O Mundial havia terminado há uma semana, mas o eco dos aplausos e das emoções ainda ressoava na mente de Flávia. A equipe brasileira havia conquistado resultados impressionantes, mas a vitória coletiva não apagava as batalhas internas que ela e Júlia ainda enfrentavam.
Naquela manhã, Flávia acordou com a mente cheia de pensamentos. O peso da medalha pendurada no espelho do quarto parecia contrastar com o vazio que sentia por dentro. A tensão com Pedro e as incertezas com Júlia haviam se acumulado em seu coração, e ela sabia que precisava tomar uma decisão.
Júlia também não estava em paz. As memórias do quase beijo no restaurante, interrompido por Pedro sem a noção do que estava acontecendo, voltavam sempre que fechava os olhos. E agora, com o Mundial terminado, não havia mais a distração dos treinos intensos para evitar esses pensamentos.
Flávia e Júlia decidiram se encontrar em um café próximo ao ginásio, o mesmo lugar onde costumavam ir antes das competições, mas desta vez, o encontro tinha um tom diferente. O silêncio entre elas não era desconfortável, mas carregado de significados não ditos.
— O Mundial foi incrível, mas parece que ainda estamos presas em algo que não conseguimos resolver — começou Flávia, mexendo em sua xícara de café, sem realmente beber.
Júlia assentiu, olhando para fora da janela, onde pessoas passavam apressadas, alheias ao turbilhão de emoções que as duas ginastas enfrentavam.
— Eu sei, Flávia. Aquele momento no restaurante... e tudo o que aconteceu com Pedro depois. É como se tivéssemos conquistado o mundo lá fora, mas aqui dentro, nada mudou — disse Júlia, sua voz suave, mas cheia de incerteza.
Flávia olhou para Júlia, seus olhos buscando uma resposta que sabia que ambas estavam tentando encontrar.
— Pedro se afastou. Ele precisa de espaço, e eu entendo isso. Mas nós… o que isso significa para nós? — Flávia perguntou, finalmente encarando o que as atormentava desde aquela noite.
Júlia respirou fundo, e por um momento, o silêncio voltou a pairar entre elas.
— Eu não sei, Flávia. Não quero perder você, mas também não sei como lidar com esses sentimentos. Talvez... talvez precisemos ser sinceras uma com a outra, sobre o que realmente queremos.
Flávia concordou, sabendo que aquela era a única saída para o impasse em que se encontravam.
— Júlia, eu gosto de você, muito. E o que aconteceu no restaurante… não foi um erro para mim. Mas também não quero te pressionar. Quero que a gente entenda o que realmente sente, sem deixar o medo decidir por nós — disse Flávia, sua voz firme, mas cheia de emoção.
Júlia sorriu levemente, como se estivesse aliviada por finalmente ouvir o que já sabia, mas que precisava ser dito.
— Eu sinto o mesmo, Flávia. E talvez, agora que o Mundial passou, possamos nos dar esse tempo. Sem pressa, sem pressão. Só… nós duas, tentando descobrir o que isso tudo significa.
O alívio entre elas era palpável, mas não havia ilusões de que tudo estaria resolvido. Elas sabiam que seria um caminho difícil, cheio de incertezas, mas estavam dispostas a tentar.
No entanto, o mundo ao redor delas não havia parado, e Pedro ainda era uma sombra que pairava sobre suas decisões. Flávia sabia que, eventualmente, precisaria falar com ele, resolver o que ainda estava em aberto, mas por enquanto, estava decidida a focar no que sentia por Júlia.
— Então, vamos tentar — disse Flávia, estendendo a mão sobre a mesa para segurar a de Júlia. — Vamos descobrir isso juntas.
Júlia apertou a mão de Flávia, um gesto simples, mas cheio de significado.
— Vamos. Sem medo — respondeu Júlia, sorrindo.
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Além da amizade
Fiksi PenggemarFlávia Saraiva e Júlia Soares têm uma conexão única, construída ao longo de anos de amizade e dedicação à ginástica. Enquanto enfrentam uma temporada decisiva em suas carreiras, elas começam a perceber mudanças sutis na dinâmica entre elas. Pequenos...