Segredos na Manhã Seguinte

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A manhã chegou rapidamente, trazendo consigo raios de sol que atravessavam as janelas da sala de estar. Um a um, os membros da equipe começaram a acordar, espreguiçando-se e trocando bocejos enquanto o calor do dia invadia o ambiente. A maratona de filmes havia terminado horas antes, mas o cansaço e o conforto das almofadas no chão fizeram com que todos caíssem no sono rapidamente, sem nem perceberem quando as duas anfitriãs desapareceram.

Rebeca foi a primeira a perceber que algo estava errado. Enquanto olhava ao redor da sala, notou a ausência de Flávia e Júlia.

— Alguém viu a Flávia ou a Júlia? — perguntou Rebeca, levantando-se e ajeitando o cabelo bagunçado.

Pedro, ainda meio sonolento, olhou ao redor confuso antes de dar de ombros.

— Elas deviam estar por aqui... Talvez tenham subido para dormir em uma cama de verdade.

Lorraine, que estava começando a despertar, lançou um olhar curioso.

— É, pode ser. Vou subir e dar uma olhada.

Com uma sensação de curiosidade mista com uma ponta de preocupação, Lorraine subiu as escadas, indo em direção ao quarto de Flávia. Quando chegou à porta, bateu suavemente antes de entrar, apenas para encontrar uma cena que não esperava.

Flávia e Júlia estavam dormindo profundamente na cama, os corpos entrelaçados em um sono tranquilo e descomprometido. Por um momento, Lorraine ficou parada, tentando processar a cena diante dela. Não era incomum que as duas dormissem juntas, mas havia algo na maneira como estavam abraçadas, tão próximas, que fez Lorraine hesitar.

Mas antes que pudesse fazer qualquer comentário, Júlia se mexeu na cama, despertando do sono com um leve gemido. Lorraine viu quando Júlia lentamente abriu os olhos, piscando para se ajustar à luz do quarto. Quando os olhares das duas se encontraram, Lorraine sorriu de lado, sem fazer qualquer julgamento.

— Bom dia, bela adormecida — brincou Lorraine, entrando no quarto. — Parece que vocês tiveram uma noite mais confortável do que a gente lá embaixo.

Júlia levou um momento para se situar, ainda meio perdida entre o sono e a vigília. Então, quando se sentou na cama, sentiu o calor subir em seu rosto enquanto se lembrava dos eventos da noite anterior. A mente ainda grogue levou alguns segundos para registrar o que Lorraine havia dito.

— Ah, sim... A gente... estava assistindo filme e acabamos subindo para dormir aqui — respondeu Júlia, tentando soar casual, mas sua voz ainda estava sonolenta e rouca.

Foi então que Lorraine notou algo que fez seus olhos se arregalarem levemente. O pescoço de Júlia estava marcado com pequenas manchas roxas — chupões visíveis que contrastavam nitidamente com a pele clara dela.

— Jura que só dormiram? — Lorraine perguntou, arqueando uma sobrancelha e tentando esconder o sorriso malicioso que começava a se formar.

Júlia, percebendo o olhar de Lorraine e seguindo o caminho dos olhos dela, arregalou os olhos em choque ao perceber o estado de seu pescoço. Seu coração disparou, e ela rapidamente puxou o lençol para cobrir a área, como se isso fosse ajudar a esconder as marcas óbvias.

— Ah, meu Deus... — sussurrou Júlia, o pânico evidente em sua voz.

Flávia, ainda meio adormecida, finalmente abriu os olhos e percebeu a presença de Lorraine no quarto. Quando viu a expressão de desespero no rosto de Júlia, rapidamente entendeu o que estava acontecendo. Ela se endireitou na cama, tentando pensar em uma solução rápida.

— Lorraine... A gente... — Flávia começou a falar, mas não conseguiu pensar em uma desculpa rápida o suficiente.

Lorraine riu, balançando a cabeça de forma condescendente.

— Relaxem, não vou contar para ninguém. Mas vocês duas precisam ser mais cuidadosas, especialmente com marcas tão óbvias como essas.

Júlia suspirou em alívio, mas ainda estava claramente nervosa. Ela saltou da cama e foi direto para o espelho do quarto, analisando os chupões com uma expressão de horror.

— Droga... Como vou esconder isso? — murmurou ela, mais para si mesma do que para as outras.

Flávia se levantou e aproximou-se de Júlia, colocando uma mão tranquilizadora em seu ombro.

— Você pode usar maquiagem, certo? Deve ter algo aqui que você possa usar.

Lorraine, ainda divertindo-se com a situação, começou a remexer na bolsa de Flávia até encontrar um pequeno estojo de maquiagem.

— Aqui, tentem isso. Não sou nenhuma expert, mas deve servir para cobrir as marcas.

Júlia pegou o estojo rapidamente, agradecendo silenciosamente enquanto começava a aplicar a base sobre as marcas no pescoço. O silêncio no quarto era palpável enquanto ela trabalhava, cada uma das garotas ciente da gravidade da situação. Se alguém mais visse os chupões, as perguntas surgiriam rapidamente, e a última coisa que Júlia e Flávia queriam era chamar atenção indesejada para seu relacionamento.

Enquanto Júlia se concentrava em esconder as marcas, Flávia olhou para Lorraine, tentando medir a reação dela.

— Lorraine... obrigada por não contar a ninguém. Isso... é meio novo pra gente, sabe? — disse Flávia, esperando que a amiga entendesse.

Lorraine deu um sorriso compreensivo e assentiu.

— Sem problemas. Vocês sabem que podem contar comigo, só tomem cuidado. O time já está começando a suspeitar que algo está rolando entre vocês duas.

Flávia suspirou, sentindo um peso ser tirado de seus ombros, mas também reconhecendo que precisava ser mais cautelosa. Júlia, por sua vez, estava quase terminando de disfarçar as marcas e parecia mais calma.

— Pronto, acho que está melhor agora — disse Júlia, virando-se para as outras com um sorriso hesitante.

— Melhor sim. Agora, vamos descer antes que o resto do time comece a fazer perguntas — sugeriu Lorraine, acenando para que elas a seguissem.

As três desceram as escadas juntas, com Júlia ainda ajustando o cabelo para garantir que as marcas estivessem bem cobertas. Quando chegaram à sala, os outros já estavam reunidos, se espreguiçando e se preparando para a manhã.

Pedro foi o primeiro a notar a chegada das três.

— Finalmente! O que vocês estavam fazendo? — perguntou ele, rindo, mas com um toque de curiosidade.

Flávia e Júlia trocaram um olhar rápido antes de responderem em uníssono:

— Nada demais, só conversando — disseram, tentando soar naturais.

Pedro ergueu as sobrancelhas, mas não fez mais perguntas, aparentemente aceitando a explicação.

Enquanto todos se preparavam para tomar café da manhã, Flávia e Júlia continuaram trocando olhares furtivos, sabendo que haviam passado por um momento crítico, mas também conscientes de que precisariam ser mais cuidadosas no futuro.

A manhã seguiu com risadas e conversas, mas para Flávia e Júlia, o incidente no quarto serviu como um lembrete de que, embora os sentimentos que compartilhavam fossem reais e intensos, o mundo ao redor delas ainda estava cheio de desafios e segredos que precisavam ser mantidos — pelo menos por enquanto.

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