Capítulo XX: Quando o sol se erguer.

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Depois de tanto tempo ficando fraco e depois forte, eu choro de felicidade ao sentir o sol. A literal fonte dos meus poderes estava finalmente diante de mim, e isso só comprova aquela frase: você só dá valor às coisas quando as perde. Eu dou muito valor ao sol, e iria cair morto no chão no momento em que perdesse ele de novo.

Quando eu paro de me distrair com aquele calor agradável na minha pele, presto atenção aos meus arredores e percebo que estava em um lugar tanto quanto curioso. Era uma lavanderia, daquelas pequenas e meio sujas, cheias de máquinas e cestos com roupas. Além de nós quatro, ela estava completamente vazia.

— Alguém precisa lavar as roupas?

Eu perguntei, percebendo que eu mesmo estava sujo. Claro, os cortes não seriam resolvidos com uma simples lavagem, mas ajudaria um pouco na nossa higiene. Como minha mãe dizia: estar limpo faz bem!

— Meh, não tem roupa aqui pra roubar. — Kuta soava decepcionado enquanto tirava roupa por roupa dos cestos. — Quando a gente voltar pro acampamento eu lavo as minhas no rio.

Excluindo a primeira parte, Getúlio e Alexandre pareciam estar de acordo, ou só não ligavam muito para higiene. Espero que não seja isso, porque eu não gosto de coisas fedidas. Seja como for, nós saímos da lavanderia e nos deparamos com uma rua cheia. Uma multidão se locomove pelos passeios, tanto indo quanto voltando, gerando uma grande confusão. As ruas em si estavam lotadas de carros e motos, buzinando sem parar.

Os prédios que compunham esse cenário eram extremamente genéricos, focando mais em encaixar dezenas de coisas no menor espaço possível do que realmente ser bonito. Apartamentos, lojas, todo o tipo de coisa se encontrava aqui. Bem, pelo menos no meu campo de percepção. Era muita gente, mas esse lugar é bem legal!

— Essa é a cidade perdida do labirinto?

Kuta pergunta.

— É possível. — Alex comenta, e logo eu murcho percebendo a possibilidade de ainda estarmos dentro daquele lugar escuro e triste. — Mas eu acho que não, tem muita gente normal aqui, e eu acho que reconheço esse lugar dos filmes...

— Já sei! A gente tá no Brooklyn!

Kuta olha para os lados maravilhado, como se estivesse procurando algum cenário familiar que confirmasse sua afirmação.

— Não, Kuta, isso não é o Brooklyn.

Eu digo, me aproximando de algum pedestre que não esteja apressado e tocando em seu ombro, chamando sua atenção. Um homem alto se vira para mim. Embora eu não pudesse ver sua expressão, seu maneirismo era evidentemente de alguém desconfortável..

— Posso ajudar?

Ele pergunta, sua voz incerta.

— Senhor, onde estamos?

Eu busco saber onde era esse lugar, abrindo um grande sorriso para tentar ser o mais educado possível.

— E-Em Vegas, óbvio? — ele responde indignado, perdendo toda a incerteza que tinha. — Eu tô com pressa, moleque, valeu aí.

— A-ah, claro, Vegas, obrigado senhor!

Me despeço dele com um aceno de mão que ele nem ao menos vê, pois já havia se virado de costas e se misturado na multidão imediatamente. Antes que eu possa falar sobre essa informação, Kuta põe as mãos no meu ombro e aponta para algo que estava fora do meu campo de percepção.

— Kuta, eu não enxergo.

Eu digo com certa tristeza, lembrando o rapaz mais uma vez dessa característica minha.

Os Heróis do Novo Olimpo: O Filho das ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora