1. Até então, tudo bem.

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O céu estava cinza, as nuvens cobriam o sol, que lutava para fazer o dia brilhar, o vento leviano balançava as árvores e o som das folhas sendo sacudidas lembrava a chuva forte.
Em meio a tantos rostos tristes e molhados por lágrimas, Sooyan era a única que não chorava.
Ela estava abaixada na frente de uma lápide em mármore, seus olhos focados em um grupo de pessoas distantes a sua esquerda: uma mulher de meia idade estava sendo amparada por um homem um pouco mais alto, haviam poucas pessoas no velório da filha deles, haviam apenas familiares próximos e amigos íntimos, estavam distribuídos nas duas fileira de acentos ali na grama.
Na primeira remessa de bancos, que era onde os pais da garota sepultada estava, ao lado deles haviam duas senhoras de terceira idade, ambas com enormes chapéis rodados cobrindo seus rostos enrugados com um cetim preto que ia até o queixo.
Ao lado, na fileira à direita, haviam algumas garotas jovens, provavelmente amigas da que se foi, essas choravam em conjunto sendo amparada por elas mesmas.
Sooyan desviou o olhar para a lápide em sua frente, ela encarou as letras gravadas em preto por um tempo, colocou uma rosa vermelha sobre a grama na frente do mármore, encostou a ponta de seus dedos nós lábios, os beijando, e tocou a escrita na pedra fria.
A gravação de baixo de seus dedos dizia:

