Capítulo XVI: Penitência.

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Água quente, descanso merecido, uma folga do labirinto depois de horas andando. Nesse tipo de situação, espera-se que um mero "tibum" seja o menor dos problemas das pessoas, certo? Errado! Para os outros no meu grupo, aparentemente era um exagero tirar as minhas roupas e pular na água. A pior parte? Ninguém nem se deu o trabalho de me explicar o porquê de tanto incômodo. De onde eu venho, isso significa que eu estou certo e eles errados. Outra vitória moral, Noah, mandou bem, pensei, contente comigo mesmo.

Embora meus "amigos" não tenham aproveitado a fonte térmica tanto quanto eu, os inteligentes — vulgo Getúlio e Alexandre — passaram o tempo discutindo sobre uma estátua. Algo sobre Ofotauro, Ofiotauro? Isso, Ofiotauro, ou pelo menos é o que significava a estátua no meio da sala. Blablabla, deus dos mares, blablabla. Algum dia eles aprenderão a viver as coisas mais simples da vida, por exemplo: aproveitar o descanso com um amigo!

Sim, eu fiquei magoado.

Não, eu não vou dizer isso em voz alta, mas haverão sinais.

Meu descanso acabou apenas quando as circunstâncias estranhas do labirinto me atingiram novamente. Quase cochilando na fonte, eu mal percebo quando meu corpo lentamente volta a ficar fraco. Meus músculos parecem amolecer, as coisas ficam lentas, incluindo minha mente, esse tipo de coisa. Ok, essa é a gota d'água. Não importa que eu esteja passando por isso faz horas, não, importa que alguma coisa tirou o meu descanso.

Espera, horas?

Geralmente eu fico cansado de noite e animado de dia, porém tenho quase certeza que saímos de manhã, então é impossível ter anoitecido e amanhecido repetidas vezes no período em que estivemos aqui, a menos que...

O tempo tá passando mais rápido aqui dentro! — eu grito, ficando de pé em um pulo com o que sobrou de minhas energias. Muito para o meu incômodo, minha exclamação gerou mais "esconde essa coisa, Noah!" do que "que boa ideia, Noah!". — Eu descobri, pessoal! Eu fico cansado de noite, e tranquilo de dia. O tempo tá passando super rápido, hahaha!

Empinando o nariz e esperando os elogios pelo meu raciocínio digno de aplausos, eu percebo a reação da pessoa mais próxima a mim naquele momento: Alexandre. O rapaz estava com a pele pálida e boquiaberto, e eu poderia jurar que as gotas d'água em sua testa não eram da fonte térmica, e sim de nervoso. A pergunta "por que?" rapidamente se torna uma afirmação de desespero em minha mente, e eu logo ligo os fatos. Se os dias estavam passando em um piscar de olhos, então a gente tem que ir embora agora.

— Alguém tem um relógio?

Getúlio pergunta, também aparentando estar assustado.

— Eu tenho, eu tenho. — Lucian tenta forçar a calma, porém estava claramente tão chocado quanto o resto de nós. Por um lado, cara, minha teoria foi tão boa que ninguém nem cogitou discordar! Por outro... cara. — E... não tá funcionando. Os ponteiros pararam.

— Gente, eu acho que o Noah tá certo. — Alexandre parte a minha defesa, engolindo em seco. — O que vocês acham de comer aqui rapidinho e meter o pé sem pensar duas vezes?

— Aconteça o que acontecer, temos que pensar no objetivo, Alexandre. — o filho de Zeus toma a frente da discussão, encarando o filho de Poseidon nos olhos. — Dito isso, é bom terminarmos nossa missão o mais rápido que der.

Embora as reações variem em relação ao foco no objetivo, todos nós concordamos em parar e seguir assim que comermos. Nós cinco estávamos com os nervos à flor da pele, sentindo o peso da conclusão da passagem alterada de tempo, e até mesmo o processo de comer parecia uma perda de tempo. Tipo, a gente precisa comer, claro, mas e se terminarmos a missão antes?

Os Heróis do Novo Olimpo: O Filho das ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora