“What would life be if we had no courage to attempt anything?”
“O que seria da vida se não tivéssemos a coragem de tentar?”
-Vicent Van Gogh
Ramiro estava desesperado, tinha ligado para Kelvin vezes demais, tinha pedido para Luana ligar, conversou com Nando, que não sabia de nada do que tinha acontecido e apenas ficou mais nervoso.
Pensava e repensava como poderia ter sido aquele dia para o loiro, o que podia ter acontecido naquela manhã, naquele elevador.
Os dois dias anteriores tinham passado rápido demais para Kelvin, não porque o loiro tivesse se divertido, mas porque o tinham sugado completamente sua energia.
Era engraçado como o loiro conseguia ser extremamente produtivo quando entrava em algumas situações e como apenas conseguia existir em outras.
Ser produtivo significa fazer muitas coisas em pouco tempo, não significa fazê- las bem, eficiência e eficácia nunca foram o mesmo.
De qualquer jeito ele não tinha tido nenhuma das duas, o apartamento continuava não parecendo seu, as coisas estavam em lugares nada intuitivos, ele ainda se batia com os móveis, sua roupa continuava bagunçada, e sua vida então … Kelvin apenas estava.
A última vez que lembrava ter se sentido ele mesmo era nas conversas que teve com Ramiro na sexta feira, apesar de terem brigado naquele dia, as lembranças o faziam cada vez mais saber que queria o preto por perto.
Às vezes quase não lembrava do caos no que tinham se metido. Ele tinha entendido que o amava, mas por que o amor tinha que ser tão complicado?
Nessa manhã se pegou querendo apenas acordar ao seu lado e poder beijá-lo, como se nada tivesse acontecido, como se pudessem ser um casal normal. Não tinha certeza se Ramiro o queria de volta, se entenderia seus medos, se aceitaria suas desculpas. Sequer sabia se Ramiro realmente cumpriria suas promessas, se não eram palavras vazias, mas ele precisava confiar.
Mesmo assim, a ausência de uma resposta o matava aos poucos, seu ego ferido queria gritar mais alto que sua paixão e simplesmente apagar a mensagem enviada apenas algumas horas atrás, mas seu coração apaixonado se agarrava na linha solitária do lado da mensagem para resistir. Ramiro não tinha visto a mensagem, por isso não respondia, ponto.
O loiro saía de casa cedo mais uma vez, tendo “comido” apenas uma domperidona e um Dorflex e xingando o Kelvin da noite passada pela quantidade de álcool e a vergonha que tinha passado.
Fez uma nota mental de agradecer o amigo que o acompanhou e aconselhou, ele realmente precisava daquilo ali, de alguém que visse a verdade em seus olhos e o permitisse falar desde seu coração. Engraçado como isso era muito mais fácil com alguém que ele conhecia pouco do que consigo mesmo.
O elevador demorou séculos para chegar até seu andar, quando Kelvin entrou, deu de cara com um rapaz que lhe pareceu conhecido, não tinha certeza de onde mas sabia que já o tinha visto.
O homem alto, com cabelo ondulado e mais velho, inclinou sua cabeça, cumprimentando o pequeno. Num estalo de lembranças o loiro reconheceu o rosto do rapaz que tinha passado por ele e Cacá na noite anterior. Mais uma vez com vergonha apenas olhou e fez uma careta com um meio sorriso.
De repente um barulho muito estranho se fez presente, as luzes começaram a piscar e a velocidade de descida do elevador aumentou muito.
Kelvin viu sua vida passar na frente de seus olhos, não sabia o que pensar, não sabia o que fazer, tudo ia rápido demais.
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Duas vidas, dois mundos
FanfictionOnde Kelvin precisa começar de novo, mais uma vez, agora do outro lado do oceano. Mas a vida vai lhe fazer entender que não importa o recomeçar, o que te faz ser quem você é, não pode ser deixado para trás. Ou Onde Ramiro quer finalmente ir embora...