25. Helena

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O silêncio da casa era ensurdecedor. A única coisa que quebrava o vazio era o tic-tac do relógio na parede, como um metrônomo batendo o compasso da minha crescente angústia. Dylan não voltou. Havia horas que ele tinha sumido, e a cada minuto que passava, meu coração se enchia de um medo frio, como se uma mão gelada apertasse meu peito.

Estava sentada no quarto, as mãos tremendo, agarradas ao meu celular. Tentei ligar para ele inúmeras vezes — mesmo achando desnecessário , mas só ia na caixa postal. Onde ele estava? O que aconteceu? Meu corpo tremia, e a cada barulho que vinha da rua, eu me encolhia, esperando que fosse ele, que ele estivesse voltando para mim.

Mas não era ele.

Foi então que ouvi um barulho na porta da frente. Era como se um vento forte tivesse batido contra ela, e a madeira rangeu, como se estivesse sendo arrancada das dobradiças. Meu corpo congelou.

Um homem alto, com um olhar frio e ameaçador, invadiu a casa. Ele vestia roupas escuras, como um fantasma que se materializava na minha frente. Wilter.

— Helena. — ele disse, a voz rouca e ameaçadora. — Dylan está com a gente.

Meu corpo se encheu de um pavor que me congelou os ossos.

— O que você fez? — eu consegui balbuciar, a voz tremendo.

— Ele fez uma escolha, Helena.

Wilter agarrou meu braço com força, me puxando para fora da sala.

— Você vai aprender a lição, sua vadia. Como era ser fodida por ele, entregou o que era meu para um pecador, sua puta.

— Wilter, por favor, por favor...

— Você prometeu que ia cuidar da minha buceta, cuidaria da minha florzinha. Sua puta. Sua pecadora. Você vai ser castigada.

A mão dele, áspera e fria como pedra, me agarrou com força pelo braço.

— Me perdoa... eu pequei... me perdoa...

Eu tentei me soltar, mas ele me puxou com força, me arrastando pela casa, como se eu fosse um boneco de pano.

— Wilter, por favor, não faça isso. — eu implorei, as palavras saindo em um sussurro desesperado. — Vamos conversar. Eu estava me sentido sozinha...

— Eu não comia bem, certo?

Sua mão derramou toda sua fúria em minha bochecha. Aquela quentura novamente se mantinha em meu corpo. Arregalei meus olhos quando ele abriu a calça. Ele me jogou no sofá, me fazendo cair.

— Wilter... por favor, não faça isso...

— Vou te foder bem, veremos se você sai insatisfeita.

Eu olhei para ele, meus olhos cheios de lágrimas.

— Por favor, Wilter, não faça isso...

Ele estava possuído, um demônio encarnado. Já era tarde demais. Bati nele com todas as minhas forças, mas Wilter era uma muralha de pedra. Desisti. Desisti de lutar quando ele rasgou minhas roupas, cada pedaço como um grito mudo de dor. Sua língua era uma serpente faminta, deslizando por todo o meu corpo, me devorando por dentro. Anos de fome, de desejo insaciável.

— Lento ou rápido? Como ele te fodia?

A voz dele, um chicote cortando o ar. Gritei, um grito rasgado que ecoou naquela sala. Tão profundo que minha bexiga implorava por misericórdia. Agarrei as almofadas, me agarrando a elas como se fossem a única salvação. Esperei. Esperei que tudo acabasse. Que o pesadelo terminasse. Não valia a pena. Tudo estava acabado. Dylan preso. E eu, condenada a uma vida vazia. Meu coração, um buraco negro, sugando toda a esperança. Trair e ser traída, um ciclo de dor que me esmagava.

— Para de gemer, sua puta!

Deixei as almofadas caírem, um símbolo de minha derrota. Não as limpei. Dessa vez, eu o mostrei. Mostrei a ele a mulher quebrada que ele havia criado.

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