Capítulo 1

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10 ANOS DEPOIS


Los angeles CA - 2023



POV LAUREN


- Vamos Lauren quero mais uma volta. - mesmo dentro da piscina eu ouvia a voz da treinadora McKeever. - Isso excelente virada. E... Foi.


- Quase perfeito Jauregui, vamos encerrar por hoje nos vemos amanhã e não se esqueça de fazer a recuperação muscular. - minha treinadora falava enquanto eu saia da piscina.


- Pode deixar Teri, até amanhã. - falei e me dirigi ao vestiário, tomei um banho e vesti minhas roupas casuais, uma calça jeans preta, um cropped branco, um coturno e minha inseparável jaqueta de couro preta.


Saí do ginásio onde treinava e segui para minha casa, era uma bela casa em Beverly Hills, quando a comprei parecia um sonho, mas agora depois de um tempo tenho achado ela grande demais pra mim e minha solidão.

Cheguei em casa e Margareth a moça que cuidava da limpeza e minha alimentação já havia ido embora, estava escurecendo e tudo que eu queria era ouvir aquela voz mesmo que fosse com a mesma mensagem já decorada até de trás pra frente. Segui para meu quarto e apenas troquei de roupa e enchi uma taça com vinho, peguei meu velho celular e fui pra varanda observar a lua que estava tão linda hoje. Mesmo o celular já velho e sem funcionalidade de algumas funções, o mais importante ainda poderia ser ouvido. Dei o play


-"Hey, campeã! Eu ainda tô aqui explodindo de orgulho de você. Que vitória incrível! Sério, você é simplesmente incrível, Lauren. Desde quando te conheci eu sabia que você ia quebrar todos os recordes e ainda conquistar muito mais. Não é só pela sua habilidade na piscina, mas pelo jeito que você encara tudo com tanta determinação. Eu me sinto tão sortuda de estar ao seu lado..."


Eu podia sentir algumas lágrimas escorrendo pelo meu rosto, toda noite era mesma coisa, ouvir a voz da latina amenizava um pouco do meu arrependimento em ter sido egoísta ao duvidar que o nosso amor seria insuficiente pra lidar com a distância.


Bom, aqui estou eu dez anos depois e cercada de arrependimento, mas covarde o bastante pra deixar o tempo passar sem ter coragem de saber sobre Camila, única coisa que eu sei é que ela ainda mora em Morgantown, minha família vem me ver sempre que pode o que me poupa de voltar a Morgantown. Eu não volto lá desde que sai, a dez anos atrás, onde deixei meu único e verdadeiro amor em troca de uma carreira que apesar do bom dinheiro que me rendeu, me rendeu também a solidão, a incapacidade de amar um outro alguém além de Camila e me rendeu um arrependimento eterno. Hoje vivo cercada de luxo e fama, mas isso não ameniza minha solidão, saio com mulheres apenas pra suprir minhas necessidades, pode parecer machista e me faz parecer uma crápula por dizer isso, mas nenhuma delas foi capaz de ascender a chama que se apagou quando deixei Camila naquela praça. Meus únicos momentos de paz é quando eu pego meu antigo celular e escuto a voz da latina, na mesma mensagem de áudio de dez anos atrás, é tudo que tenho dela.


Ouvi por repetidas vezes o áudio e chorei tanto que peguei no sono na varanda mesmo, acordei com os raios do sol em meu rosto, com as costas um pouco dolorida pela posição em que dormi. Me levantei, fiz minha higiene matinal e coloquei minha roupa para malhar, todos os dias eu malhava na academia do condomínio onde eu morava.


- Bom dia Margô, como está?


- Bom dia Lauren, estou bem e a senhorita como passou a noite? - a encarei pelo senhorita. Vi que nem tocou no jantar que deixei preparado pra senhori... Perdoe, pra você.


- Eu estava sem fome, tomei um shake de proteínas antes de dormir - menti. - Não se preocupe.


