Capítulo XXII: As cinzas que voam com o tempo.

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No momento em que vemos meu pai, a primeira coisa que Noah faz é acenar pra ele e tentar se aproximar enquanto diz em voz alta "oi, tio Hermes!".

Ou pelo menos foi o que ele tentou fazer antes de Lucian tampar sua boca e segurá-lo pelo braço, impedindo Noah de fazer qualquer idiotice. Com esse assunto resolvido sem que eu precise fazer nada, eu volto a tentar prestar atenção nas pessoas na mesa. Coincidentemente, no instante em que olho para o homem com chapéu de cowboy, vejo ele disfarçadamente tirando uma carta de dentro de sua manga e incluindo-a na mesa.

— Haha, Full House seu otário! — ele declara, se reclinando no sofá e colocando suas mãos atrás de sua cabeça, tentando parecer descolado. — Você perdeu.

Olha, eu não preciso ser o maior fã do meu pai, nem sou muito chegado no cara, mas ainda assim isso me deixa irritado. O cowboy roubou na cara dura e ainda tenta fazer marra? Ah, se depender de mim não vai ficar barato.

Eu tento lembrar da mesma sensação que percorreu meu corpo quando tentei roubar a espada dourada, e logo eu sinto a magia fluindo pelas minhas veias. Um sorriso de orelha a orelha se abre em meu rosto, e eu estendo a minha mão para invocar a mão dourada (o nome da magia está sendo trabalhado). O problema? Nada acontece. Eu juro que tentei, e um brilhinho até saiu de mim, porém nada além disso.

É, se depender de mim vai ficar mais do que barato. Roube a vontade, moço do chapéu.

— Não tenta nada engraçado agora.

Ouço a voz de Lucian ao meu lado. Mesmo segurando Noah com as duas mãos, ele ainda assim estava prestando atenção em mim, provavelmente lembrando dos meus feitos anteriores. Eu admito: eu me sinto mal pelo que fiz.

— Meu pai tá alí, relaxa.

Tento diminuir as preocupações do rapaz, mas a menção ao meu pai só faz ele lembrar da fama de Hermes, e eu percebo que Lucian fica ainda mais aflito.

E por falar nele, meu pai inicia sua resposta em silêncio, abrindo um sorriso enquanto coloca suas cartas na mesa.

Royal Flush. — ele diz, um tom inconfundível de arrogância em sua voz. — Você perdeu de novo.

Sem perder tempo, Hermes estende seus braços e puxa as fichas para o seu lado da mesa. Sua expressão estava visivelmente orgulhosa, mas ele agia como se aquela fosse mais uma vitória, e provavelmente era mesmo. O cowboy não parecia ter gostado tanto, pois ele imediatamente fica de pé e bate com suas mãos na mesa.

— Você tá me roubando, Nolan. — o homem parece estar quase rugindo de raiva, seu rosto ficando mais vermelho a cada palavra sua. — Eu não vou deixar essa passar.

Em um golpe mais rápido que um raio, meu pai se inclina e passa sua mão por trás do pescoço do homem, puxando-o pela nuca e batendo seu rosto na mesa com tanta força que vejo ela rachando. Lentamente, Hermes aproxima-se do ouvido dele e começa a dizer em alto e bom tom:

— Vai ser o seguinte. — a arrogância de antes se torna violência pura. — Você vai tirar os pés do meu cassino antes que as coisas piorem, entendeu?

Empurrando o homem para longe, meu pai volta a se reclinar em seu sofá e arruma sua própria roupa. Enquanto o homem de chapéu se afasta com um olhar de ódio, percebo que meu pai me olha por um segundo, sua expressão como sempre nada convidativa. Eu quase ouvi os pensamentos dele: o que esse merdinha tá fazendo aqui?

É óbvio que eu não vou deixar ele sem resposta, já que isso seria falta de educação e eu talvez seja o cara mais educado do grupo inteiro. Ignorando os sussurros de "fica parado aí" do Lucian, eu ando até meu pai e me sento onde antes estava o cowboy. Hermes segue me encarando de cima abaixo, como se já estivesse sem saco para mim mesmo antes de eu abrir a boca.

Os Heróis do Novo Olimpo: O Filho das ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora