Capítulo XV: Mais perdido que meu time em campo.

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Como um filho do deus dos mares — que tem tudo a ver com água — eu confesso que não sabia onde esconder a minha cara após tamanha idiotice. Eu sou o cara da água, eu me responsabilizo por essas coisas, meus poderes incríveis só funcionam com água, e ainda assim consegui a proeza de me esquecer de trazer uma mísera garrafa. É, eu vou culpar o Quebra-Dentes por isso, minha mente ficou um pouco leve depois da nossa pequena aventura aérea.

— Eu acho melhor a gente voltar.

Getúlio sussurra, e todos parecem concordar. A jornada pelo labirinto não deve ser tão longa assim, porém nenhum de nós gostaria de ficar com sede depois dos esforços físicos que certamente nos aguardam. Antes de retornarmos, dou uma breve olhada para o caminho a frente. Era um longo, longo corredor, tão escuro que as sombras tornavam impossível de enxergar depois de certo ponto. Aquela visão fez surgir arrepios pela minha espinha, e eu admito que cogitei a ideia de não entrar ali. Eu poderia voltar e ficar em paz na cabana do meu pai, comendo e bebendo do bom e do melhor como se isso fosse uma colônia de férias, treinando de vez em quando só para dizer que estou me esforçando.

Ah... que sonho...

Infelizmente essa ideia ficaria apenas no plano inconsciente, já que profecias e missões não pareciam ser exatamente opcionais por aqui. Minha única reclamação era: por que parecia que eu havia pego a pior missão possível para um novato?

— Relaxa, eu trouxe um cantil.

Lucian pega a sua mochila e a abre, removendo o objeto mencionado e mostrando como se fosse uma relíquia. Por conta do seu nariz empinado e seu sorriso de orelha a orelha, eu suponho que ele acredite que esse tenha sido o momento de "líder responsável" dele.

— Que bom! E esse cantil tem água infinita? — eu pergunto, vendo o sorriso dele desmanchar em tempo real. — A gente tá em cinco, cara.

— Ô Alexandre... — ele diz, cerrando os olhos e me encarando. — Esquece, bora voltar.

Segurando a risada, eu acompanho o resto do meu grupo escada acima, e nós subimos o que parecia ser o maior conjunto de degraus já visto. Certamente nós não havíamos passado nem metade desse tempo descendo, então por que demoraria tanto para subirmos? A resposta era tão simples que não chocava absolutamente ninguém: magia. Bem, essa era a única explicação plausível para o que aconteceu cinco minutos depois de decidirmos voltar — nós nos deparamos mais uma vez com aquele mesmo corredor, semelhante até o mínimo detalhe. Até mesmo o meu sorriso desmancha, e a realização de que isso seria mais complexo do que imaginávamos pesa em nossas mentes ao mesmo tempo.

— E aí, descemos ou seguimos aqui?

Kuta pergunta para mim e para Lucian, logo depois de suspirar fundo e reclamar enquanto murmura.

— Já tamo aqui, né? — respondo. — Melhor que ficar subindo e descendo.

Puxando a lanterna e pensando em tomar a frente, vejo Lucian acelerando o passo e empunhando o seu escudo, adotando uma expressão mais séria — porém não sem antes me lançar um olhar de "eu sou o líder aqui, parceiro". Dando de ombros, sigo logo atrás dele enquanto ilumino o caminho, tentando não me assustar com cada mínimo barulho que ouço. Em minha defesa: qualquer um desses sons poderia ser um lobisomem com uma espada ou um dragão! Após alguns minutos andando em uma linha reta sem encontrar nenhum indício sequer de uma sala ou um ponto de interesse, Noah nos para.

— Galera, me desculpa. — ele diz, sua voz tão cansada quanto sua expressão. — Tem como andar um pouquinho mais devagar?

— Tá tudo bem, Noah?

Os Heróis do Novo Olimpo: O Filho das ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora