
- Lg, você está vendo aquela colina? - Apuh perguntou, envolvendo Lg com os dois braços e admirando a noite que chegava lentamente. - Sim... E parecem ter duas estátuas em formato de cruz por lá... São santos? - O rapaz de olhos rosados perguntou, e o ruivo deu uma pequena risada meio sem graça, antes de responder o parceiro.
- Não... Não são. São túmulos...
- Túmulos?
- Sim... Dos irmãos de Cherry... Um desapareceu há muito tempo e outro faleceu há dois anos... De peste bubônica... - Apuh declarou e Lg ficou sem reação, antes de se formar um semblante entristecido em seu olhar. A situação continuou assim até Lg ter certa confusão e fazer uma pergunta para Apuh, tentando refrescar a memória.
- Mas ela não disse que tinha um irmão quando chegamos em Machara? Para mim, ela deixou um pouco implícito que ele estava vivo... Não?
- Eu também achei que ele estava vivo... Mas suspeitei o fato de que nunca vimos ele...
- Verdade... Tem isso também...
Um minuto de silêncio, e a curiosidade do casal se manifestou, fazendo ambos se perguntarem quem seria o tal irmão desaparecido do outro túmulo, dado que o morto era Pedrux. Eles pegaram um lampião na porta da casa e começaram a caminhar até o morro de mãos dadas, com o objetivo de entrarem mais a fundo da história. Chegaram lá, e Apuh aproximou o lampião da segunda lápide, entrando em confusão logo em seguida.
- Lg... Eu escolhi meu nome não é?
- Sim?
- E o que ele faz nessa lápide?!
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𝘼 𝙫𝙚𝙧𝙙𝙖𝙙𝙚𝙞𝙧𝙖 𝙧𝙚𝙘𝙤𝙢𝙥𝙚𝙣𝙨𝙖-𝑳𝒂𝒑𝒖𝒉
Fanfic"-𝙊𝙝! 𝙈𝙚𝙪 𝙨𝙚𝙣𝙝𝙤𝙧, 𝙢𝙚 𝙙𝙚𝙨𝙘𝙪𝙡𝙥𝙖! 𝙉𝙖̃𝙤 𝙥𝙧𝙚𝙘𝙞𝙨𝙖 𝙨𝙚 𝙞𝙣𝙘𝙤𝙢𝙤𝙙𝙖𝙧! 𝙀𝙪 𝙡𝙞𝙢𝙥𝙤...- 𝘿𝙞𝙨𝙨𝙚 𝙘𝙤𝙢 𝙤 𝙨𝙚𝙢𝙗𝙡𝙖𝙣𝙩𝙚 𝙦𝙪𝙖𝙨𝙚 𝙚𝙢 𝙡𝙖́𝙜𝙧𝙞𝙢𝙖𝙨, 𝙚 𝙤 𝙤𝙪𝙩𝙧𝙤 𝙜𝙖𝙧𝙤𝙩𝙤 𝙡𝙝𝙚 𝙧𝙚𝙨𝙥𝙤𝙣𝙙𝙚�...