- Tudo bem, mas se sente e tome café, fiz os waffles que você adora. - Margareth falou me entregando um prato com duas waffles, calda e algumas frutas. - E claro, seu suco de laranja.


Eu era viciada em suco de laranja, que aprendi a gostar por causa de Camila que amava a fruta em questão.


- Muito obrigada Margô, e por favor se sente pra tomar café comigo. - Pedi e vi Margareth se sentar em uma das cadeiras da enorme mesa.


- Não há de que, sabe que eu amo cuidar de você, e quando dona Clara vem te visitar, confesso que fico muito feliz quando ela diz que eu cuido muito bem de você. - Margô falou me fazendo rir.


- Você e minha mãe com essa história de cuidar de mim como se eu fosse uma criancinha, permita-me lembrá-las logo farei 30 anos. - falei divertida, apesar de achar um pouco de exagero por parte delas eu gostava de ser cuidada.


Conheci Margô quando eu comprei essa casa já alguns anos atrás, ela era da Austrália e tinha acabado de chegar nos EUA, foi amor à primeira vista. Ela estava a procura de um emprego aqui no condomínio e eu precisava de alguém pra organizar a casa, logo deu match. Margô é uma mulher rechonchuda no auge dos seus 57 anos, que adora café e faz um frango assado como ninguém, que minha mãe não me ouça, ela era viúva e sem filhos e acabou pra encontrar em mim uma filha e eu encontrei nela uma mãe. Ela e minha mãe eram quase uma dupla dinâmica, ambas confidenciavam cada passo que eu dava, sem contar nos puxões de orelha quando necessários e claro muitos conselhos.


Depois do café, Margô foi para a cozinha e eu saí de casa para a academia, eu ia andando assim matava tempo na esteira. Ao passar pelo playground vejo um casal de mulheres com seu filho brincando, aquela cena era inevitável não lembrar de Camila.



Flashback on


- Camz e filhos, quantos iremos ter? - eu perguntava animada. Falar sobre nosso futuro era meu passatempo favorito.


Estávamos deitadas no gramado próximo ao lago, o dia estava quente, então estar ao ar livre da companhia de Camila era tudo o que eu podia querer pra sempre.


- Dois, um casal. A Luna e o Mateo. - a latina falava com um grande sorriso.


- Amei os nomes, mais latinos impossíveis. - ri da constatação.


- Mas é claro, Cuba hoje e sempre. Como já escolhi os primeiros nomes, os segundos ficam por sua conta. Apontou pra mim.


- Certo, certo. Estranho seriam se não fossem composto. - ri e deixei um beijo em sua bochecha. - Que tal Luna Angelina e Mateo Alejandro?


- Eu amei baby, não vejo a hora de poder ter os nossos bebês. - Camila falava animada.


- Eu também meu amor, quero muito ter nossa família.


Flashback off



Era triste saber que por ambição eu tenha deixado todos esses planos pra trás. Cheguei à academia e fiz meu treino do dia. Por ser atleta de alto rendimento eu tinha uma rotina regrada até mesmo nos finais de semana, ter regras me ajudava a manter o foco no meu objetivo, e no momento meu objetivo é chegar entre as cinco melhores no mundial, a meta máxima era alcançar o pódio.


Voltei pra casa, passei uma rápida água no corpo e vesti minha roupa para o treino na piscina. Teri era minha treinadora a alguns anos, eu conheci ela depois que o Bowman foi demitido de Devis acusado de abuso de poder com as atletas, nunca tive nenhuma ocorrência com ele, mas também pouco pude treinar com ele, um mês depois que eu cheguei ele foi exonerado do cargo e Teri entrou no lugar dele, coincidentemente ela era treinadora da universidade da Pensilvânia e veio a convite do reitor assumir a universidade da Califórnia. Como todos os dias o treino foi exigente, eu me sentia exausta, mas eu gostava porque toda essa exaustão me fazia esquecer da merda que minha vida era.

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Pra sempre minha garota Onde histórias criam vida. Descubra agora