Hera XVII

202 21 227
                                    

Apesar de todos os indicativos contrários, Hera se considerava bastante sortuda. Não apenas escapou ilesa da fúria do marido, mas principalmente, conseguiu manter Jason em segurança. Embora Hera não pudesse estar mais satisfeita com esse fato, ela sabia que aquilo tudo não significava um final feliz.

Jason não havia voltado 100%. Assim como Hades a advertira, não era como se a morte dele não tivesse acontecido. A Rainha do Olimpo conseguia sentir que seu campeão não se sentia, e muito provavelmente não estava, completo. Mesmo seus poderes não foram capazes de restaurar o Jason de antes...

E pra piorar, Hera não poderia estar lá para ele. Não é como se ela estivesse presa, mas as advertências de Atena e os apelos de Héstia a convenceram a não fazer mais nada que pudesse causar o menor incômodo ao seu marido naquele momento... Sendo assim, Hera só pode se comunicar com Jason ou em seus sonhos, ou por meio do Diretor de Atividades do Acampamento Meio-Sangue, o centauro Quíron.

Voltando ao problema maior, o Monte Olimpo vivia um clima de extrema tensão por causa dos seus governantes. Como esperado, os deuses estavam posições bem divididas em relação aos últimos acontecimentos. Alguns estavam admirados com a ousadia de Hera em se impor contra o marido por causa de um filho bastardo dele; outros argumentaram que Zeus apenas não queriam intervenções na ordem natural das coisas; outros apenas declaravam: "Que seja como as Parcas decretarem".

A Deusa do Casamento, por sua vez, evitava ao máximo o contato com o marido. Iria demorar um século ou outro para que ela tentasse se sentir confortável perto dele novamente. E não era como se ele próprio quisesse olhar para cara dela de qualquer forma...

Apesar das... desavenças entre seus pais, a deusa Hebe havia organizado, ou melhor... tentou organizar, uma leve celebração com os sátiros, ninfas e as próprias Musas para amenizar os nervos de todos.

Não estava dando certo.

Geralmente, Hera se manteria ao lado esquerdo de seu marido enquanto assistia ao "espetáculo" que os sátiros e ninjas sentavam proporcionar. Dessa vez ela ficou  afastada, junto a sua filha Hebe e ao lado de Deméter, que tentava em vão apaziguar os nervos da irmã. Antes das duas, Hefesto e até Ares vieram conversar com a mãe.

Zeus, por outro lado, não estava tão disposto a conversas na festa. Ficava com os braços cruzados o tempo todo, o corpo todo rígido, e com o cenho franzido. Hera até poderia lidar com isso, se fosse o olhar penetrante do marido... o tempo todo focado nela. Exceto em um momento ou outro, quando alguém cometia a infelicidade de tentar interagir com ele. Realmente... Havia apenas um único indivíduo ali realmente conseguia se comunicar com ele:

– Ainda olhando-torto para Hera, irmão?

– Ela  levantou a mão para mim... interveio na decisão das Parcas... e me ridicularizou na frente de TODOS aqui no Olimpo! Ela devia era agradecer de joelhos por eu só estar "olhando-torto" – respondeu ele sem nem olhar para Poseidon.

Hera, Deméter e Hebe os encararam.

– ... Sabe que elas ouvem daqui, não sabe?

– Sabe que ESSA é a ideia não sabe? – retrucou Zeus.

Bah! Pra quê tudo isso, irmão? Não é como se tudo o que aconteceu de prejudicasse de qualquer maneira...

– E posso saber o porquê de você defender tanto a "honra" de minha esposa, Poseidon?

Hera não pode deixar de negar que também estranhava o posicionamento do irmão. Não que ela reclamasse.

– Não se trata da Hera, Zeus! Se trata do Olimpo como um todo! Primeiro Cronos, depois Gaia, e aí os Imperadores Romanos... Nós já nos desestabilizam demais...

O Epílogo OlimpianoOnde histórias criam vida. Descubra agora