beijos olímpicos

Capítulo 5

POV DO SIMON

— Que golaço da Grã-Bretanha nessa segunda metade de partida! Os espanhóis vão ficando para trás na competição, mas ainda tem jogo! — Simon ouviu o narrador dizer na reprise do futebol em seu celular.

Tinha vencido o duelo de espada, mais cedo naquele dia, e, infelizmente, por causa da agenda e distância, não pôde ir até o estádio Velódrome torcer pelo futebol pessoalmente. O segundo tempo tinha terminado fazia algumas horas quando ele começou a assistir e agora restavam apenas quinze minutos para o fim da partida.

Baz parecia bem em campo. Seu cabelo impecavelmente preso num coque alto, o curativo cobrindo uma das sobrancelhas estava ok, pernas longas e fortes... ele parecia ótimo — como sempre. Aquilo devia deixar Simon despreocupado, mas ele só conseguia pensar no momento que tiveram àquela manhã; Snow nunca o vira deixar transparecer tanta emoção.

Queria que ele chegasse logo no quarto, queria vê-lo de perto e se certificar que estava, de fato, tudo bem, que a conversa e o beijo existiram, e queria muito tocar seu rosto novamente.

— ... que belo passe do Niall pro Pitch... hmmmm... falhou na recepção dessa bola o camisa sessenta e um. Lateral para a Espanha. Opa! Não teve muito tempo para pensar, o time espanhol. Grã-Bretanha com a posse. Niall para Brown, ele consegue passar pela marcação, agora a bola com o Evans e aí Brown novamente. A Espanha tenta recuperar, mas Pitch chega na velocidade...

— Isso! Vamos!

— ...cara a cara com o camisa cinco da Espanha! Ele tenta achar um ângulo, mas a defesa está bem fechada, será que vai sair mais um gol da Grã-Bretanha nesse finalzinho de segundo tempo?! Pitch milagrosamente encontra uma brecha e cruza para Evans, ELE AJEITA E CHUTA... EM CIMA DO GOLEIRO!

— MAS QUE PORRA! Antes Baz tivesse chutado dali mesmo!

A partida terminou em um a zero para eles e Simon continuou assistindo à transmissão, esperando que Baz falasse com algum repórter, e ele o fez. Suas bochechas estavam rosadas e tinha suor escorrendo em sua testa; ele enxugou o rosto com uma toalha e sorriu para o que quer que a entrevistadora tenha perguntado.

— Não é bem uma torcida para que o outro perca — a voz dele era cheia de ar, ofegante. — Snow e eu temos essa dinâmica há tempos. É claro que queremos levar as medalhas de ouro para casa, quanto mais melhor. Acho que a questão é que Snow curte essa adrenalina de quando competimos entre nós.

— Então não existe nenhum ódiozinho assim de leve pelas provocações do seu colega?! — ela perguntou num tom de brincadeira. De repente, houve um brilho no olhar de Baz, tão sutil que quase ninguém seria capaz de notar.

— Ah, um pouquinho, talvez — ele respondeu, com a mesma entonação da mulher, ou quase isso. Simon cerrou os olhos para a tela. — Todos nós somos um pouco complicados de lidar, eu suponho. Mas não me entenda mal, Snow é uma ótima pessoa, um atleta e tanto — nessa última frase ele voltou a falar em sua voz séria e profissional. Simon notou que achava bem atraente quando ele fazia aquilo, mas não deixou que esse pensamento o fizesse esquecer o que ele acabara de dizer. Foi a primeira coisa que comentou quando o rapaz enfim pisou na acomodação naquela noite.

— Então eu sou uma pessoa difícil de lidar?

— Isso foi tudo que você absorveu? Também te elogiei — ele colocou a mochila e os tênis no mesmo lugar de sempre. O quarto nem era espaçoso, ainda assim Simon o seguia de um lado a outro, com os braços cruzados.

— E falou que me odeia.

— O que você queria que eu dissesse? — os dois se encararam. Snow finalmente percebeu que o curativo fora substituído por um pequeno ponto em sua sobrancelha. Ele tinha feito o que Simon pediu; essa realização fez seu peito aquecer. — Queria que eu dissesse que somos amigos? — Baz pareceu estar se divertindo com o papo, mas não era só isso. Simon gostaria de saber o que passava na cabeça dele.