Capítulo 12

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POV DO SIMON

Fez-se um silêncio mortal após Bellamy ler em voz alta a notícia das fotos vazadas.

A sala era pequena e estava cheia, com os dois assessores, o Sr. Mage e mais duas pessoas da equipe de Basil, cujos nomes Simon nem lembrava. Baz sentou à mesa junto com a maioria, Snow continuou de pé, assim como Davy.

Ele se sentia desnorteado, tenso, preocupado. Principalmente porque não conseguiu conversar com Basilton antes de descer. "Vai, estão te esperando. Vou logo atrás de você. Vai!", foi tudo o que o rapaz lhe disse, e aí Minos estava ligando de novo para apressá-lo. Por sorte, o refeitório ficava no caminho e, por mais sorte ainda, poucas pessoas pareceram notar que ele passava, carregando um punhado de pãezinhos consigo.

Talvez não fosse uma boa ideia comer, já que seu estômago estava se revirando, mas ele não funcionava de barriga vazia, então teria que dar certo. Eles precisavam resolver o que quer que fosse aquilo. Ele precisava falar com Baz o quanto antes, saber o que ele estava sentindo, dizer a ele o que estava pensando....

— Ok. E agora? — Basilton perguntou, totalmente neutro.

— É o que queremos discutir. O que está feito, está feito. Não podemos mudar o que aconteceu. Agora, o que vem a seguir... — Minos deixou a frase morrer.

— Vocês vão ter que se preparar para lidar com a mídia lá fora, querendo ou não.

— Lidar como, exatamente? — Baz trouxe à realidade o questionamento de Simon.

— Bom, vamos às opções. A primeira é negar que são vocês nas imagens — Simon franziu a testa. Não era difícil reconhecê-los nas fotos —, e se afastarem — sua cabeça virou instantaneamente na direção de Baz —, pelo menos em público. A segunda opção é levar à mídia o que quer que seja que tá rolando entre vocês, abrir o jogo.

— Nem fodendo! — Mage explodiu. — Não! Simon Snow não vai fazer isso.

— Eu sou o assessor. Você é o treinador. O máximo que você pode fazer aqui é opinar, Davy — Minos disse, paciente.

— Vai matar todas as chances de sucesso que ele tem!

— Você não sabe disso.

— Bellamy, qual a outra opção? Você sempre tem três opções — Basil trouxe de volta o foco.

— A terceira opção é mais como um banho maria: evitar ao máximo a imprensa até o fim das Olimpíadas, e só depois resolver entre as opções um e dois.

— E o que vai ser então? — Simon enfim falou. Seu peito, antes quente e seguro no abraço de Baz, agora quase esmagado, como se um elefante tivesse decidido descansar sobre suas costelas.

— Bom. A terceira nos dá algum controle sobre a situação e tempo para planejar melhor. É menos desesperada e eu diria que é a opção mais estável. Mas são vocês que vão bater o martelo.

— Isso não foi uma gafe qualquer, é algo muito delicado — Bellamy prosseguiu, depois de Minos terminar. — Por isso vocês dois vão ter que decidir o que será melhor.

— Pelo amor de Deus! — Davy voltou a reclamar. — Que bando de incompetentes, vocês são! Na minha época os dois teriam que obedecer a escolha do que fosse melhor para a carreira! — Baz levantou, sem perder a postura.

— Eu não fico mais um minuto nessa sala se esse cara não sair.

— Olha aqui, Pitch- — Snow rapidamente se colocou entre eles. — Simon, me dê licença.

— Eu acho que você não tá ajudando aqui — os dois se encararam até Davy ceder e deixar o local, xingando.

Sua cabeça estava a ponto de sair fumaça. Sentia como se estivesse caindo num buraco infinito, com todas as coisas boas ficando para trás, sem que ele pudesse alcançá-las. Não, eu posso, sim. Eu preciso lutar contra essa sensação, fazer alguma coisa...

— ...em nenhum dos cenários vocês vão ter a vida de vocês como era antes — ouviu Minos falar.

— Temos que decidir agora? — Todos os olhares se voltaram para ele.

— Seria o ideal. Quanto antes, melhor.

— Tá. Baz, precisamos conversar. Em particular... — Bellamy suspirou, mas se pôs de pé.

— Vamos tomar um café. Voltamos em vinte minutos.

A sala esvaziou e Snow podia sentir o tempo contado escorrendo entre seus dedos como água à medida que os segundos passavam e eles permaneciam em silêncio.

Ele não queria dizer nenhuma palavra errada, não queria ter a chance de estragar as coisas, piorar o que já estava ruim. Entretanto, ele era péssimo em conversar em momentos assim, quando estava desestabilizado.

— Baz... olha, me desculpa... não... isso não devia ter acontecido. Eu... não devia ter-

— O quê não devia ter acontecido, Snow? — Simon engoliu. Os olhos dele estavam tão frios em sua direção.

— Eu... — estava gaguejando. — Eu...

— Você não sabe? — Basilton virou de costas e começou a contornar a mesa.

Não! Baz... — sua voz completamente trêmula. — Não queria te fazer passar por isso... — Baz caminhou na direção da porta. — Ei. O que tá fazendo?

— Vou atrás deles.

— Estamos conversando!

— Estamos?

Baz?! — O rapaz se virou e o olhou. Nenhum sinal de emoção em seu rosto.

— Você acabou de dizer que não devia ter acontecido, Snow.

— Cacete, Baz! Me escuta!

— Eu ouvi — Simon se aproximou, agora com raiva. Por que era tão difícil dizer a coisa certa? Por que era tão difícil para Baz entender?

— Escuta! Eu não acho que a gente esteja pensando a mesma coisa.

— Certamente que não — Snow rosnou e o puxou para um beijo.

Não houve espaço para delicadeza, tudo que existia era desespero. Ele segurou Basil pelo pescoço e sua boca tinha gosto de hortelã; era familiar, mas não tão bom quanto na noite passada, quando ao menos uma parte daquilo parecia favorável. Talvez porque agora tudo em volta deles estava desmoronando.

— Baz... por favor... — suas testas estavam coladas, eles não se olhavam. — Deixa eu tentar falar — o outro se manteve calado. Seu cérebro enfim conseguiu formular: — Você tá enganado se acha que vou te dar as costas agora. Justo agora — respirou fundo. — No Grand Palais, aquele dia. Era isso que não devia ter acontecido. Só isso. Tá? Eu devia ter pensado direito. Fui burro — a cabeça de Baz balançou levemente contra a sua.

— Eu te segui porque quis.

— Tá, então fomos dois burros. Mas, Baz, eu ainda quero isso. Ainda quero tentar... — o rapaz se afastou para observar Simon. Seu rosto completamente diferente de antes, suas muralhas no chão. Era um alívio para Snow poder ver que não estava sentindo as coisas sozinho.

— Você tem alguma noção do que está dizendo? Seu treinador é homofóbico, para começar.

— Parece que você esqueceu que tenho duas mães! Posso não me entender ainda, mas meio que lidei com isso a vida toda. Eu sei que não é fácil, tá bom? E talvez seja um pouco mais difícil porque a gente agora é mundialmente conhecido. Mas não acho que seja impossível... Tipo, deu certo pra outras pessoas. O Daley tá aqui e é casado com um cara. E tem mais sei lá quantas histórias dessas...

— Simon... — Basilton apertou a cintura dele. Mais frágil do que nunca. — Você deve estar maluco.

— Maluco, apaixonado... — ele deu de ombros. — Acho que não tem muita diferença.


★★★

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beijos olímpicosOnde histórias criam vida. Descubra agora