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Violet Blanc

O barulho da chuva caindo do lado de fora me fazia perder totalmente à vontade de ir para a escola. Plena segunda, porra.

Me levantei em um pulo indo até meu pequeno banheiro, tomando um banho na água morna fria e depois vestindo meu uniforme.

Céus, meu moletom estava um desgaste, mas sequer havia dinheiro para comprar algo para comer imagine só ter para comprar outro.

Quando fugi do orfanato em que fui abandonada aos 15, foi muito difícil arranjar algum lugar para ficar e tive que começar a roubar para conseguir algum alimento e quase fui presa muitas vezes até pegar o jeito da coisa. Mas depois de completar meus 16 e com muita insistência consegui um emprego em uma boate, de barman e numa lanchonete, não pagam super bem, mas da para me manter bem.

Passei a mão em meus cabelos curtos me olhando no espelho. A dois anos atrás eu fugi do orfanato em que vivia, coisas estranhas começaram a acontecer e decidi que era hora de me virar sozinha.

Algumas adolescentes começaram a ficar estranhas, todas se debatendo para não serem adotadas, eu não entendia o por que disso, era a coisa mais besta e ridícula. Elas teriam uma família e nunca mais teriam que apanhar para aprender os bons modos, então por que elas pareciam tão aterrorizadas? O orfanato em que fui largada nunca foi nada bom, sempre foi muito cruel com todos lá, ninguém ligava para nós.

E meus joelhos cheios de cicatriz de tanto ficar ajoelhada no milho e algumas vezes até em pregos e as chibatadas que deixaram marcas em minhas costa são ótimas provas do quanto lá era problemático.

Dois nos se passaram e ninguém nunca foi me procurar. Daqui duas semanas faria meus 18 e talvez consiga arranjar um emprego melhor.

Peguei meus fones na mesa da cozinha e sai do pequeno apartamento que morava, desci as escadas e comecei a caminhar em direção a escola.

Não era uma das melhores, mas era uma muito boa e o que as minhas carteiras roubadas junto dos salários mínimos conseguiam pagar.

Morava na parte mais excluída e perigosa da cidade por isso sempre ando com uma lâmina no bolso, não que eu ache que mudará em alguma coisa, mas todos esses anos vivendo sozinha soube me defender bastante.

Os pelos da minha nuca como sempre se arrepiaram com a sensação de estar sendo seguida, mas quando olho para trás não a nada além do breu da manhã. Desde que fugi me sentia observada e também seguida, talvez eu seja muito traumatizada e neurótica.

Passando pelos portões enferrujados da escola, fui recebida pelos braços cheirosos de Sindy, minha melhor amiga desde que entrei aqui.

Os pais delas são bem famosos na cidade pelas suas tortas, mas mesmo assim ela também fazia coisas erradas como eu, vendia drogas e as vezes roubava carteiras por aí, para ela era como se senti viva e para mim, bem...era sobrevivência. 

-Achei que fosse faltar hoje. _Falou se afastando_

-Até pensei, mas não quis lhe deixar sozinha.

Ela passou seu braço envolta do meu pescoço, fomos em direção ao meu armário onde estava escrito "Luna" com várias flores envolta, só deixei porque Sindy insistiu muito. 

Eu optei por continuar com a mentira que Edigar plantou em minha cabeça quando tinha 5 anos, queria me manter afastada o máximo que pudesse da sociedade e para isso me mudei por completo. Meu cabelo que antes batia na bunda agora ficava um pouco acima dos ombros e também havia mudado meu estilo, já que era apaixonada em roupas rosa bebê ou azul e agora só vestia roupas escuras.

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