“Y si estoy cansado de gritarte
Es que solo quiero despertarteY por fin veo tus ojos
Que lloran desde el fondo
Y empiezo a amarte con toda mi piel”(Eu tô cansado de te gritar
É só que eu quero te acordar
E finalmente vejo teus olhos
Que choram desde o fundo
E começo a te amar com toda minha pele)- “Rasguña las piedras” Sui Generis
A manhã seguinte foi completamente caótica para Ramiro, teve quatro reuniões e o ritmo era descomunal.Fazia o que podia para segurar as pontas, pensava como cada decisão tomada afetaria o futuro da empresa e queria sempre dar seu melhor, pensava e pensava no que Ademir faria e sabia que tinham decisões muito melhores que as que o homem tomaria, mas não sabia se tinha a coragem para tomá-las. Se tudo desse errado, a culpa seria sua, e ele não podia se dar ao luxo de afundar aquela empresa.
Não viu a hora do almoço passar e perto das três e meia da tarde, quando seu estômago implorava por algo que não fosse café, foi até a cozinha, planejando na volta passar pela sala de Kelvin e combinar seus planos.
Ainda não tinha certeza de tudo o que diria para o garoto, sabia que precisava pedir desculpas e explicar as coisas, mas não sabia por onde começar.
Riu ao notar o lado bom de ter tantos compromissos, não pensava tanto no que faria naquele fim de tarde. Se não estivesse enlouquecendo por cumprir duas agendas no tempo de uma, com certeza já teria enlouquecido por não planejar cada passo logo após as 17:00.
Estava sentado, comendo um sanduíche, quando viu Ademir entrar aos tropeços na cozinha, xingando alguma coisa que Ramiro não se incomodou em entender.
— Ademir, ya has vuelto? Que ha pasado con Antonio (Ademir, você já voltou, o que aconteceu com Antonio?)
— Mira chico, yo tengo mi propia vida, si ese viejo piensa que por ser mayor que yo y estar con un pie en el cajón puede hacer lo que quiera, pues no es mi problema. No pienso quedarme en aquel pueblito maltrecho todo un fin de semana (Olha garoto, eu tenho minha própria vida, se esse velho acha que por ser maior que eu e estar com um pé no caixão pode me fazer o que quiser, não é meu problema. Eu não penso fiquei naquele povinho mixuruca todo o meu final de semana)
— Pero el médico no dijo que era mejor …? (más o médico não falou que era melhor..?)
— Mira, que el médico diga lo que quiera, que Antonio tampoco quiere hacerle caso a nada. Que si se quiere morir pues que se muera. Que por ser su hermano menor no soy su esclavo, ni siquiera tengo el color para eso (Olha, que o médico fale o que quiser, que Antônio também não quer fazer o que ninguém manda. Se ele quer morrer, então que morra. Não por ser seu irmão menor sou seu escravo, sequer tenho a cor pra isso)
Ramiro sentiu seu sangue ferver com as palavras de Ademir, apertou os punhos e soltou o ar devagar.
— Pues puedo ir yo para allá y tú me cubres como lo hice yo en esta semana, no podemos dejarlo solo (Eu posso ir pra lá e você me cobre como eu fiz nessa semana, a gente não pode deixar ele sozinho) — Não deixaria que os comentários de Ademir o afetassem, sabia que Antônio era uma pessoa difícil, às vezes até mais que seu meio-irmão, mas não tinha coragem de deixar o velho sozinho no meio de seu tratamento, não como todos tinham feito com Maria.
— Y que yo tenga que lidiar con todo aquí? Sin contar aquel … aquel chico nuevo que pusieron? ( E que eu tenha que lidar com tudo aqui? Sem contar aquele…. Aquele garoto novo que colocaram aqui?) — soltou ar exasperadamente — Ni de coña, si el maricon analfabeto ese me dice una palabra más no responderé por mí y ya se que a ti te agrada, así que no querrás que eso pase (nem fudendo, se o viadinho analfabeto esse me falar uma palavra mais eu não respondo por mim, e eu sei que você gosta dele, então você não vai querer que isso aconteça?)
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Duas vidas, dois mundos
FanfictionOnde Kelvin precisa começar de novo, mais uma vez, agora do outro lado do oceano. Mas a vida vai lhe fazer entender que não importa o recomeçar, o que te faz ser quem você é, não pode ser deixado para trás. Ou Onde Ramiro quer finalmente ir embora...