EPÍLOGO

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semanas depois do fim das olimpíadas

— Foi sem quereeer, já falei!

— Você mirou no meu rosto, Simon.

Quebrar seu nariz foi sem querer. E eu levei uma puta bronca por sua causa.

Minha causa? Você quebra o meu nariz e a culpa é minha?! — Os dois estavam se divertindo com a conversa. Lucy e Ebb os observavam com um misto de carinho e estranheza, pelo tópico.

Simon só conseguia pensar em como se sentia feliz por estarem todos reunidos ali e Baz transbordava amor por aquele momento também, seu coração totalmente derretido por ser tão bem recebido na residência dos Salisbury.

— Você fala como se fosse inocente, mas me empurrou escada abaixo aquela vez.

— Isso sim foi sem querer.

— Nesse dia eu soube que o Basilton era uma pessoa boa — Ebb enfim se meteu.

— Mãe?!

— Não foi isso que ela quis dizer — Lucy amenizou.

— Eu te encontrei no estacionamento, lembra? — Baz fez que sim, terminando de engolir o suco que Jamie tinha servido momentos antes.

Ele recordava estar escondido no carro de sua tia Fiona, que tinha pegado emprestado. Não queria que Simon soubesse que estava lá, mas sua preocupação não o deixou em paz, então acabou por tramar um plano: ficaria escondido, onde tivesse uma boa visualização do carro dos Salisbury, assim que os visse saberia se estava tudo bem. Era uma ótima ideia, se não fosse pela Sr. Petty aparecendo sozinha para buscar algo que havia esquecido, descobrindo o rapaz.

— Eu fiquei preocupado de verdade.

— Quase levei você pra dentro do hospital também. Estava mais branco que papel — Simon os encarava, confuso.

— Que história é essa? Do que estão falando?

— Não contou a ele, Basil? — Ele sacudiu a cabeça para Lucy. — Ah!

— Eu fui atrás de vocês no dia do acidente da escada. Fiquei esperando no estacionamento para ter certeza que você não tinha quebrado nada — a expressão de Snow clareou devagar. — Sua mãe me encontrou escondido lá.

— Ele tava quase arrancando o volante de tanto que apertava, nem me viu chegando perto.

— Verdade. Tomei um susto — Ebb riu com a memória.

— Não lembro direito o que conversamos, mas sei que você parecia muito nervoso e se desculpou. Ali eu gostei de você.

— O assado está pronto! Venham, venham — Lady Ruth surgiu da cozinha, anunciando, e todos rumaram para a mesa, onde Jamie terminava de dispor a comida.

Depois da sobremesa — um bolo delicioso de limão —, Simon conseguiu finalmente a atenção do namorado toda para si. O clima estava bom naquele dia, ensolarado e fresco, então eles saíram para caminhar pelo terreno de sua avó. Os dedos das mãos entrelaçados, sorrisinhos enfeitando seus rostos.

Snow apontava e contava histórias de infância; "tinha um balanço naquela árvore, mas o galho quebrou na última vez que usei", "ali eu brincava de amarelinha com Penny", "lá em cima ficavam as cabras. Morro de saudades delas, mas quando meu avô morreu a vovó não quis manter, sabe? Mamãe, a Ebb, sonha em ter algumas de novo. Ela ajudava o vovô aqui, foi assim que elas se aproximaram, as minhas mães".

— Uau. São perfeitas — o sorriso de Simon mal cabia nas bochechas ao vê-lo admirado.

— Sabia que ia gostar dessa parte — ele parou e observou Baz caminhar até as roseiras, se inclinando para tocar suavemente as pétalas e cheirar as flores. Ele estava usando roupa social, mesmo que Snow tivesse dito que era um almoço simples (imagino que esse seja o Baz sendo simples, pensou o loiro); calça cinza escuro e camisa de botões verde listrada. Basil era um espetáculo.

— Sua mãe tem ótimas mãos.

— Né?! Ela tentou me ensinar a cuidar de umas plantas quando eu ajudava na floricultura dela, mas não levo muito jeito.

