Capítulo 13: calma y caos (I) (calma e caos (I))

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“Meu caos e minha calma, cê ama”
- Diego Martins

— Eu ainda não sei onde você mora, como eu vou ir te buscar pro date? que namoros são esses? — comentou Ramiro abraçando Kelvin naquela manhã preguiçosa, ainda na cama.

— Namoro? — perguntou o loiro engasgando com a própria saliva.

Aquilo era um namoro? Tudo bem, eles dormiam e acordavam juntos há uma semana, Ramiro estava sendo seu porto seguro, conversavam quase que sobre tudo, mas namoro? Kelvin se arrepiou só de pensar.
Fazia tempo demais não estava em um desses tais “namoros”, e Ramiro não tinha pedido nada oficialmente. Ainda se pedia oficialmente em namoro? Não que ele quisesse, ou talvez sim, mas não sabia… Ele o apresentaria como seu namorado para outras pessoas?

— Desculpa, fui emocionado nessa, né?— Riu o preto, agradecendo estar na conchinha maior já que assim Kelvin não via seu rosto corar

— Não, é só que, bom, é que, sabe? Hoje é o primeiro date — se enrolou.

Kelvin queria um namoro? Não! pensou rapidamente, não dando tempo de que seu lado sentimental tomasse conta. Mas ele queria ser apresentado aos amigos de Ramiro, queria continuar na vida dele, fazer coisas juntos, quem sabe poderiam ir juntos ao Brasil um dia, ele apresentaria Nando e Odilon e iriam pro Rio de Janeiro, já que Ramiro sempre falava muito de lá. Também gostaria de visitar o interior, talvez não Carneirinho, pra não ter encontros desagradáveis, mas… Cortou seu próprio pensamento ao ver Ramiro olhando-o fixo, esperando uma resposta

—Desculpa Rams, eu me perdi na minha cabeça

— Eu percebi benzinho, tudo bem. Fui rápido demais, já entendi, vou com calma. Eu tava falando que se você vai se arrumar no seu apartamento eu tenho que ir te buscar lá, não é? Então você tem que me falar onde é

— Sim, o apartamento — respondeu Kelvin voltando sua atenção à conversa, mas questionando como sua cabeça tinha ido tão longe tão rápido — é no edifício Residencial do sol, perto da praça do sol, na rua … — Se cortou ao ver Ramiro completamente estático — Tá tudo bem?

— Sim, eu sei onde é — respondeu tentando dissimular com um sorriso amarelo

— Então, oito horas você me busca lá?

— Sim, é claro, vou fazer um café pra gente senão vamos nos atrasar — disse deixando um selinho nos lábios inchados do outro e levantando rapidamente da cama.

— — —

Fazia muito tempo que Kelvin não tinha tanto frio na barriga. Parecia absurdo, aquilo sequer era conhecer alguém novo, ele já conhecia Ramiro. Fazia pouco tempo? Sim, mas já o conhecia muito bem.
Aquela sensação era mais intensa que a de um simples date.
O preto não tinha dito onde iriam jantar, e insistiu em que ele não deveria se preocupar, apenas curtir a janta e o show. Show do qual Kelvin não sabia bem o que esperar.

Era a primeira vez que estaria na frente daquelas pessoas não como o rapaz tímido que tinha vindo como substituto de Ramiro e sim como … bom… alguma coisa de Ramiro.

É claro que Luana, e por consequência provavelmente Rodrigo, já sabiam que estava rolando alguma coisa, mas não eram eles a preocupação do loiro.

Kelvin tinha insistido em que não deviam ficar agarrados no show, não sabia se se sentiria confortável, tinha medo do que poderia acontecer se alguém contasse a Ademir, Ramiro podia confiar tudo o que quisesse, ele não gostava de todas as pessoas que estariam lá.

Queria fazer o mais sensato a ser feito, mesmo morrendo de vontade de viver a experiência de ficar em público abraçado ao preto, mostrando a todos que eram um do outro.
“Um do outro?” pensou rápidamente “que emocionada, pelo amor de deus” , pensou com um sorriso bobo e negando com a cabeça.

Duas vidas, dois mundosOnde histórias criam vida. Descubra agora