v3 - Not Celebrity • Immoral Fame

4. Contato visual.

Naquela mesma noite quando Sooyan chegou em casa, ela foi recebida com um caloroso abraço e um beijo demorado.
— Eu estava com saudade. — disse Hyunjin.
— Nos vimos ontem a noite. — disse a garota com os braços em volta do pescoço dele, um sorriso leve no rosto.
— Cada vez que eu pisco os olhos é um segundo a menos vendo você, e até nesse curto intervalo eu fico com saudade. — disse Hyunjin franzindo as sobrancelhas e fazendo bico.
— Nossa, como você é dramático. — disse Sooyan, ela riu e deu um tampinha de leve no braço de Hyunjin que a soltou, ela suspirou pesado. — O dia hoje foi... caramba, super tenso. Preciso de um banho.
Hyunjin abraçou a garota por trás e ambos subiram para a suíte principal.
— Que tal uma massagem depois? — perguntou ele e deu-lhe um beijo na nuca.
— Vai depender. — disse Sooyan e abriu a porta do quarto. — Que tipo de massagem?
— Do tipo externa, e interna também. — Hyunjin mordeu o lóbulo da orelha dela com leveza quando pararam frente a cama, em seguida ele fungou na pele dela, que arrepiou.
— Hmmm, nesse caso... — Sooyan murmurou e girou no abraço do rapaz ficando de frente para ele e envolveu os braços em volta pescoço do mesmo. — podemos inverter a ordem de tudo, o que acha?!
Hyunjin deu um largo sorriso malicioso e a beijou.
Dali eles transaram e tomaram um banho juntos de banheira, depois votaram para a cama e ficarem conversando enquanto passava na tv ligada a um filme de ação.
Sooyan estava sentada, recostada em um amontoado de travesseiros fazendo tranças no cabelo do ídol deitado com a cabeça em seu colo.
— Como foi o seu dia hoje? — perguntou Hyunjin.
— Só problemas, papelada, análise de projetos, reunião, mais papelada...! — disse Sooyan sem entusiasmo. — A mesma coisa de sempre.
— Hoje foi a gravação de apresentação de coreografia de um dos do vídeo do Enhypen, não foi? — Hyunjin perguntou olhando a tv.
— Foi hoje sim. — confirmou Sooyan e suspirou. — Aquele seu amigo me tira do sério as vezes. Hoje ele inventou um problema persistente com o figurino só para me chamarem.
Hyunjin riu abafado sabendo muito bem de quem se tratava.
— Não vou mentir, eu faria igual, senão pior! Você tem uma energia tão boa que recarrega qualquer um só de olhar para você.
— Se esse fosse o caso ele poderia abrir o navegador do celular e pesquisar o meu nome. — disse Sooyan ironicamente. — Iria aparecer bastante fotos minha.
Hyunjin riu e inclinou a cabeça para trás no colo da garota para olha-la.
— Ah, qual é, pega leve com ele. Não é tão ruim ter um admirador, é?!
— Ser admirador está a um passo de ser stalker.
Hyunjin riu.
— E o novo sócio? — ele perguntou. — Afinal, todo aqueles suspense do Dong-Seok fez jus a quem ele indicou?
Sooyan estremeceu e parou de trançar o cabelo do ídol, sentiu seu coração palpitar e uma sensação gelada na barriga. Ter sido questionada sobre o novo sócio, por quem se tratava ser, aquela pergunta soou como uma ordem para que confessasse um crime bárbaro; ela engoliu a seco e voltou a fazer as tranças, tentando disfarçar o desconforto que sentiu brevemente.
— Era o Park Seo-joon. — contou tentendo parecer o mais normal possível. — Nos assinamos com ele.
— Uau, sério?! — Hyunjin arfou surpreso e parecendo empolgado. —  Ele é um cara de nome. Vai ajudar bastante a empresa a lucrar mais.
— É. — Sooyan concordou ansiosa por aquilo. — Mas e você, como foi o último dos três dias de folga?
O rapaz demorou alguns segundos para dar uma resposta.
— Eu não fiz nada, estou tão cansado dessa agenda, só queria ficar cinco dias direto em um quarto escuro, só comendo e dormindo. — comentou Hyunjin cutucando uma pelezinha seca no lábio enquanto olhava para a televisão. — Fazer show, entrevista, pega avião, sai de avião, vai pra show, entrevista e... Arh, está acabando comigo. Ou melhor, com todos nós.
— Eu pensei que gostasse das turnês. — disse Sooyan olhando o que fazia.
— Nenhum artista gosta de turnês, nem mesmo o Michael Jackson gostava. — disse o ídol. — Viajar é bom, é legal conhecer lugares e voltar a outros que já fomos, mas isso quando é opcional. — ele fez uma pausa longa e suspirou. — Eu gosto do meu trabalho, mas o Jung Wook está agendando muitos compromissos em pouco intervalo de tempo, mal conseguimos comer, nem mesmo descansar.
