Capítulo 16: (Des)encuentros ((Des)encontros)

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“Usted y yo no vemos las cosas como son. Vemos las cosas como somos”
"Você e eu não vemos as coisas como são. Vemos as coisas como somos"
 - Henry Ward Beecher

Ramiro pensou e repensou no que devia fazer, seu Kevin’ tinha lhe dito tantas coisas, “covarde”, “hipócrita” “sem atitude” “senhor perfeito”. As frases rondavam sua mente e apertavam seu coração de par em par.

Esse era o mesmo Kelvin que dizia que ele era um homem maravilhoso, honesto e trabalhador? Qual das versões de Kelvin estava certa?

O preto estava machucado, estava dolorido, mas não podia deixar de pensar que talvez essa última versão tivesse toda a razão.

E se na verdade Ramiro nunca pudesse mudar? Se seu destino estivesse fadado a dar errado? a levar culpas de outros? a nunca conseguir que alguém o achasse bom o suficiente para ficar ao seu lado? 

Afinal, ele não era tão bom assim, nunca tinha sido, por que achava que podia ser?

E não é que ele não quisesse, talvez só não era para ele. Talvez amar e ser amado não era para ele. 

Mas ele amava mesmo assim.

O nó em sua cabeça só não era tão grande quanto o da sua garganta, o aperto nos olhos, evitando suas lágrimas de cair, só era menor que o de seu coração. 

Luana, Rodrigo e Caio tinham seus próprios problemas, Ramiro sabia, por isso não ligou para nenhum deles. Além do mais ele se conhecia, a única que o podia consolar era sua velha amiga, a bebida.

E ele bebeu, bebeu desde que o sol estava no meio do céu até ele se esconder, e depois, continuou. 

Riu, chorou, ouviu música, ouviu o silêncio e as próprias batidas de seu coração. Essas batidas pareciam incompletas, quase quebradas, quase vazias. 

Seu coração batia pelo de alguém que talvez o queria, mas não o suficiente para ouvi-lo. 

Só que era diferente para ele, ele o amava.

Kelvin se considerava dono e detentor de toda intensidade, de toda instabilidade, mas enquanto dormia, quase tranquilo, Ramiro misturava a própria intensidade numa bebida barata, numa escrita básica, num choro contido, num canto desafinado e apenas por uma vez, numa ligação não atendida.

O preto acabou dormindo em seu sofá, como a primeira vez que Kelvin esteve ali, abraçado numa almofada com o cheiro do loiro, coberto por uma manta da cor dos olhos dele, embalado numa luz matinal que começava a invadir, mas não a iluminar como ele fazia.

No dia seguinte acordou mais cansado do que considerava possível, a ressaca não era a mesma de sendo um 30+, mas aparentemente a dor de um coração quebrado sim.

As palavras do loiro continuaram rondando sua cabeça e umedecendo seus olhos por algumas horas, mas o que Kelvin tinha acordado em Ramiro não era passageiro. 

Sim, se sentiu culpado pela briga, porque entendia que tinha tido atitudes que respaldavam a de Kelvin, mas tinha certeza que não merecia tudo o de negativo que lhe tinha sido dito. Também tinha certeza que não fugiria e não ficaria simplesmente remoendo seus próprios pensamentos e tristezas.

Resolveu fazer alguma coisa para se sentir útil, sua mãe sempre achava engraçado como ele amava alguns processos que a maioria das pessoas detesta, como se sentir útil o fazia se sentir… bom, vivo.

Quando o pequeno Ramiro se sentia mal, amava limpar a casa, esfregar cada canto como se sua vida dependesse disso, mexer móveis de lugar, reorganizar estantes inteiras, lavar paredes, tetos e qualquer superfície que achasse que não era suficientemente branca, polida ou brilhante.

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⏰ Última atualização: 3 hours ago ⏰

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