É o que estava tocando na minha mente enquanto eu pensava: de todas as decisões que tomamos até então, acredito que a grande maioria levou a um desastre. É com muita insegurança, então, que me pergunto: será que seguir a deusa da morte é mesmo uma boa ideia? Experiências anteriores e o papel dela levam a entender que não, e, ainda assim, cá estamos.
Seguindo a deusa da morte.
— Kuta... — chamo a atenção do rapaz ao meu lado, que se assusta com a minha voz. Não é de se surpreender: ele estava só o pó. Pra piorar só se estivesse em chamas, coisa que ele estava alguns momentos atrás. — Eu tô achando que isso é uma má ideia.
— A gente não tem muita opção, né? Pelo menos ela é aliada.
Aliada. Palavra curiosa nessa situação. Bem, ela não trucidou o Getúlio quando ele começou a levantar o tom de voz, o que é um ótimo sinal.
— Senhora, — é a vez de Kuta me pegar de surpresa, acelerando sua caminhada o máximo que pode e alcançando a deusa. Eu sinto o meu coração pular uma batida ou duas, acreditando que dessa vez ele não escaparia da morte. Piada não intencional. — com todo respeito, o que você tá fazendo aqui?
— Uma alma fugiu do submundo. — ela responde com seu tom sereno, sem nem ao menos virar-se para olhar para Kuta. — Meu trabalho é trazê-la de volta.
Nesse momento, eu iria odiar ser o pobre coitado que é alvo de uma deusa. Não me parece ser um destino agradável, com toda certeza. O que seria ainda pior, no entanto, seria acabar entrando no caminho dela, seja por sermos irritantes ou algo do tipo. Talvez eu esteja preocupado até demais, porém não tenho vontade nenhuma de ver outro amigo meu ficando para trás, ainda mais se fosse completamente evitável com ações simples, como: deixar a deusa em paz.
Não é tão difícil, caras, eu juro!
— Alex. — o filho de Hermes me chama de longe. — O que a gente veio fazer mesmo?
— Viemos buscar um semideus perdido.
Eu respondo, tentando ser o mais breve possível. Algo me impede de querer ser percebido por aquela mulher. O que não faz o mínimo sentido, mas com instinto não se discute.
— Não era um sátiro?
Getúlio pergunta, confuso. Ainda mais confuso estava eu, me perguntando como diabos ele trocou "semideus" por "sátiro". As palavras nem se parecem.
— Pelo que observo, Quíron mandou seus melhores para essa missão.
Tânato comenta, e eu posso jurar que senti o sarcasmo em sua voz. Por um lado, essa foi boa, genuinamente. Por outro, foi uma ofensa direta que eu nem ao menos posso contestar. Difícil acreditar que eu, Alexandre, sou o mais competente desse grupo.
— Ah, lembrei. — Kuta estala os dedos. — Era um negócio de filho das chamas, não?
— Um filho de Hefesto?
Tânato questiona.
— Ninguém sabe. — Getúlio responde a deusa. — A oráculo disse que temos que ir atrás de uma cidade perdida, ou escondida, ou ambos, aqui dentro do labirinto.
— No labirinto, hm... — Tânato parece ponderar aquelas palavras, e por um momento eu acredito que ela estava disposta a compartilhar seu conhecimento conosco. Infelizmente, ou ela não estava no clima de dividir ou não sabia de nada sobre aquele assunto. — Vocês tem alguma forma de se localizar aqui?
— Não que eu me lembre.
Respondo, tentando lembrar do momento em que eu pessoalmente verifiquei todos os nossos itens. O único que estava de fora, claro, era Lucian, por motivos óbvios. Eu preciso parar de pensar nisso.
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Os Heróis do Novo Olimpo: O Filho das Chamas
AvventuraNum mundo onde semideuses assumiram o papel de deuses após uma batalha contra Urano, o Novo Olimpo é abalado por um ataque de antigos inimigos. Surgem os filhos da antiga linhagem de heróis para desvendar uma trama sombria, enfrentando desafios e di...