— Que cara escroto. — disse Sooyan com repulsa. — Ele faz isso por que não é ele quem faz o trabalho pesado.
— Eu sinto falta do Jyp como CEO. — o lamento soou denso na declaração de Hyunjin. — Queria que algum milagre acontecesse para que ele voltasse a comandar tudo outra vez.
Sooyan suspirou.
— Se até eu sinto falta, imagina vocês. — ela pausou. — Pelo menos já tem um tempo que Jung Wook não pega no pé de vocês, não é?!
— O que não quer dizer que a gente se suporte, mas no meu caso, vou continuar aceitando tudo o que ele impor e creio que os outros também, na esperança de que ele não use outras pessoas próximas a nós para nos atingir. — disse Hyunjin, ele se sentou e se virou para a garota, deu um leve sorriso, levou a mão até o rosto dela e acariciou-lhe a bochecha. — O que quero dizer é que estou feliz por ele ter te deixado em paz.
Sooyan sorriu o olhando e também levou a mão no rosto dele e acariciou-lhe a bochecha, ela se inclinou e colou seus lábios nos dele, o dando um selinho demorado, denso e estalado; eles de afastaram quando ouviram o som da campainha.
— Está esperando alguém? — Hyunjin perguntou.
Sooyan franziu as sobrancelhas confusa, tentando se lembrar se havia marcado algo com alguém.
— Não. — ela disse, ainda sem ter muita certeza.
Hyunjin se levantou e caminhou em direção a porta do quarto.
— Eu vou ver quem é. — ele disse antes de sair e descer as escadas.
Sooyan começou a trocar os canais na tv enquanto Hyunjin descia para atender a porta, e quando ele chegou na sala e checou a imagem da câmera da fechadura reconheceu a pessoa do outro lado; ele abriu a porta com um largo sorriso.
— Oi, amigão. — disse o ídol estendendo os braços para Eun-ho no colo do pai, o pequeno se jogou para ele com um largo sorriso. — Como você está?
— Bem, tio Hyu. — disse Eun-ho com o tom manhoso e arrastado, as palavras com a pronúncia não tão bem ditas. — Cadê a mamãe?
— Sua mãe está lá em cima, você já vai vê-la. — disse Hyunjin ao garoto em seu colo e virou a atenção para V. — Oi, como é que vai?
V deu um leve sorriso amigável franzindo os lábios e cumprimentou Hyunjin com uma leve revencia de cabeça.
— Eu estou bem, obrigada. — pausou. — Eu liguei para a mãe dele, mas ela não atendeu. Eu posso falar com ela?
— Ah, claro, eu vou chamar. — disse Hyunjin e olhou o pequeno em seu colo. — Dá tchau para o papai. Fala "tchaáu".
— Tchau, papai. — disse Eun-ho, e acenou em despedida seguindo o estimo de Hyunjin.
V sorriu e acenou para o filho.
— Tchau, filho. Eu te amo.
Hyunjin se afastou levando Eun-ho, que seguiu acenando para o pai até sumir, V não esperou muito tempo, em menos de dois minutos Sooyan desceu o recebeu na soleira da sala.
— Oi. — ela disse.
— Oi. — disse V a olhando. — Eu liguei para você, mas...
— O Hyunjin falou. — Sooyan o interrompeu serena. — Aconteceu alguma coisa?
V desviou um olhar para baixo e passou a língua rapidamente nos lábios secos, sentiu um desconforto travar na garganta mas o engoliu com dificuldade.
— Aconteceu um imprevisto e eu vou precisar viajar amanhã cedo, por isso eu o trouxe antes do combinado, mas volto antes da próxima semana e posso pega-lo. — disse V e estendeu a mochilazinha do filho que ficou com ele, Sooyan a recebeu sem fazer contato visual.
— Tudo bem, sem problemas. — disse a garota.
V a encarava com os lábios entreabertos e os olhos brilhando, viu quando ela balançou a cabeça e mexeu os ombros pela demora dele em ter alguma ação como resposta.
— Mais alguma coisa? — ela perguntou ainda assim olha-lo.
— Ah...! — V piscou e desviou o olhar por um momento. — Então, é sobre a viajem no final do ano.
Sooyan sabia do que se tratava, afinal já havia algumas semanas que ela tentava não ceder a aquele assunto.
— A gente pode falar disso depois? Eu não estou com cabeça para conversar agora.
— Você nunca tem tempo para falar comigo. — disse V, a expressão série, mas transparecia desânimo. — Eu sempre te ligo, mando mensagem, e você nunca responde.
Sooyan suspirou e desviou o olhar para ele por um momento.
— Eu mal tenho tido tempo para mim mesma.
— Você não atendeu quando eu liguei, mas poucos minutos depois curtiu a foto que eu postei com o Eun-ho, ou seja, você viu que eu liguei. — disse V friamente. — Mas a realidade é que você continua tentando me evitar.
Sooyan se lembrou da foto que tinha curtido no curto intervalo de tempo entre a ligação que ignorou e a postagem.

