Além da amizade

Entre Provocações

O clima no ginásio estava mais tenso do que nunca. Flávia e Júlia tentavam manter a normalidade enquanto as provocações entre elas se intensificavam, cada toque e olhar carregado de uma eletricidade que ambas sabiam que não poderiam ignorar por muito tempo.

Durante o aquecimento, Flávia observava Júlia de soslaio, notando como a amiga parecia estar se esforçando mais do que o habitual. Era impossível não sorrir diante da determinação de Júlia, mas havia algo mais ali, algo que puxava Flávia de volta para os sentimentos que estava tentando manter sob controle.

— Você está realmente se esforçando hoje, hein, Júlia? — Flávia provocou, aproximando-se um pouco mais do que o necessário enquanto ajustava a faixa em seu cabelo.

Júlia sorriu, um sorriso que misturava desafio e algo mais profundo.

— Talvez eu só esteja tentando impressionar alguém — respondeu Júlia, com um brilho malicioso nos olhos enquanto tocava o braço de Flávia de forma sutil, quase acidental.

O toque, embora breve, foi o suficiente para fazer o coração de Flávia disparar. Elas se encararam por um momento, o ambiente ao redor parecendo desvanecer enquanto o foco de ambas se restringia ao que estava acontecendo entre elas.

— Então, espero que essa pessoa esteja prestando atenção — retrucou Flávia, sua voz um pouco mais baixa, quase um sussurro, carregada de significados não ditos.

Mais tarde, durante uma pausa, Júlia se aproximou com um copo de água, seus passos deliberados. A proximidade entre as duas era agora uma constante, e o ar ao redor parecia mais carregado do que nunca.

— Para você — disse Júlia, oferecendo o copo, seus dedos roçando os de Flávia ao entregar a água.

Flávia pegou o copo, seus olhos não se desviando dos de Júlia.

— Obrigada. Você sempre sabe o que eu preciso — murmurou Flávia, sua voz carregada de um tom provocativo.

Júlia deu um passo mais perto, sua presença quase dominando o espaço ao redor de Flávia.

— Eu sei o que você quer, Flávia — respondeu Júlia, sua voz quase inaudível, mas o suficiente para enviar um arrepio pela espinha de Flávia.

O treino continuou com as provocações se intensificando. A cada toque e olhar trocado, a tensão entre elas crescia, uma tensão que ambas sabiam que precisava ser liberada de alguma forma.

Quando Chico anunciou um exercício final em pares, as duas foram naturalmente designadas para trabalhar juntas. Elas se aproximaram, e a proximidade física só aumentou a tensão emocional.

Enquanto praticavam os movimentos em sincronia, os corpos delas se roçavam constantemente, e a eletricidade entre as duas era quase palpável. Em um momento, durante um ajuste de posição, Júlia se aproximou de Flávia mais do que o necessário, seus lábios a centímetros dos de Flávia.

Flávia olhou para Júlia, e a intensidade no olhar de ambas era inegável. Elas estavam tão perto que podiam sentir a respiração uma da outra, e naquele instante, o mundo parecia parar.

Sem pensar, Flávia cedeu ao impulso que vinha tentando ignorar há semanas. Ela fechou os olhos e, de forma rápida e discreta, puxou Júlia para um beijo. Os lábios de ambas se encontraram em um toque suave, mas carregado de desejo reprimido. O beijo era furtivo, cheio de paixão contida e ao mesmo tempo apressado pela necessidade de não serem descobertas.

O mundo ao redor pareceu desaparecer por um breve momento, mas então, o som de passos se aproximando as trouxe de volta à realidade. As duas se separaram rapidamente, o coração disparado, os olhos arregalados, ainda sentindo o gosto do beijo.

Chico apareceu, anunciando o fim do treino, sem perceber o que acabara de acontecer entre elas.

— Bom trabalho hoje, pessoal. Agora, vamos descansar e nos preparar para amanhã — disse ele, antes de se afastar.

Júlia e Flávia trocaram um olhar cúmplice, um misto de excitação e nervosismo passando entre elas. Aquele beijo havia mudado tudo, e ambas sabiam que nada seria o mesmo a partir daquele momento. Mesmo com o treino continuando e a tensão ainda presente, agora havia um segredo compartilhado, um segredo que aumentava a conexão entre elas de uma forma que nenhuma das duas poderia ignorar.