— Você não era muito delicado mesmo. Mas está melhorando.

— Estou? — Seus olhares se encontraram e Baz Pitch se apaixonou pela milionésima vez. O rapaz parecia uma pintura, entre todas aquelas rosas. Se aproximou dele, alcançando sua mão para beijá-la.

— Sim, amor.

— O que achou do almoço? — O braço livre de Snow subiu pela lateral do corpo do namorado, contornando a cintura dele.

— Esplêndido. A melhor comida que já provei.

— Minha avó choraria se ouvisse isso.

— Eles são incríveis. Sua família — os cachos dele estavam maiores agora, Basilton amava brincar com eles, enrolando os fios nos dedos, puxando só para vê-los voltar ao formato original. No sol, ele quase ficava ruivo. Lindo para caralho. — Será que gostaram de mim?

— Tá brincando?! Acho que gostam mais de você do que de mim agora — Baz riu, depois pareceu pensativo. — O que foi?

— Gostaria que pudéssemos fazer o mesmo com a minha família — mas seu pai provavelmente nem apareceria se marcassem algo similar.

— Você tem falado com ele, lindo? — Sua resposta foi uma negação sutil com a cabeça. — Não tem mesmo nada que eu possa fazer pra ajudar? Eu podia conversar com ele, sei lá — os lábios do outro curvaram um pouquinho.

— Quem te viu, quem te vê, Snow. Propondo uma conversa, hein? — O loiro beliscou de leve a costela dele.

— Falando assim parece que sou uma porta.

— Você é uma casa inteira, meu amor — disse, segurando firme a nuca dele, quando ouviram um pigarro.

— Ér... eu tava procurando vocês — era Jamie Salisbury; sua expressão entre o envergonhado e o sugestivo. — Mamãe quer mostrar umas fotos velhas pro Baz. Acho que tem sua mãe lá — as sobrancelhas de Basil se ergueram. — Coisa de cidade pequena.

— Valeu, tio. Avisa que já vamos — ele acenou e os deixou sozinhos novamente.

Simon se afastou de Baz e abaixou próximo a uma roseira, se demorando um pouco no que quer que estivesse fazendo ali. O outro pensou, por um momento, em como Snow combinava com aquele lugar.

— Aqui. Toma pra você — ele virou e estendeu a rosa recém colhida. O coração de Basilton falhando miseravelmente.

— Simon... — então seus olhos captaram outra coisa: — Sua mão está sangrando.

— O quê? Ah. Deve ter sido na hora que arranquei os espinhos — ele levou os dedos à boca. — Tá tudo bem.

— Não precisava ter me dado uma rosa, amor.

— Mas eu queria — ele tirou os dedos dos lábios e avaliou. — Viu? — aproximou a mão dos olhos do rapaz. — Já parou. E não me importo de sangrar um pouquinho por você.

— Isso é meio creepy, Snow — disse, mas sorria. Seus braços agora contornando os ombros do seu amado, a rosa bem segura em uma de suas mãos; não queria largá-la nunca.

— Não é nada. Estou sendo romântico.

— Está? — Implicou, no que Simon apertou o abraço ao seu redor. — Eu te amo, sabia? — seus olhos cinza, e todo o seu corpo, transmitiam exatamente aquilo: amor.

— Te amo mais, lindo.

— Discordo.

— Vai querer comprar essa briga, é?

— Eu venço — Simon abre a boca, depois fecha, aí dá de ombros.

— Nesse caso, eu também ganho. Estou ganhando todo dia, agora que tenho você.

Quando os dois se beijaram, Baz tinha gosto de limão e açúcar e Simon tinha sabor de sangue. De alguma maneira, nada podia ser mais perfeito.


★★★

E não é que os pensamentos do Simon lá do começo da fanfic se realizaram?! Isso que eu chamo de manifestação :V 

Tá achando que a fanfic acabou? Calma <3 

Não seja um leitor fantasma, comente :)

beijos olímpicosOnde histórias criam vida. Descubra agora