Entre Saltos e Suspiros

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Os dias que se seguiram à conversa no café foram um misto de tensão e alívio para Flávia e Júlia. Elas estavam mais próximas do que nunca, mas também sabiam que o novo território que exploravam exigia cuidado. A equipe continuava treinando, ajustando os últimos detalhes para as próximas competições, mas para Flávia e Júlia, o verdadeiro desafio estava em equilibrar seus sentimentos com a rotina exaustiva do ginásio.

Naquela tarde, Chico decidiu focar nos saltos, exigindo a máxima concentração de todos. A seriedade no ginásio era quase palpável, com cada atleta se dedicando ao máximo. Flávia e Júlia, apesar das emoções que fervilhavam por dentro, se esforçavam para manter o foco, conscientes de que qualquer deslize poderia custar caro.

Enquanto Flávia se preparava para sua próxima tentativa na mesa de salto, Júlia a observava do outro lado do ginásio. Seus olhos se encontraram por um breve momento, e um arrepio percorreu o corpo de ambas. Elas sabiam que precisavam manter a compostura, mas o magnetismo entre elas era inegável.

Flávia deu um impulso forte, realizando um salto quase perfeito. Ao aterrissar, uma onda de adrenalina misturada com algo mais profundo correu por seu corpo. Júlia, que esperava sua vez, não conseguiu evitar um sorriso ao ver o sucesso de Flávia.

Chico, sempre atento, fez algumas correções rápidas antes de voltar sua atenção para outra ginasta. Vendo a oportunidade, Júlia se aproximou discretamente de Flávia, aproveitando um momento em que ninguém estava olhando.

— Você foi incrível — murmurou Júlia, com os olhos brilhando de admiração e algo mais.

Flávia, ainda ofegante, olhou para Júlia com uma intensidade que nunca havia sentido antes.

— É difícil me concentrar com você por perto — Flávia respondeu em um sussurro, sua voz carregada de emoção.

O olhar que trocaram naquele instante dizia mais do que palavras poderiam expressar. Era como se todo o ginásio desaparecesse, e restasse apenas o som de suas respirações ofegantes e a batida acelerada de seus corações.

Sem pensar, sem calcular as consequências, Flávia deu um passo à frente, suas mãos tocando de leve o rosto de Júlia. Júlia não recuou. Pelo contrário, inclinou-se para frente, seu olhar fixo nos lábios de Flávia.

O beijo foi suave, mas carregado de emoção. Um momento que parecia suspenso no tempo, onde apenas o toque entre elas existia. Não era um beijo planejado, nem mesmo desejado de maneira consciente, mas era algo que ambas precisavam naquele momento, uma confirmação do que já sabiam, mas temiam admitir.

Quando se afastaram, o mundo ao redor voltou a fazer sentido. O som dos aparelhos, o murmúrio distante das outras ginastas, tudo retornou com uma força avassaladora. Flávia e Júlia se entreolharam, ofegantes, sabendo que aquele momento havia mudado tudo entre elas.

— A gente não deveria… — começou Flávia, mas sua voz falhou.

— Eu sei — respondeu Júlia, com um pequeno sorriso. — Mas foi real.

Antes que pudessem dizer mais alguma coisa, Chico chamou a atenção delas para continuar o treino. O momento passou, mas o impacto do beijo ficou, vibrando entre elas enquanto se preparavam para a próxima sequência.

Por mais que tentassem se concentrar nos exercícios, o toque suave dos lábios uma da outra continuava a pulsar em suas mentes, como um lembrete de que, por mais que tentassem resistir, havia algo mais forte, impossível de ignorar.

E assim, o treino continuou, com as duas lutando para manter a compostura, sabendo que, por trás de cada salto e cada movimento, algo novo e intenso havia começado. Algo que nenhuma delas estava pronta para enfrentar, mas que também não poderiam mais evitar.

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