PARK JIN YUH
1995 - 2022
Amada filha, irmã e amiga


- Estou com saudade. - ela disse baixo, e ficou um tempo encarando a lápide.
A garota suspirou e se levantou, ela se virou e foi embora do cemitério deixando para atrás toda a culpa que sentia pela morte da amiga, afinal o alvo daquele acidente era o bebê que ela salvou.
Quando o elevador abriu no último andar, onde ficavam os escritórios dos proprietários na Emp. E.D.Y, Sooyan desceu e foi em direção a sua sala, no caminho ela cumprimentou todos por quem passou e na entrada no seu escritório havia um balcão; atrás dele estava Dan, um dos seus primeiros contratados.
- Bom dia. - ela o cumprimentos com um sorriso ao se aproximar do balcão.
- Bom dia, chefinha. - disse Dan sentado na frente de um computador, ele se esticou e, em uma das prateleiras do móvel, pegou um copo, o qual colocou em cima do balcão próximo a Sooyan. - Um latte quente com creme de baunilha! Do jeitinho que você gosta.
- Arh, que delícia, eu precisava disso para alegrar minha manhã. - ela disse pegando o copo e deu um gole.
- Espero que alegre mesmo. - disse Dan, ele olhou ao redor e se levantou, apoiou as mãos no balcão e se inclinou para cochilar para a chefe. - O Dong-Seok está impossível hoje, super impaciente, veio te procurar umas cinco vezes. Ele perguntou se eu sabia o motivo por você ter se atrasado, e eu disse que você precisou sair para resolver documentações pessoais.
Sooyan murmurou enquanto tomava um segundo gole do café quente e cremoso.
- Você é de mais, obrigada por me avisar. - ela disse, esse virou para ir em direção a sua sala. - Avisa a ele que eu já cheguei, por favor.
Sooyan deixou sua bolsa na poltrona e caminhou para trás de sua mesa, ela se sentou e folheou rapidamente alguns arquivos empilhados alí, se recostou e girou a cadeira para parede de vidro com vista para a cidade, ela ficou olhando as pessoas caminhando lá embaixo como se fossem pequenas formigas em volta de um formigueiro, sempre quis ser independente, mas nunca imaginou chegar onde estava - e estava satisfeita.
Dong-Seok se aproximou da sala da garota, e através do vidro a viu sentada olhando a paisagem, então ele passou por Dan no balcão, e entrou na sala.
- Onde é que você estava?
Sooyan ouviu a voz familiar e girou a cadeira para olhar em direção a porta.
- Bom dia para você também, sócio.
- Tínhamos uma reunião mais cedo, está manhã! Eu tive adiar por duas horas sem saber se você chegaria a tempo. - ele disse. - Você não atendeu nenhuma das ligações, onde é que você estava?
- Me desculpa, eu perdi a hora. - disse Sooyan, pegou seu latte e deu um gole. - Eu vou passar o dia na empresa, não irei me atrasar para a reunião novamente.
Dong-Seok bufou e se aproximou mais dela na mesa, a expressão de irritação.
- Perdeu a hora? Porra, Tak Soo-yan, eu liguei para sua casa e a Ha-ri disse que você tinha saído antes mesmo dela chegar. - contou a desmentindo. - Essa reunião é muito importante para a nossa empresa, eu venho te preparando para isso a semanas, e você simplesmente some.  - ele pausou a vendo desviar o olhar e mexer as sobrancelhas com um ar de deboche. - Eu quero uma explicação válida para isso.
Sooyan bufou e suspirou irritação.
- Essa reunião foi ideia sua, já te disse que não precisamos de novos sócios, nós três damos conta de tudo. - cruzou as pernas e mas mãos elegantemente sobre o colo. - Eu não sou a favor de simplesmente ceder ações a um qualquer só por que ele é famoso.
- Nós já conversamos sobre isso. - Dong-Seok abriu o botão do meio do terno, afastou ambos os lados da veste para trás e descansou as mão nos quadris.
- É, nós conversamos. - ela concordou e se levantou, deu a volta na mesa e parou na frente dele de braços cruzados. - E eu lembro que isso foi depois que você mesmo disse que se contentava em ser apenas sócio cotista.
- É verdade, mas foi você quem insistiu que eu fosse administrador também. - ele a lembrou.
- Por que eu não sou a única proprietária dessa empresa, você também deveria poder opinar na gestão, já que a E.D.Y só existe por causa de você. - ela o disse.
- A E.D.Y existe por causa de você e dos projetos incríveis que você criou até aqui. - ele disse e pegou em um dos braços dela, a fazendo descruza-los, e deslizou a mão até a dela, assim a segurando. - Você treinou pessoalmente uma equipe inteira de projetistas, e quase todos os projetos inventados são maravilhosos. Eu confio em você, e é por isso que eu me contento apenas em investir, eu concordei quando você quis dar uma pequena porcentagem da empresa a Thória e fazer dela sócio minoritário, então por favor, aceite ouvir as propostas de quem eu indiquei também.
- Eu não quero um sócio nominal. - disse a garota.
Dong-Seok apenas franziu os lábios a olhando.
Sooyan suspirou recordando de quando expandiram a empresa e ela o pediu para ceder uma pequena porcentagem de suas ações junto as dela para presentear a Thória pelo seu esforço, e por estar junto a eles desde o início, Dong-Seok não exitou em momento algum em aceitar, e isso a deixou muito feliz.
Agora Thória era uma sócia da E.D.Y, com apenas 4,9% das ações, enquanto Dong-Seok tinha 47,5% e Sooyan 47,6%.
- Tudo bem. - ela disse para a alegria dele, ela suspirou e deu uma pausa longa ao desviar o olhar para o chão. - Eu fui visitar a Yuh. Hoje faz dois anos desde que ela se foi.
Dong-Seok suspirou pesado, se sentiu um idiota por tê-la cobrado tanto naquela manhã.
- Me desculpa, eu não lembrava. - ele disse, acariciando a cicatriz no dorso da mão dela com o polegar. - Se tivesse me dito antes, eu teria remarcado a reunião para outro dia e ido com você.
- Não, está tudo bem. - ela disse e deu um leve sorriso o olhando. - Trabalho é trabalho.
Dong-Seok sorriu de volta para ela.
- Sooyan. Com licença. - Dan entrou depois de dar duas batidinhas na porta de vidro. - Ligaram lá de baixo, estão precisando de você em um dos camarins do estúdio sete.
Sooyan bufou revirando os olhos.
- Qual o problema dessa vez?
- Disseram que é um problema com figurino. - contou Dan.
- Não podiam só ter chamado um figurinista? - Sooyan perguntou.
- É ele outra vez? - Dong-Seok perguntou a Dan, se referindo a uma pessoa em específico que estava sempre reclamando de tudo.
Dan retraiu os lábios e assentiu.
Dong-Seok bufou.

v3 - Not Celebrity • Immoral FameOnde histórias criam vida. Descubra agora