Pra sempre minha garota

Capítulo 12

Entrei no hospital e logo avistei Taylor ao longe, sentada com Clara. As duas estavam sentadas com a cabeça baixa, Tay segurava um copo de água ainda cheio. Ao me ver, levantou rapidamente e veio ao meu encontro.

- Camila! - Me abraçou chorando.

- Tay, o que aconteceu, como aconteceu? - perguntei perdida.

- Parece que o carro derrapou por causa do asfalto molhado, provavelmente perdeu o controle e bateu no meio fio fazendo o carro capotar, ela bateu a cabeça no acidente e desmaiou. Ela tá na UTI, o médico disse que... - ela não conseguia falar, eu a abracei, sentindo meus olhos arderem pelo choro.

- Camila... O que faz aqui? - Clara perguntou quando me viu abraçada a Tay.

- Eu... - as palavras sumiram.

O que eu iria responder se nem eu mesma sabia o que estava fazendo ali, mas também sentia que não havia outro local para em que eu pudesse estar do que naquele hospital onde o clima de aflição podia ser palpável. Era como se eu estivesse sufocando pelo medo, pela angústia.

- Será que eu... Que eu poderia vê-la. - minha voz era quase inaudível. - Prometo se rápida. - Clara não soube o que responder diante do pedido meu pedido.

- Claro Mila. Ela está no quarto 727 - Taylor respondeu um pouco mais calma.

Apenas acenei com a cabeça e segui pelo corredor que Tay indicou, podia sentir o tremor das minhas mãos e pernas.

O quarto de hospital é frio, silencioso, exceto pelo som dos aparelhos. Ver Lauren deitada naquela cama, com a cabeça enfaixada, com um semblante frágil que eu nunca vi antes. Antes de entrar parei na porta, respirei fundo sentindo meu peito se apertar cada vez mais.
Me aproximei lentamente da cama, por um segundo hesitei em toca-la.

- Ah Lauren, porque tinha que voltar, eu achei que estava tudo certo aqui dentro. - apontei para meu peito. Acariciei sua mão com o polegar, mesmo com as mãos frias, ainda sim era bom poder toca-la de novo. - Eu estava conformada em viver um casamento vai e vem, minha vida estava seguindo, mas aí você voltou, e tudo o que parecia ter tido um ponto final, se revelou em ser apenas uma vírgula. - eu já não continha mais o choro. - Eu te odiei tanto, Lauren. Tantas noites em claro, pensando por que você escolheu ir embora, por que sua carreira sempre foi mais importante do que... do que nós. Eu queria ter morrido naquela época, não tinha mais sentido viver sem você, justo você que prometeu nunca me deixar. Mas o tempo passou, eu fui aprendendo a me amar, a me fazer ser importante. Eu... Eu estava começando a acreditar que tinha superado. Que já não doía mais tanto, que você era passado, apenas uma lembrança ruim. Mas eu estava mentindo pra mim mesma, não é? - sorri secando meu rosto.

- Dez anos, Lauren. Dez anos e eu ainda penso em você todas as noites. Eu ainda choro, eu guardo a nossa caixa amarela. Mas infelizmente a vida não é como a gente espera, talvez a gente não era pra ser, nosso tempo foi, você fez suas escolhas e eu me virei com as consequências. - soltei sua mãe e acariciei seu rosto, cheguei perto do seu ouvido. - Apesar de tudo, eu ainda amo você. - sai do quarto.

Me encostei na parede do lado de fora e desabei em um choro sôfrego. Depois de um tempo me recompus e voltei à sala de espera.

- Mila...

- É horrível vê-la naquele estado, tão frágil. - comentei.

- É sim, mas ela é forte e logo ela acorda. - falou me abraçando de lado.

- Vai sim, e Clara?

- Ela foi até o estacionamento esperar meu pai chegar. Mila, eu sei da situação de vocês duas, sei o que pensa da minha irmã...