(A foto em questão)

— Isso não leva nem um segundo, não importa.
— Importa sim. — disse V avançando um passo e ficando mais próximo dela, que gelou. — Olha só você, nem consegue olhar para mim.
A garota sabia que aquilo era verdade, mas na tentativa orgulhosa de contraria-lo o olhou, o encarou por poucos segundos, mas vê-lo de perto a deixava desconsertada e invocava sentimentos que ela lutava para não nutrir; ela desviou novamente o olhar para baixo.
— Viu só?! — exclamou V confirmando o que disse, em seguida suspirou se afastando alguns passos para trás.
Sooyan bufou.
— Eu não posso simplesmente dizer "sim, eu deixo o Eun-ho viajar para passar o natal com você", eu estaria mentindo. — ela disse. — Eu preciso falar com a Ha-ri antes e...
— A Ha-ri não precisa ir junto, por que eu quero que você vá! — disse V a interrompendo, ele fez uma longa pausa. — O que quero é proporcionar ao nosso filho um natal em família, com os meus pais, a sua mãe...! — ela suspirou pesado. — Eu só quero criar boas lembranças com ele.
Sooyan sentiu um formigamento no rosto e contraiu o nariz tentando neutralizar a sensação para que seus olhos não viessem a lacrimejar.
— O problema todo é que não somos um família feliz e eu não vou fingir ser só para criar boas memórias falsas para o meu filho.
V bufou.
— Sooyan, por favor...
— Eu vou pensar. — ela disse o interrompendo e pausou, finalmente o olhou. — Eu vou pensar a respeito, ver a minha agenda e falo com você depois.
V a encarou em silêncio por um tempo, analisando a expressão dela na tentativa de detectar se aquilo era mesmo verdade ou puro fingimento, simplesmente para que ele parasse de insistir.
— Está falando sério? — ele perguntou.
Sooyan suspirou desviando o olhar por um momento.
— Sim, é sério. — ela disse com sinceridade e suspirou. — Prometo que vou pensar a respeito.
V deu um leve sorriso e enfiou as mãos nos bolsos da calça.
— Obrigada por isso. — ele disse. — Eu espero uma resposta então.
— Ok. — Sooyan franziu os lábios tentando forçar um sorriso amigável. — Tchau.
— Tchau. — V acenou sorrindo e se virou caminhando para ir embora.
Sooyan ficou ali parada na soleira o vendo se afastar, o coração dela parecia querer sair do peito, sentiu uma sensação quente no estômago.
— Ei. — chamou por impulso.
V parou e se virou surpreso olhando a garota que ainda estava na porta.
Ao vê-lo se virar Sooyan sentiu o tremor no corpo e um formigamento no punho, ela apertou a maçaneta e prendeu a respiração; sentiu a tensão diminuir e deu um leve sorriso.
— Se cuida. — apenas disse.
V deu um leve sorriso e balançou a cabeça, novamente se virou e seguiu seu caminho.
Sooyan o olhou até que sumisse entrando no elevador, ela respirou fundo, fechou os olhos apertando as pálpebras, sentindo um enorme desconforto pelas sensações que sentia, mas logo entrou e fechou a porta.

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