O silêncio entre Rosé e Lalisa durou mais do que ambas esperavam. Durante semanas, nenhuma das duas teve coragem de dar o primeiro passo para uma reconciliação. Rosé se afundou em sua rotina, tentando ocupar a mente com qualquer coisa que não fosse a ausência de Lalisa. Os dias pareciam vazios, e as conversas com James não tinham o mesmo sabor. Era como se faltasse uma peça essencial em sua vida. Cada esquina, cada som de risada distante trazia uma lembrança dolorosa de sua amiga.
Rosé pensava em mandar uma mensagem todos os dias, mas nunca conseguia. O orgulho e o medo de não ser correspondida a seguravam. Até que um dia, em uma tarde nublada e melancólica, ela decidiu que não podia mais esperar. Pegou o celular com mãos trêmulas e digitou sem pensar muito: Podemos conversar? A mensagem foi simples, sem rodeios, mas carregava o peso de tudo que Rosé sentia.
Minutos depois, o celular vibrou com a resposta de Lalisa: Claro. Na praça hoje?
Rosé chegou à praça primeiro, sentou-se em um dos bancos e ficou observando o movimento das árvores balançando ao vento. O ar estava gelado, o tipo de frio que cortava a pele e lembrava de todos os invernos passados. Ela olhava ao redor, procurando pelo rosto familiar de Lalisa, até que a viu ao longe, caminhando com um ar tranquilo, como se nada tivesse mudado. Mas Rosé sabia que tudo havia mudado, e aquele reencontro carregava um peso enorme.
Lalisa se aproximou devagar e, quando chegou ao banco, as duas se encararam por um longo momento em silêncio, sem saber exatamente o que dizer. Rosé abriu um sorriso tímido, e Lalisa retribuiu, quebrando a tensão que pairava entre elas.
Oi — Lalisa quebrou o silêncio primeiro — Senti sua falta..
Rosé respirou fundo antes de responder, sentindo uma onda de emoções se misturar em seu peito. Não queria que a voz soasse trêmula, mas falhou em esconder o nervosismo. Também senti a sua — disse, olhando para o chão por um instante, tentando encontrar as palavras certas — Não achei que ia ser tão difícil..
Elas ficaram em silêncio por mais um tempo, como se estivessem ajustando as peças quebradas de algo que havia se despedaçado. Lalisa suspirou, mexendo nos anéis dos dedos como sempre fazia quando estava ansiosa. Era um gesto familiar que Rosé conhecia bem.
Sobre aquela noite... — Lalisa começou, hesitante — Eu sei que foi complicado. Não quero que aquilo apague tudo o que construímos
Eu sei — Rosé a interrompeu suavemente — Eu também não quero. Só... foi muita coisa. Senti que perdi o controle de tudo
Lalisa olhou para ela, com uma expressão de compreensão que Rosé não esperava. Não era comum ver Lalisa realmente vulnerável, mas naquele momento, ela parecia diferente, como se finalmente estivesse disposta a baixar as defesas.
A vida é complicada, né? — Lalisa riu sem graça — Sempre pensei que tudo era um jogo, que não importava o que acontecesse, a gente só seguia em frente. Mas percebi que você importa mais do que eu queria admitir
Rosé olhou para ela, sentindo o coração aquecer com aquelas palavras. Havia algo de sincero no jeito que Lalisa falou, como se ela finalmente tivesse compreendido a profundidade da amizade delas.
Eu só queria que você soubesse que... Eu estou aqui. E eu quero estar aqui — Rosé disse, com um nó na garganta — Não quero mais que a gente fique afastada
Lalisa assentiu, e as duas se abraçaram, um gesto simples, mas que carregava toda a dor, saudade e alívio que ambas sentiam. O abraço durou mais do que o necessário, como se cada uma estivesse absorvendo um pouco da força da outra, reconectando-se em silêncio.
Depois de algum tempo, elas se sentaram novamente no banco e começaram a conversar, aos poucos, como se estivessem retomando uma velha rotina. Lalisa contou sobre as últimas semanas, sobre o caos que havia sido sua vida sem Rosé por perto, mas também sobre as pequenas vitórias que tinha conseguido.
A relação com a Jennie tá melhor agora — Lalisa disse, e Rosé tentou esconder a surpresa — A gente tem se falado mais, resolvemos algumas coisas... Não sei, talvez a distância tenha feito bem. Mas não é a mesma coisa de antes, sabe?
Rosé assentiu, sentindo uma pontada de ciúme, mas também de alívio. Era bom ver Lalisa falando com sinceridade sobre Jennie, sem as máscaras de sempre.
E você, como tem passado? — Lalisa perguntou, acendendo um cigarro e oferecendo um para Rosé, que aceitou com um sorriso.
Tenho tentado manter a cabeça ocupada, escrevendo, lendo — Rosé respondeu — Mas nada se compara a passar tempo com você. Acho que não sei mais como ser só eu
Rosé deu uma tragada longa e soltou a fumaça lentamente, olhando para Lalisa com um olhar afetuoso.
Você sempre vai ser você, Rosé. Só que agora você me tem! — Lalisa riu, meio brincalhona, meio séria — Eu sei que não sou a melhor pessoa do mundo, mas quero que você saiba que eu tô aqui. A gente pode não saber o que vai acontecer, mas vamos juntas. Eu prometo
Rosé sorriu, sentindo um peso sair de suas costas. Era reconfortante saber que, apesar de todas as complicações, Lalisa estava disposta a tentar, a ser alguém melhor por ela, por elas. A amizade que construíram, marcada por altos e baixos, parecia agora mais forte do que nunca.
Elas ficaram ali por horas, conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo. O futuro era incerto, cheio de dúvidas e caminhos desconhecidos, mas pela primeira vez em muito tempo, Rosé não se sentiu sozinha. Tinha Lalisa, e isso era o suficiente para seguir em frente, mesmo que o amanhã continuasse nebuloso.
As duas se levantaram quando o céu começou a escurecer, e caminharam juntas pela praça, lado a lado, com a certeza de que, acontecesse o que acontecesse, elas sempre teriam uma à outra.
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ᘡ ۫ 𖨂 𓈒 Querido Texas ۟ ៹ 𓂂
FanfictionEm meio ao caos e aos traumas de uma adolescência marcada pela perda e pelo vício, Rosé e Lalisa se encontram e se tornam inseparáveis, duas almas perdidas buscando redenção uma na outra. Desde a adolescência conturbada no Texas até os dias frios em...