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Violet Blanc

Dei um giro no alto três vezes e caí em pé deixando meus braços erguidos, abri um sorriso largo olhando ao redor.

-Parabéns coelhinha. _Papai gritou_ Você conseguiu.

Corri até ele que me agarrou do chão começando a me girar no ar, gargalhei quando começou a distribuir beijinhos por meu pescoço e rosto.

-Para papai...eu vou fazer xixi. _Bufei uma risada_

Deixando um breve selinho estalado em minha testa, ele me pôs no chão e se sentou ali, mesmo que ainda usasse seu terno preto do trabalho, meus olhos pararam em umas pintinhas vermelhas em seu pescoço.

-Você viu, papai? _Saltitei até seu colo e ele assentiu_ Tia Nana ficará tão feliz quando ver eu fazendo na próxima aula e...a mamãe também, onde ela está?

-Você estava linda, coelhinha. _Me ajeitou em seu colo e ficou sério_ Mas houve um acidente com a mamãe. _Franzi o cenho_ Sabe por que ela não estava na sua apresentação a uma semana?

-Sim, Tio Bento disse que ela foi viajar para um trabalho importante e que era o sonho dela conseguir.

O rosto do meu pai se tornou triste e por isso ergui minha mão e deixei um carinho em sua barba, ele relaxou ao meu toque.

-E ela estava, mas homens maldosos a pegaram e sua mamãe agora está internada. _Fez carinho em meus cabelos_

-Eles machucaram a mamãe? _Duas lágrimas escorreram pelo rosto de meu pai que assentiu_ Mas por que?

-Porque o papai mexe com coisas ruins e eles queriam pegar algo que sabia que me machucaria.

-E por que você mexe com coisas más?

-Por que eu fui criado para isso, treinado para ser o inevitável, intocável...para ser um monstro, coelhinha.

-Mas você não é um monstro, papai.

-Sim eu sou, mas quando você nasceu eu me tornei o seu protetor e não deixarei que faça parte do mundo em que tive participar.

-Você é o melhor pai do mundo. _O abracei_ E a minha professora disse que não és uma pessoa má se fez algo para proteger aquilo que ama.

-Eu estou longe de ser o melhor pai, mas me contenho em acreditar em suas palavras, minha pequena bailarina.

Aplausos ecoaram pela pequena salinha espelhada e isso foi o suficiente para me fazer despertar e perceber aonde eu estava.

Não sei a quanto tempo a música havia parado só sei que quando abri os olhos Sindy estava sentada no mesmo lugar só que agora com a presença de seus pais atrás, me encarando.

-Eu...

-Que espetáculo mais belo, querida. _Dona Lydia veio até mim_ A "apresentação" de balé mais linda e emocionante que já vi em toda minha vida.

-Ah, obrigada. _Limpei as lágrimas que ainda caiam_ Foi uma "apresentação" muito dramática eu diria.

Soltei um riso, mas o pai de Sindy negou com a cabeça vindo até mim com a mesma cara séria, pigarrei me preparando para um esporro.

-Minha esposa tem toda razão, senhorita Oliver, você tem um talento que não há como se jogar fora.

-Eu não...

-Minha apresentação será semana que vem, papai. _Sindy saltou do banco_ E tenho certeza que Diogo adoraria uma presença mais marcante no palco, não acha?

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