Capítulo 8

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Filha, você tem que entender que as coisas não estão da mesma forma que você deixou, você fez uma escolha que na época lhe pareceu ser o certo, mas enquanto você foi ganhar o mundo, ela sofreu, e sofreu muito, Sinuhe vinha até em casa todas as noites, dia após dia durante meses, o medo de Camila morrer de tanto sofrer era real. - eu já sentia as lágrimas tomarem conta dos meus olhos. - Não te falo isso pra te ver mal com isso, mas você precisa saber que as coisas mudaram, Camila é mãe agora, uma ótima mãe por sinal, ela tem prioridades, ela não vai se jogar de cabeça num ex relacionamento mal terminado de dez anos atrás. Além de Sean, tem Luna que é a coisa mais importante no mundo pra ela, então se quiser entrar nisso de verdade saiba que você vai ter que dar o dobro de si.


- A senhora acha que...que ela ainda sente algo por mim que não seja ódio? - perguntei limpando minhas lágrimas que insistiam em escorrer.


- Ela não te odeia, talvez ela ainda esteja magoada, mas não te odeia. Porém hoje ela tem uma vida, uma filha, um restaurante e um casamento vai e vem. É muita coisa, de tempo ao tempo. - minha mãe me abraçou afagando meus cabelos.


- Todo mundo acha que eu não sofri, eu sofri mãe, sofri muito, aliás ainda sofro. - minha mãe nada falava apenas afagava minha cabeça. - Eu guardo um celular velho, só porque nele está a mensagem que ela me mandou quando ganhei a última competição do colégio, quando ele quebrou eu cheguei a oferecer muito dinheiro para concerta-lo, porque eu já havia perdido ela e não podia perder a única coisa que eu tinha dela. Eu sei que ela tem uma vida, uma filha, uma carreira e um casamento no fim, e eu não seria leviana em chegar e querer retomar tudo de onde paramos, as coisas mudaram, eu sei, mas se tem uma coisa que não mudou nem um centímetro, foi o meu amor por ela, e se eu tiver que guerrear pra ela me perdoar eu vou guerrear, nem que pra isso eu perca, carreira, dinheiro, prestígio e tudo o que eu conquistei.


- Eu te apoio, mas vai com calma não quero te ver cair em ruínas se não der certo. - dona Clara segurou meu rosto em suas mãos me fazendo olha-la. - Eu ainda acho que exista algo ali dentro dela sobre você, vai com cuidado que tudo pode dar certo. - ela beijou minha testa.


- Obrigada por isso, eu te amo.


- Também te amo, meu bebê. Mas vamos embora que temos uma ropa vieja pra fazer. - concordei com um aceno.


[...]



Fazia um mês que eu estava em Morgantown, voltar a ter a convivência da minha família era muito bom, nesse tempo liguei para Teri e perguntei se ela poderia me treinar aqui, ela aceitou na hora, um dia depois do meu pedido ela embarcou pra Virgínia acompanhada da minha fiel escudeira Margô, que ficou triste por saber que eu não voltaria a LA, mas se animou quando eu a chamei para trabalhar na casa da minha mãe, que por ser voluntária em tempo integral no ginásio recreativo não tinha muito tempo e disposição para tarefas domésticas. Teri agora, além de me treinar, organizava campeonatos internos e treinava as crianças e adolescentes que faziam natação.


- Vamos Jauregui, quer moleza come pudim. - ouvi Teri dizer ao fazer a volta para concluir meus 400mts. - Tá lenta demais, uma velhinha sem braço estaria mais rápida. - finalmente concluí.


- O que foi isso Lauren? - falou me mostrando o cronômetro. - Você demorou duas vezes mais pra concluir, o que está acontecendo? - foi falando enquanto me ajudava a sair da piscina.


- Eu não sei, só não estou num bom dia, aliás não estou numa boa década. - retirei minha toca jogando no banco de qualquer jeito.


Eu estava impaciente, frustrada e irritada, não conseguia bater meu tempo, não conseguia mais controlar minha respiração nas passadas, meu tempo dobrou, minha cabeça estava a milhão.

Pra sempre minha garota Onde histórias criam vida. Descubra agora