Marcas de Uma Noite

136 5 0
                                    

O sol já estava alto quando todos se reuniram no ginásio para mais um dia de treino. O clima era descontraído, mas havia uma tensão no ar, invisível para os outros, mas palpável entre Flávia e Júlia. Após os acontecimentos da noite anterior, ambas sabiam que o dia seria uma batalha constante para manter as aparências e, ao mesmo tempo, lidar com os sentimentos que estavam crescendo entre elas.

Enquanto as meninas se aqueciam, Flávia não conseguia tirar os olhos de Júlia. A lembrança da noite anterior ainda estava fresca em sua mente, e o sorriso que brincava em seus lábios denunciava a satisfação que sentia. Flávia sabia que os chupões no pescoço de Júlia não foram um mero acidente de paixão descontrolada — ela havia deixado aquelas marcas de propósito, como um lembrete físico e inegável do que haviam compartilhado.

Júlia, por sua vez, estava concentrada no treino, mas a sensação dos chupões, agora cobertos por camadas de maquiagem, ainda queimava em sua pele. Ela tentava manter o foco, mas a presença de Flávia a desconcentrava constantemente. Em meio aos movimentos de aquecimento, sentia o olhar de Flávia sobre ela, como se fosse um toque invisível, relembrando-a do que haviam feito.

As duas estavam lado a lado, se alongando antes de subir nos aparelhos. Flávia, com seu olhar malicioso e uma voz suave que apenas Júlia podia ouvir, decidiu atiçar ainda mais o desejo reprimido.

— Você sabia que os chupões foram de propósito, né? — sussurrou Flávia, sua voz carregada de uma provocação velada.

Júlia congelou no meio do movimento, sentindo seu coração disparar com aquelas palavras. Ela virou a cabeça lentamente para encarar Flávia, seus olhos se estreitando em uma mistura de surpresa e indignação.

— O quê? — Júlia sussurrou de volta, tentando manter a voz baixa para que as outras não ouvissem. — Você fez isso de propósito?

Flávia deu um meio sorriso, inclinando-se um pouco mais perto de Júlia, mas ainda mantendo a distância suficiente para não chamar a atenção dos outros.

— Claro que fiz... Queria que você se lembrasse de mim o dia todo — respondeu Flávia, sua voz suave, mas carregada de intenções. — Como um pequeno presente da noite passada.

O rosto de Júlia corou instantaneamente, não apenas pela lembrança das marcas que tentara esconder desesperadamente pela manhã, mas também pela confissão maliciosa de Flávia. A mente dela estava uma confusão de emoções conflitantes — uma parte dela queria repreender Flávia por ter sido tão ousada, enquanto outra parte não podia deixar de sentir um arrepio de excitação com a ideia de ser marcada daquela forma.

— Você é... — Júlia começou a falar, mas foi interrompida por um sorriso ainda maior de Flávia, que a cortou com outra provocação.

— Irresistível? — completou Flávia, dando uma piscadela discreta antes de se levantar para seguir com o treino.

Júlia ficou sem palavras, observando Flávia se afastar para o outro lado do ginásio. A sensação de estar sendo provocada e manipulada de uma maneira que nunca experimentara antes a deixava confusa, mas também intrigada. Flávia estava jogando um jogo perigoso, e Júlia não sabia se queria continuar ou se deveria recuar.

Conforme o treino avançava, as duas continuaram a trocar olhares furtivos e sorrisos discretos, como se estivessem compartilhando um segredo que ninguém mais conhecia. A cada toque "acidental" que Flávia lhe dava, Júlia sentia o corpo reagir de forma quase automática, querendo mais, desejando mais, mesmo sabendo que estavam em território proibido.

Durante uma pausa no treino, enquanto os outros estavam distraídos, Flávia se aproximou de Júlia mais uma vez, desta vez ficando próxima o suficiente para que suas mãos se tocassem levemente.

— Parece que você ainda está pensando na noite passada... — provocou Flávia, sua voz baixa e carregada de segundas intenções.

Júlia mordeu o lábio, tentando não demonstrar o quanto aquelas palavras a afetavam.

— E você não está? — retrucou Júlia, decidindo que não iria ceder tão facilmente à malícia de Flávia.

Flávia deu uma risadinha suave, inclinando-se ainda mais perto, de modo que sua respiração quente acariciasse a orelha de Júlia.

— Cada segundo... — sussurrou ela, antes de se afastar de novo, deixando Júlia com o coração acelerado e a mente girando.

O restante do treino foi uma tortura doce para ambas. O desejo de se tocarem, de se provocarem, estava sempre presente, mas a necessidade de manter as aparências as forçava a ser discretas. Ainda assim, cada sorriso escondido, cada toque "acidental", apenas alimentava o fogo que ardia entre elas.

Quando o treino finalmente terminou, o ginásio começou a se esvaziar, mas Flávia e Júlia ainda tinham energia de sobra — não para mais exercícios, mas para algo que as consumia por dentro.

Flávia, no entanto, estava longe de estar satisfeita com as pequenas provocações do dia. Quando os últimos membros da equipe começaram a sair, ela lançou um último olhar significativo para Júlia, indicando que ainda não havia terminado.

— Temos que parar de nos distrair assim... — disse Júlia, tentando soar séria, mas o sorriso nos lábios de Flávia tornava isso impossível.

— Se eu quisesse que você esquecesse a noite passada, eu não teria te marcado assim — respondeu Flávia, dessa vez com um tom mais íntimo, quase um sussurro.

Júlia sabia que aquela história estava longe de acabar. E, ao que tudo indicava, Flávia estava apenas começando a jogar seu jogo perigoso.

Além da amizade Onde histórias criam vida. Descubra agora